Divulgação/Paris Filmes
O filme nacional não consegue conectar o público com o protagonista; leia a crítica
Ainda Somos os Mesmos estreia nesta quinta-feira (26) nos cinemas. O novo filme nacional acompanha uma história verdadeira e emocionante, mas falha no engajamento do público. A trama toma escolhas precipitadamente, o que atrapalha a narrativa focada na ditadura militar chilena (1973-1990). A mensagem do longa-metragem tem extrema importância, especialmente com a ascensão da extrema direita na política.
Na trama, Gabriel (Lucas Zaffari) foge do Brasil e da ditadura civil-militar (1964-1985) para sobreviver. No entanto, ele também é surpreendido por um golpe no Chile e fica sem opções. Durante esse período, os únicos lugares seguros eram as embaixadas. O protagonista, então, parte para a Embaixada Argentina.
Lá, o estudante de medicina conhece centenas de brasileiros que também estão em busca da sobrevivência. Ao mesmo tempo, o pai de Gabriel –Fernando (Edson Celulari)– tenta negociar a volta de seu filho e dos outros refugiados. O personagem até consegue sair do Brasil para assegurar o retorno de seu primogênito.
No século 21, Ainda Somos os Mesmos é importante. O filme traça um paralelo com a tentativa de golpe de estado no Brasil em 2023. A ditadura mata e acaba com milhares de famílias; a trama retrata a dor, a falta de esperança e o caos promovido por governos autoritários.
No entanto, o filme também perde uma grande oportunidade com essa história. A trama é acelerada, os cortes não são dinâmicos e os personagens sofrem com a falta de desenvolvimento. Ainda Somos os Mesmos poderia ser um grande destaque do cinema brasileiro, mas as escolhas erradas atrapalharam a narrativa.
Os flashbacks também não ajudam a trama. As cenas do passado servem para aprofundar as questões de Gabriel. Porém elas tiram o ritmo da narrativa e não conseguem estabelecer um vínculo emocional entre o público e seu protagonista. Se o filme usasse os acontecimentos de forma cronológica, Ainda Somos os Mesmos teria mais impacto.
Premiado como melhor filme independente no Montreal Independent Film Festival 2023, Ainda Somos os Mesmos também conta com Nestor Guzzini, Nicola Siri, Carlos Falero, Rogério Beretta, Alvaro Rosacosta, Evandro Soldatelli e Pedro Garcia no elenco. Assista abaixo ao trailer na íntegra:
Trailer de Ainda Somos os Mesmos
Carol Castro no novo filme nacional
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É o foca da equipe e cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
Ver mais conteúdos de Victor CierroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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