Divulgação/AMC
A minissérie Anna, que estreia nesta segunda (13) no canal AMC, mostra uma Itália devastada por uma doença que mata todos os adultos
Primeiro epicentro europeu da Covid-19, a Itália perdeu mais de 167 mil pessoas para a doença. O mundo assistiu em choque a cenas de corpos lotando caminhões do Exército local, e do lockdown que transformou as ruas do país em um cenário digno da franquia The Walking Dead. Por isso, chama a atenção que venha justamente da Itália a minissérie Anna, sobre uma pandemia que mata milhões.
A produção, que estreia nesta segunda-feira (13) no canal AMC, mostra um mundo em que um vírus misterioso, chamado de “febre vermelha”, mata todos os adultos. As crianças não são afetadas, mas, conforme crescem, começam a desenvolver os sintomas mortais e precisam aceitar que sua vida está próxima do fim.
Em uma Sicília abandonada, tomada novamente pela natureza, os sobreviventes se dividem em bandos selvagens que brigam pelos restos deixados. E é neste cenário bizarro que a protagonista, Anna (Giulia Dragotto), precisa cuidar de seu irmão mais novo, Astor (Alessandro Pecorella), em um mundo sem adultos. Para ajudá-la, conta apenas com dicas da mãe, Maria Grazia (Elena Lietti), que deixou cartas sobre como os dois devem se portar.
A ideia de Anna, é claro, não surgiu depois de o novo coronavírus assolar o mundo. A minissérie é baseada no livro homônimo de Niccolò Ammaniti, lançado em 2015, e começou a ser gravada antes da pandemia. A crise de saúde, aliás, forçou a equipe a paralisar as gravações, como tantas outras produções pelo mundo.
Ainda assim, assistir aos episódios causa desconforto: as tosses, barbáries e crises de pânico soam como gatilhos para quem vivenciou isso tão intensamente nos últimos dois anos. O elenco tenta encarar essa questão de “a vida imita a arte” com um olhar mais positivo.
“O fato de estarmos trabalhando em uma produção que tratava de uma pandemia nos deixou muito vulneráveis, claro. Eu posso falar por mim, fui definitivamente afetada. O começo foi difícil. Mas logo percebemos que a situação real era bem diferente da mostrada na série”, resume Elena Lietti, durante entrevista exclusiva à Tangerina.
“Nós terminamos de gravar meses depois do lockdown, e entendemos que a pandemia era só um pretexto para o desenrolar da história. Poderia ser um meteoro, poderia ser um vulcão [entrando em erupção]. Poderia ser qualquer coisa, não é esse o ponto principal da série”, explica a atriz.
Elena Nietti vive Maria Grazia na série Anna
Divulgação/AMC
A atriz italiana conta ainda que se inspirou em sua personagem, Maria Grazia, como uma lição de vida. Afinal, a mãe de Anna e Ander precisa lidar com a pandemia de frente e sem medo, além de preparar os filhos para um futuro com um “testamento” sobre como agir em um mundo que ela mesma desconhece.
“Eu queria ter a coragem e a bravura dela. Se fosse comigo, eu morreria de medo (risos). Não seria capaz de fazer nada, de funcionar. Maria Grazia é forte, muito forte. Ela não fica se remoendo de medo, ela vê o que é importante e faz o que é necessário para buscá-lo”, admira Elena.
“Eu acho lindo o que ela diz no testamento. E, sob esse ponto de vista, eu e ela temos algo em comum. Maria Grazia acredita em algo que eu também acredito, além das dicas para sobreviver, ela tenta ensinar os filhos a usarem o poder da imaginação. É algo que eu faço bastante, por causa do meu trabalho (risos). Então, sim, eu estou ligada à crença dela. Mas não seria tão corajosa.”
Elena Lietti também se empolga ao ver Anna sendo exibida em diferentes países –algo raro para produções italianas. “É maravilhoso! Acho que o mundo deveria ser assim, sem fronteiras, sem nacionalismo. Parece que a arte está fazendo algo importante, unindo todo o mundo. E Anna é uma história verdadeiramente universal, o fato de chegar a tantos países é uma prova de que o nosso coração está no lugar certo”, valoriza.
Com seis episódios, Anna estreia nesta segunda-feira (13), às 22h, no AMC, com reprises às sextas-feiras, na faixa das 23h. A minissérie também estará disponível nos serviços de video on demand que oferecem o AMC em sua programação.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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