Divulgação/NBC
Em entrevista exclusiva à Tangerina, Jason Beghe explica como mortes de George Floyd e Breonna Taylor na vida real afetaram a série de ficção
Protagonista de Chicago P.D., o sargento Hank Voight (Jason Beghe) sempre foi uma figura controversa. Ele não tinha medo de burlar as regras para conseguir o que queria nem de partir para a violência quando necessário. Em 2020, tudo mudou: além de adaptar as gravações por causa da pandemia do coronavírus, a série precisou abordar de frente o movimento Black Lives Matter e a brutalidade policial. Neste novo panorama, o antigo Voight não tem mais lugar.
“Depois daqueles acontecimentos terríveis com George Floyd [1973-2020] e Breonna Taylor [1993-2020], acho que houve uma preocupação muito grande nos bastidores por causa da natureza da série. Que talvez aquilo poderia ter um efeito negativo em nós. Mas eu encarei como uma oportunidade de mudar”, conta Jason Beghe em entrevista exclusiva à Tangerina.
“Foi algo que, talvez por sorte, mas de maneira muito interessante, aconteceu no nosso hiato [entre temporadas]. E acho que o nosso último episódio antes disso, ou um dos últimos episódios, era sobre Kevin Atwater [LaRoyce Hawkins] e o racismo que ele vivia dentro do departamento de polícia. Sempre foi algo que nós discutimos, e já estava nos planos aprofundar mais aquele tema, então pudemos continuar nossa linha de abordagem.”
Mas, se o racismo foi um assunto que ganhou mais espaço em Chicago P.D., a violência policial teve de ser atenuada. E o ator de 62 anos encarou a mudança –especialmente em Voight– de maneira positiva. “Não é uma justificativa, mas o Voight nunca saiu batendo nas pessoas sem motivo. A única vez que ele se tornou violento foi porque era a melhor solução que ele encontrou para salvar a vida de alguém. Eu nunca imaginei que ele sentisse prazer com esse tipo de coisa”, começa Beghe.
“Dito tudo isso, você pode perceber que agora temos mais câmeras [de vigilância] no Distrito 21. E isso nunca foi abordado explicitamente em um episódio, mas na minha cabeça eu imaginei que Voight entendeu que as coisas precisavam mudar, que ele não poderia mais ser tão físico com os outros. Ele não encosta mais em ninguém há anos! O que não significa que ele não seja capaz disso”, aponta o intérprete.
Para o artista, evoluir e mudar é parte importante da vida das pessoas –e também dos personagens de ficção. “Ele precisa evoluir, como nós todos precisamos, senão nos tornamos chatos e morremos. Voight já perdeu a mulher e o filho, então seu propósito maior é o trabalho. É tudo o que lhe resta. E ele não é estúpido, sabe que se continuasse como era antes, as chances de perder o emprego e a liberdade [aumentariam]… E ele não pode ajudar ninguém se estiver dentro de uma cela na prisão. Ou sentado no balcão de um bar, aposentado. Voight não é um idiota, então ele está se adaptando.”
Novos episódios de Chicago P.D. são exibidos às segundas-feiras no canal Universal TV, em uma programação especial que contempla as três séries da franquia Chicago. Às 21h30, a maratona começa com a oitava temporada de Chicago Med; na sequência, entram em ação os bombeiros de Chicago Fire, que está em sua 11ª temporada. Por fim, os policiais de P.D. fecham a noite com seu décimo ano –que marcará a despedida de Jesse Lee Soffer.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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