Em Nome do Céu: Série do Star+ explora mistério e fanatismo religioso

Nova minissérie do Star+ que estreia nesta quarta-feira (10) no Brasil, Em Nome do Céu (2022) pode dar o primeiro Emmy da carreira de Andrew Garfield (A Rede Social). Inspirada em eventos reais, a produção adapta o livro homônimo de Jon Krakauer sobre um crime macabro que assombrou uma comunidade mórmon dos Estados Unidos durante os anos 1980.

A trama explora o mistério envolvendo os assassinatos de Brenda Wright Lafferty, mulher fiel à religião mórmon, e de Erica, sua filha de apenas 15 meses. A tragédia não apenas abalou a família da vítima como revelou uma célula de mórmons cujo fanatismo os levou a cometer tal crime.

Para explicar a história completa da tragédia de Brenda, livro e minissérie viajam pelo tempo para explicar a origem da religião. Popularizada nos anos 1800, a crença mórmon tem como líder o profeta Joseph Smith (1805-1844), fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ao lado de companheiros.

Na liderança da investigação está Jeb Pyre (Garfield), detetive da polícia e também adepto da crença mórmon. Assim como a maioria dos moradores de sua comunidade, ele leva uma vida devota aos ensinamentos de Deus –ou Pai Celestial– e preza pela família e salvação eterna. Ao seu lado está Bill Taba (Gil Birmingham), oficial descendente de indígenas e com pouco apreço por religião.

Bill (Gil Birmingham) e Jeb (Andrew Garfield)

Divulgação/Star+

Enquanto investigam o assassinato, os dois policiais (personagens criados para a série) revelam as origens e nuances dos mórmons, cuja religião acabou dividindo seguidores com o passar dos anos. De um lado ficaram os fiéis intitulados tradicionais; do outro, fundamentalistas que abusavam do fanatismo para atingir os próprios interesses e buscavam na religião meios para tal.

Se Jeb nunca para de se sentir totalmente como o religioso exemplar que ele é, apesar das tentativas do roteiro de aprofundar sua vida pessoal com problemas familiares e uma crise de fé, o desempenho espetacular de Garfield ainda o torna um personagem fácil de simpatizar. É quase palpável a angústia do protagonista, intensificada pela performance que lhe rendeu uma indicação ao Emmy 2022.

No centro da investigação, Em Nome do Céu apresenta a família Lafferty. Religiosos fervorosos e líderes da comunidade mórmon, eles são liderados pelo patriarca Ammon (Christopher Heyerdahl), cujo objetivo é assegurar a prosperidade de seus filhos e levar a palavra do Pai Celestial a outras pessoas.

Filho caçula de Ammon, Allen Lafferty (Billy Howle) é marido de Brenda e o principal suspeito da investigação de Jeb e Bill. Conforme os detetives se aproximam cada vez mais da verdade, seus irmãos acabam envolvidos no mistério e tornam-se pilares de uma tragédia capaz de destruir a fé de milhares de adeptos mórmons.

Daisy Edgar-Jones vive Brenda Lafferty

Divulgação/Star+

Se o texto capitaneado pelo showrunner Dustin Lance Black prova-se uma das melhores qualidades de Em Nome do Céu, também é nele que a minissérie encontra seus tropeços. Durante os sete episódios da atração, alguns diálogos são explicativos demais e tornam a experiência deveras cansativa.

Resolver o caso da morte de Brenda não é a missão principal de Em Nome do Céu. Tal como o livro que a inspirou, a minissérie discute os extremos do fanatismo religioso e como tal extremismo colocou em xeque uma família tradicional que, por causa de ideias deturpadas (e criminosas), sucumbiram perante à lei dos homens e à de Deus.

No final, chega a ser surpreendente que a atração não tenha recebido mais indicações ao Oscar da TV –especialmente as atuações de Wyatt Russell e Billy Howle, que facilmente poderiam buscar um lugar na categoria de melhor ator coadjuvante. Em Nome do Céu pode ser difícil de se digerir, mas facilmente se destaca como uma das melhores produções deste ano.

Confira abaixo o trailer oficial: