FILMES E SÉRIES

Jessica Chastain em George & Tammy

Brownie Harris/Showtime

GEORGE & TAMMY

Vencedora do Oscar, Jessica Chastain evita ser clone de ícone country

Atriz contracena com Michael Shannon em minissérie sobre George Jones e Tammy Wynette, grandes nomes da música norte-americana

Luciano Guaraldo

Vencedora mais recente do Oscar por seu trabalho em Os Olhos de Tammy Faye (2021), Jessica Chastain encarna agora outra famosa de mesmo nome, a cantora Tammy Wynette (1942-1998). Mas a atriz não tentou fazer na minissérie George & Tammy uma mera cópia da rainha do country, ciente de que seria impossível reproduzir sua voz icônica em hits como Stand By Your Man e I Don’t Wanna Play House.

“T-Bone Burnett produziu toda a música [da minissérie] e, bem no início, ele percebeu que eu ficava estudando até onde ela respirava em cada canção, para tentar imitar o som e a qualidade vocal dela. E ele me mandou parar na mesma hora (risos). Ele deixou muito claro que não queria isso. Porque se ele quisesse que nós soássemos como George Jones [1931-2013] e Tammy Wynette, nós só faríamos playback com a música original, certo?”, apontou Jessica Chastain em conversa com a imprensa da qual a Tangerina participou.

Assim, em vez de “clonar” Tammy diante das câmeras, Jessica foi incentivada a encontrar sua própria versão da cantora. “T-Bone e Abe [Sylvia, criador da minissérie] estavam mais interessados em usar os atores como uma interpretação dessas pessoas incríveis e tentar descobrir como cada canção soaria dentro de um determinado contexto. Isso tudo me libertou da pressão esmagadora de tentar soar exatamente como Tammy Wynette. Porque isso jamais aconteceria. E sequer deveria acontecer”, minimizou a atriz.

O papel de George Jones, parceiro de Tammy nos palcos e, durante seis anos, também na vida, coube a Michael Shannon. O ator de 48 anos já tinha encarado a pressão de viver outro ícone da música em Elvis & Nixon (2016), no qual interpretou Elvis Presley (1935-1977) –muito antes de Austin Butler arrancar elogios e uma indicação ao Oscar pelo personagem. Mas sua experiência como o rei do rock não tornou mais fácil a tarefa de interpretar o músico country.

“George é considerado até hoje um dos melhores cantores norte-americanos, de qualquer gênero. Até Frank Sinatra [1915-1998] dizia que George Jones era o segundo melhor cantor da história (risos). Então, não teria como… O controle que ele tinha da voz era similar ao de qualquer cantor de ópera. Vivê-lo era algo muito assustador para mim”, desabafou Shannon.

Michael Shannon em cena da minissérie George & Tammy

Michael Shannon em cena da minissérie George & Tammy

Dana Hawley/Showtime

O medo só diminuiu quando o ator mudou sua estratégia. “Em um certo momento você para de pensar que precisa soar como ele e começa a refletir sobre como as canções ajudam a contar a história. Porque, para mim, a trama é montada em cima dessas músicas, e é tão poderoso poder cantá-las. Elas despertam algo dentro desses personagens e faz com que eles sintam certas coisas. Então, era necessário que nós cantássemos de verdade no lugar de apenas fazer playback”, justificou ele.

Ainda assim, Jessica tentou pelo menos reproduzir a voz de Tammy Wynette quando falava. “Sempre que vou viver uma pessoa que existiu de verdade, eu começo pela voz. Quer dizer, eu começo com os livros que já escreveram sobre essa pessoa, e depois eu busco a voz. Como ela falava, como ela soava, onde a voz habita em seu corpo? São coisas que me ajudam a construir a personagem”, explicou a atriz, que venceu o SAG Awards e foi indicada ao Globo de Ouro por seu trabalho em George & Tammy.

Já Michael Shannon optou por “encontrar” George Jones com uma visita ao Hall da Fama da Música Country, museu que fica na cidade de Nashville –considerada a “meca” do gênero musical. “Eu queria ver o acervo de George lá. E é muito interessante, porque eles reúnem todas essas lendas em um mesmo espaço, mas cada um só pode ter um pertence seu. Eu achei que teria toda uma seção sobre George Jones, mas só tinha um terno preto. E eu olhei aquilo e pensei: ‘Esse terno jamais me serviria. É um terno muito pequeno’ (risos). E a ideia de me transformar nele voou pela janela na mesma hora”, lembrou.

Em vez de se frustrar por seu tipo físico ser bem diferente do de seu personagem, o ator decidiu usar aquilo como motivação. “Tentar ficar igual a ele não daria certo, ninguém ia me ver na rua e me confundir com George Jones, sabe? Tinha que ser algo muito mais psicológico. Mas eu o estudei bastante, vi muitas entrevistas dele. Eu tentei reproduzir como ele falava o máximo possível, porque jamais conseguiria cantar como ele. Só que não vou considerar que o projeto fracassou se eu não convencer ninguém de que sou o verdadeiro George Jones, porque obviamente não sou.”

Os seis episódios de George & Tammy estão disponíveis no Brasil pelo Paramount+. O elenco também conta com Steve Zahn, Tim Blake Nelson, Kelly McCormack, Katy Mixon e Walton Goggins, entre outros. Confira o trailer da minissérie:

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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