Eternos faz 4 anos: como o filme virou símbolo da crise da Marvel

Eternos completa 4 anos nesta quarta-feira (5) como um marco simbólico da virada da Marvel, após o auge de Vingadores: Ultimato (2019). Lançado após o início da pandemia e no momento em que o estúdio passava a investir pesadamente em séries para o Disney+, o longa dirigido por Chloé Zhao chegou às telas com a missão de apresentar dez novos heróis de uma só vez e expandir o universo para uma escala ainda mais cósmica. No entanto, o resultado foi recebido de forma fria por grande parte da crítica e do público, tornando-se um ponto de inflexão na trajetória da empresa.

A principal crítica envolvendo Eternos foi o ritmo lento e a dificuldade em desenvolver tantos personagens de maneira equilibrada. A narrativa fragmentada entre presente e flashbacks acabou tornando o filme mais denso, mas também menos envolvente. Muitos espectadores sentiram falta de uma conexão emocional real com figuras como Sersi, Ikaris, Thena e Gilgamesh, já que suas motivações nem sempre recebiam o tempo necessário para ressoar.

O legado de Eternos no MCU

Com um elenco numeroso e uma mitologia completamente nova, Eternos também foi acusado de ter um enredo excessivamente convoluto. A história sobre seres criados pelos Celestiais para proteger a humanidade dos Deviantes trazia conceitos grandiosos. Porém, para parte do público, a execução não conseguiu transformar essa ideia em algo claro e impactante. O antagonista Kro foi especialmente criticado, sendo visto como pouco desenvolvido e sem presença dramática.

Outro fator levantado foi a falta de impacto do filme dentro do próprio MCU (Universo Cinematográfico da Marvel). Mesmo trazendo consequências enormes no lore do universo, como a revelação do surgimento de novos Celestiais e a discussão sobre o papel dos heróis ao longo da história humana, quase nenhum desses pontos foi retomado em outras produções. Para muitos fãs, Eternos soou desconectado do restante da franquia, o que contribuiu para a percepção de que o estúdio estava perdendo consistência.

Visualmente, o longa também dividiu opiniões. Embora Chloé Zhao tenha buscado uma estética mais naturalista, com locações reais e fotografia menos saturada, parte da audiência encarou o visual como apagado e sem o impacto esperado de um épico cósmico. As cenas de ação foram consideradas pouco inspiradas, deixando o filme distante da energia que marcou os grandes momentos do estúdio.

Recepção da audiência

No Rotten Tomatoes, o filme registra 47% entre críticos e 77% entre o público, simbolizando a divisão acentuada sobre sua recepção. Nas bilheterias, Eternos arrecadou cerca de US$ 402 milhões (R$ 2,1 bilhões) no mundo, número considerado modesto quando comparado ao histórico recente da Marvel. O contraste com o sucesso colossal de Ultimato apenas dois anos antes se tornou ainda mais evidente, reforçando a ideia de que o estúdio havia entrado em uma fase menos estável.

Quatro anos depois, Eternos é visto como um retrato fiel do momento em que a Marvel deixou de ser sinônimo automático de coesão, impacto e euforia para o público geral. A combinação de saturação do mercado, mudança de prioridades do estúdio e expectativas altas demais transformou o longa em símbolo da crise criativa que o MCU ainda tenta superar. Hoje, revisitar o filme é revisitar o instante em que o universo mais influente do cinema contemporâneo começou a perder seu próprio ritmo.

Eternos está disponível no Disney+. Assista abaixo ao trailer do filme: