Gato de Botas segue Top Gun e Avatar em sequências tardias e certeiras

Top Gun: Maverick (2022) estreou mais de três décadas depois de Ases Indomáveis (1986). Avatar: O Caminho da Água (2022) demorou 13 anos para chegar aos cinemas. A trinca de sequências tardias se completa agora, com a estreia de Gato de Botas 2: O Último Pedido no Brasil. A nova animação retoma a história contada em 2011 –com o felino que havia feito sua estreia ainda antes, em Shrek 2 (2004). E, assim como Tom Cruise e os Na’vi, o personagem volta ainda melhor!

O longa dirigido por Joel Crawford mostra o que acontece quando o Gato de Botas (voz de Antonio Banderas), em uma de suas infindáveis (e perigosas) aventuras, acaba sofrendo um acidente e perdendo sua oitava (e penúltima) vida –sim, a superstição estrangeira beneficia os felinos com duas vidas extras, em vez das sete que contemplam os brasileiros. Pela primeira vez em sua existência, o protagonista passa a ter medo de morrer. Afinal, seria um adeus definitivo.

Perseguido pelo Lobo Mau (o brasileiro Wagner Moura na versão original), que aqui age como uma representação da Morte, o Gato de Botas decide se esconder na casa de uma senhora que adota felinos às pencas. São tantos, por todas as partes, que até um cãozinho abandonado (Harvey Guillén, de What We Do in the Shadows) consegue se infiltrar e passar incólume em meio à multidão.

Mas não demora para o protagonista perceber que o lendário Gato de Botas não nasceu para a vida doméstica. Quando ele descobre a existência de uma Estrela dos Desejos, escondida no coração da Floresta Negra, percebe que o artefato mágico é a chave para poder viver novas aventuras; basta encontrá-la e pedir por um novo conjunto de nove vidas. Assim, o destemido parte rumo ao seu destino –acompanhado (a contragosto) do cão Perrito.

No caminho, a dupla se depara com Kitty Pata-Mansa (Salma Hayek Pinault), ex-namorada do Gato de Botas que tem muitas questões não resolvidas com ele, e com vilões que também desejam encontrar a Estrela dos Desejos: a golpista Cachinhos Dourados (Florence Pugh), seus três ursos e o confeiteiro Jack Horner (John Mulaney), que abusa de sua fortuna para ter vantagens sobre os rivais –sem nenhuma consideração por seus comparsas.

Os confrontos com os vilões rendem boas sequências de ação e perseguição a O Último Pedido, mas são nas cenas de “calmaria” que a animação mostra sua força. Os diálogos do Gato de Botas com Kitty e as intromissões de Perrito não apenas provocam risos, mas emocionam. A indicação ao Globo de Ouro 2023 se mostra mais do que merecida.

Outro ponto positivo é o próprio estilo de animação. Em vez de recorrer ao hiper-realismo de Avatar, os responsáveis por Gato de Botas optaram por um visual que parece desenhado a mão (embora obviamente tenha sido feito no computador). Inicialmente, a escolha causa uma pequena estranheza –porque o personagem principal mantém o look de 2011 e se sobressai em meio aos cenários estilizados. Mas isso é rapidamente superado, e o público pode mergulhar naquele universo digno de uma aquarela.

Caso você não tenha visto o primeiro Gato de Botas ou não se lembre da história, não se preocupe. A continuação se sustenta nas próprias pernas, desamarrando-se até mesmo do que aconteceu nos longas de Shrek –exceto por rápidas aparições de Pinóquio e do Boneco de Gengibre que vão causar risos extras em quem acompanhou a saga do ogro verde, mas não prejudicarão em nada a experiência de quem entra nesse universo pela primeira vez.

Na versão dublada em português –estamos em período de férias escolares e levar as crianças ao cinema é um bom passatempo, afinal–, o elenco de vozes conta com Alexandre Moreno (Gato de Botas), Miriam Ficher (Kitty), Marcos Veras (Perrito), Guilherme Briggs (Jack Horner), Giovanna Ewbank (Cachinhos Dourados), Sergio Malheiros (Bebê Urso) e Sérgio Moreno (Lobo Mau). Confira o trailer de Gato de Botas 2: O Último Pedido:

Gato de Botas 2: O Último Pedido

Veja o trailer dublado da animação