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Jon Bernthal

Divulgação/Paramount+

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Gigolô Americano: Carisma de Jon Bernthal não salva série do marasmo

Remake de filme estrelado por Richard Gere estreia no Paramount+ neste sábado (10) com potencial, mas se perde em investigação sobre crime

André Zuliani

Um dos clássicos dos anos 1980, Gigolô Americano (1980) foi responsável por transformar Richard Gere (Uma Linda Mulher) em astro de Hollywood e sex symbol dos Estados Unidos. Sensual e atraente, o longa sobre um garoto de programa de luxo que realiza sonho de mulheres ricas foi recebido com críticas mistas, mas deixou sua marca na história do cinema.

Mais de 40 anos depois, a história idealizada por Paul Schrader (Fé Corrompida) ganha uma nova roupagem no Paramount+. Desta vez, Jon Bernthal (O Justiceiro) assume o papel de Julian Kane, homem sedutor acusado injustamente de um assassinato.

Criada por David Hollander (Ray Donovan) e comandada por Nikki Toscano (The Offer), a nova Gigolô Americano pouco faz para se distanciar da obra original. Por mais que Bernthal pareça ter nascido para o papel de Julian, com seu carisma ímpar e talento já reconhecido, a série cai nas próprias armadilhas para desenvolver o mistério envolvendo o protagonista e não consegue se salvar do marasmo.

Na trama, Julian Kane (Bernthal) deixa a prisão após cumprir 15 anos por um assassinato que não cometeu. Após a verdade vir à tona, ele aproveita sua liberdade para tentar reconstruir a vida que lhe tinha sido tirada com uma armação para incriminá-lo pela tragédia.

Jon Bernthal

Jon Bernthal em Gigolô Americano

Divulgação/Paramount+

Enquanto gigolô, Julian era um dos rapazes mais requisitados e sedutores do mercado. Iniciado no ramo desde a pré-adolescência, o protagonista usa sua realidade para ganhar dinheiro e sair da vida difícil pela qual passou com a mãe durante a infância. A sua derrocada, no entanto, começa após ele se envolver com Michelle (Gretchen Mol), a mulher do milionário empresário Richard Stratton (Leland Orser).

Preso injustamente, Julian sai da cadeia e se reaproxima daqueles que ficaram no passado. De Michelle ao melhor amigo Lorenzo (Wayne Brady), ele percebe que a antiga vida como gigolô não apenas teve mudanças no comando, como também esconde segredos que podem explicar o motivo de o protagonista ter sido incriminado.

Como desgraça pouca é bobagem, o ex-gigolô se vê envolvido em uma nova investigação mesmo em liberdade. No centro do caso está a detetive Sunday (Rosie O’Donnell), responsável por prender Julian 15 anos atrás e que também busca a verdade por trás do esquema que o enviou para a prisão. Implacável, ela ignora a recusa do personagem de Bernthal por ajuda e segue a própria investigação.

Felizmente, quando a nova Gigolô Americano sabe como explorar os talentos de Bernthal, ela aproveita ao máximo seu charme e sex appeal. Infelizmente, esses momentos são poucos e distantes entre si, já que a série sucumbe com mais frequência a elementos proeminentes (e repetitivos) de mistério e segredos ainda a serem descobertos.

Rosie O'Donnell

Rosie O'Donnell como a detetive Sunday

Divulgação/Paramount+

A decisão de explorar a juventude de Julian Kane é interessante, já que o longa de Schrader se limita a desenvolver o mistério sobre o crime e os relacionamentos do personagem vivido por Richard Gere. A versão com Bernthal, no entanto, apresenta outras camadas do protagonista e revela os motivos que o fizeram seguir tal jornada. O problema é que as constantes visitas ao passado deixam a narrativa monótona até demais.

O grande acerto de Gigolô Americano é o seu elenco. Bernthal convence com duas versões diferentes de Julian: o sedutor e amistoso jovem do passado, e o homem traumatizado e de poucas palavras que passou 15 anos na prisão questionando a sua sanidade. Embora sempre resgate a imagem do protagonista em seus tempos áureos –mesmo que para aproximar a trama do longa com Gere–, a verdadeira face de Kane é a do personagem que carrega a vida inteira em suas costas.

O remake poderia ser mais atraente caso explorasse um estudo de personagem sobre um gigolô masculino e como ele navega em um cenário em constante mudança de trabalho sexual ao retornar à sua vocação. Em vez disso, a série quer mergulhar não apenas no mistério pouco convincente de quem poderia ter incriminado Julian pelo assassinato anos atrás e na trama desinteressante envolvendo o filho adolescente de Michelle e seu marido.

Gigolô Americano até promete, mas acaba não cumprindo com as expectativas criadas em seu primeiro episódio. Seja no cinema ou na TV, um ótimo protagonista nem sempre é capaz de salvar uma trama cheia de tropeços.

A série estreia exclusivamente neste sábado (10) no Paramount+.

Jon Bernthal

Gigolô Americano

Trailer oficial

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QUEM FEZ

André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

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