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Não Foi Minha Culpa

Divulgação/Star+

NÃO FOI MINHA CULPA

Roteirista de série sobre feminicídio teve até pesadelo com drama real

Juliana Rosenthal conta à Tangerina o quanto Não Foi Minha Culpa a afetou e ressalta a importância da produção para romper ciclo de violência

Luciano Guaraldo

Produção nacional do Star+, Não Foi Minha Culpa foi inspirada em casos reais de violência contra a mulher e feminicídio ao longo de dez episódios bastante intensos. Nos bastidores, a roteirista Juliana Rosenthal sofreu para encarar histórias tão pesadas e colocá-las no papel. “Tive muitos pesadelos”, admite.

“Foi um processo muito difícil, dolorido. Eu tive muitos pesadelos, acordava com tudo aquilo na cabeça. É uma coisa que te faz mudar, um amadurecimento forçado. É muito triste ter que lidar com essas histórias reais, mas ao mesmo tempo fiquei muito feliz de ter essa oportunidade”, valoriza ela em entrevista à Tangerina.

Para a roteirista, que divide os textos com Michelle Ferreira, seria impossível passar por uma experiência como Não Foi Minha Culpa sem ser afetada internamente. “Entramos em contato com um lado que desconhecíamos. É um nível de maldade, de crueldade, ninguém espera que o ser humano seja capaz de coisas tão assustadoras. Mergulhamos a fundo, aquilo nos tomou por completo.”

Juliana Rosenthal ressalta que a produção nacional vai além do entretenimento. “É mais do que uma série. É um protesto, uma denúncia”, diz ela, que contou com a ajuda de psiquiatras para traçar os perfis dos personagens –tanto os agressores quanto as vítimas. “Era um risco muito grande cair na caricatura ou fazer uma exposição muito explícita da agressão.”

Não Foi Minha Culpa

Lorena Comparato e Armando Babaioff em Não Foi Minha Culpa

Divulgação/Star+

Carnaval é cenário de Não Foi Minha Culpa

Além da produção brasileira, Não Foi Minha Culpa já ganhou versões no México e na Colômbia. Juliana Rosenthal explica que não teve nenhum contato com os roteiristas das outras adaptações. “A única coisa que eu sabia é que teria o mesmo nome e a mesma música de abertura, com adaptações para cada país”, explica. No Brasil, Canção Sem Medo coube a Alcione e Duda Beat.

A roteirista, inclusive, foi a responsável por sugerir que os episódios nacionais acontecessem durante o Carnaval. “Foi uma ideia minha. Eles estavam buscando algo que ligasse toda a antologia. Mas algo original, que não caísse no clichê da advogada ou da investigadora que toca todos os casos. Queriam algo que fosse muito brasileiro”, lembra.

“Estávamos falando de músicas machistas, erradas, e me veio a ideia de fazer durante o Carnaval, em um bloco de rua. É um momento de muita euforia, de suposta liberdade, mas também é muito violento, as pessoas estão alteradas. Ninguém está imune”, aponta.

A roteirista quer que Não Foi Minha Culpa funcione como uma espécie de “violenciômetro”, um medidor de violência, para que as mulheres possam identificar indícios de alerta e escapar daquela situação antes de o feminicídio acontecer. “Os sinais são muito comuns, várias relações abusivas têm um padrão. Tem uma escalada da violência, o homem começa diminuindo a mulher, afastando-a dos amigos, isolando-a”, lista.

“O feminicídio é o último grau da loucura, por isso é tão importante identificar o comportamento e sair antes. Quando chega na morte não tem mais o que fazer, mas o que podemos fazer para não chegar lá?”, provoca.

Os dez episódios de Não Foi Minha Culpa estão disponíveis no Star+. A série é estrelada por Bianca Comparato, Lorena Comparato, Aline Dias, Fernanda Nobre, Karol Lannes, Ana Paula Secco, Gabrielle Joie, Sandra Corveloni, Virginia Rosa, Luana Xavier, Suzy Lopes, Simone Iliescu e Dandara Mariana.

Completam o elenco Armando Babaioff, Malu Mader, Vinicius de Oliveira, Daniel Blanco, Elisa Lucinda, Cyria Coentro, Dalton Vigh, César Melo, Enrico Cardoso, João Baldasserini, Felipe Kannenberg, Jennifer Nascimento, Marat Descartes, Marcelo Airoldi, Robson Nunes e Rômulo Braga.

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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