Reprodução/TV Globo
Juliette sofreu para ganhar o BBB 21, mas tem uma rival de peso com a xará na série Primeira Morte, da Netflix
A expressão “tadinha da Ju” não é mais uma exclusividade de Juliette Freire por ter comido o pão que Karol Conká amassou antes de ganhar o BBB 21. A xará dela em Primeira Morte, interpretada por Sarah Catherine Hook, também passa por um calvário digno de se tornar favorita em qualquer reality show –num sofrimento maior do que assistir por si só à série adolescente da Netflix.
O serviço de streaming, aliás, foi bastante perspicaz ao optar por não traduzir o nome de uma das suas protagonistas para simplesmente Julieta. A menção a uma das tragédias mais conhecidas do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) fica em segundo plano diante de uma referência questionavelmente mais próxima ao público-alvo.
O amor proibido pela rivalidade entre duas famílias está em Primeira Morte assim como no clássico shakespeariano, mas com adaptações para torná-lo mais atrativo aos olhos da Geração Z. Juliette e Calíope (Imani Lewis) não só são um casal LGBTQIA+; elas também não são exatamente pessoas comuns –uma vampira e uma caçadora de monstros, respectivamente.
As duas estão prestes a passar por um rito de iniciação para dar continuidade às tradições familiares em que precisam matar pela primeira vez. Uma, curiosamente, escolhe a outra mesmo se apaixonando depois. E com direito ao beijo que Karol até propôs de brincadeira, mas Juliette fugiu na atração da Globo.
A pressão sobre a personagem de Sarah Catherine Hook é ligeiramente maior do que em cima de Calíope. Ela faz o tipo clássico nas histórias de high school, como a menina popular que se vê em apuros ao perceber que é LGBTQIA+. Além da própria reputação, ela também está com a vida em jogo com terrores noturnos e enxaquecas por se recusar a tomar sangue de verdade.
Juliette é avisada pela mãe, Margot (Elizabeth Mitchell), que, ao se recusar a se transformar em uma vampira, ainda corre o risco de ter rompantes de fúria e violência. Mais ou menos como os fãs da série nas redes sociais ao descobrir que a primeira temporada não resolvia todos os mistérios, cobrando uma renovação imediata por parte da Netflix.
Primeira Morte, como praticamente qualquer série adolescente, obviamente é um sofrimento para qualquer pessoa que já passou dessa fase. Apesar dos pesares, a produção ainda tem alguns chistes que ultrapassam referências mais pop, como no próprio nome de Calíope.
Ele faz referência à mãe de Orfeu, um dos heróis da mitologia grega, que desce até as profundezas do submundo para resgatar a sua amada Eurídice. Ele, no entanto, não deve olhar para trás. Se o fizer, a pobre coitada estará condenada a permanecer com Hades para sempre. Qualquer semelhança –sem spoilers– com Primeira Morte não parece mera coincidência.
Daniel Farad
Repórter. Além do Notícias da TV, também se juntou ao Tangerina para combater a mesmice e o escorbuto. Escreve do Rio de Janeiro, onde se sente eternamente em uma novela do Manoel Carlos. Aqui, porém, a gente fala mexerica. Fale com o Daniel: vilela@tangerina.news
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