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Letitia Wright em cena de Pantera Negra: Wakanda para Sempre, da Marvel

(Foto: Divulgação/Marvel Studios)

Pantera Negra 2

Marvel desperdiçou seu filme mais poderoso dos últimos anos

Revisitar Wakanda para Sempre três anos depois é perceber que o longa estava à frente do momento em que nasceu

Victor Cierro
Victor Cierro

Pantera Negra: Wakanda para Sempre completa 3 anos nesta terça-feira (11). O longa chegou aos cinemas em novembro de 2022, em um dos momentos mais delicados da história do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel). Além do luto pela morte de Chadwick Boseman (1976-2020), que abalou profundamente o elenco e o público, o filme estreou em meio à fase mais desorganizada do estúdio, quando o estúdio ainda tentava se encontrar após Vingadores: Ultimato. O resultado foi uma obra forte, emocionante e madura que acabou engolida pela crise ao redor.

Wakanda para Sempre é um dos raros títulos do MCU que se compromete a discutir dor, legado e responsabilidade com profundidade. O longa acompanha Shuri (Letitia Wright) e a Rainha Ramonda (Angela Bassett) enquanto tentam manter a nação de Wakanda unida após a morte de T’Challa. A narrativa é pessoal, contida e construída sobre silêncio e cicatrizes, algo que destoava do excesso de conteúdo e efeitos que dominava o estúdio naquele período.

A recepção crítica refletiu essa força. O filme tem 84% de aprovação no Rotten Tomatoes entre os críticos e 93% do público. Angela Bassett foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante e sua performance é lembrada como uma das mais intensas do MCU. Ainda assim, a conversa sobre Wakanda para Sempre se apagou rápido, sem ocupar o espaço cultural que um filme dessa escala facilmente poderia ter conquistado.

Um dos fatores que pesou foi o momento de lançamento. A Marvel já enfrentava desgaste com séries que dividiam opinião e uma fase sem direção clara. A morte do protagonista exigiu uma reconstrução cuidadosa da narrativa e da identidade do filme, mas o universo ao redor seguia acelerado, lançando personagens novos e projetos paralelos sem respiro. Wakanda para Sempre precisava de silêncio, e o estúdio não soube oferecer.

Marvel não soube capitalizar

Outro ponto é que o longa não foi tratado como evento, mas como mais um capítulo de uma engrenagem. A Marvel não promoveu discussões mais profundas sobre luto e memória, temas centrais da obra. Em pouco tempo, foi como se o filme tivesse passado sem deixar marcas, apesar da força que carrega.

Hoje, com o MCU buscando recuperar relevância, Wakanda para Sempre parece ainda mais especial. O longa mostra que a Marvel pode entregar histórias que equilibram emoção, espetáculo e impacto cultural. Ele prova que o estúdio não precisa se sustentar apenas em multiversos e reviravoltas, mas pode se apoiar em personagens, vivências e sentimentos.

Revisitar Wakanda para Sempre três anos depois é perceber que o filme estava à frente do momento em que nasceu. Ele merecia um MCU mais organizado ao redor e um contexto que lhe permitisse respirar. Talvez agora, com distância e olhar menos barulhento, seja possível enxergar o que ele realmente é: uma das obras mais íntimas, dolorosas e grandiosas que a Marvel já fez.

Pantera Negra 2 está disponível no Disney+. Assista abaixo ao trailer do filme:

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Victor Cierro

Victor Cierro

Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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