(Foto: Divulgação/Marvel Studios)
Capitão América 4, Thunderbolts* e Quarteto Fantástico não chegaram ao desempenho que se esperava de uma marca tão estabelecida
Depois de mais de uma década liderando o mercado cinematográfico mundial, a Marvel vive um dos seus anos mais difíceis. Desde 2012, sempre houve pelo menos um filme do estúdio entre as 10 maiores bilheterias do ano. Em 2025, essa sequência chega ao fim. O estúdio que já ocupou o topo absoluto com Vingadores e Homem-Aranha agora convive com resultados abaixo do esperado e uma recepção menos entusiasmada do público.
Ao longo de 13 anos, o MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) transformou cada lançamento em evento global. Os encontros de heróis, a continuidade entre os filmes e o fator novidade impulsionaram bilheterias bilionárias. O ponto alto desse ciclo veio com Guerra Infinita e Ultimato, que não só dominaram 2018 e 2019, como definiram a cultura pop de uma geração. Porém, o encerramento da Saga do Infinito também abriu espaço para uma fase de transição mais complicada.
Mesmo com bons números isolados, como o sucesso de Deadpool e Wolverine em 2024, o ritmo não se manteve. Em 2025, títulos como Capitão América: Admirável Mundo Novo, Thunderbolts* e Quarteto Fantástico não chegaram ao desempenho que se esperava de uma marca tão estabelecida. Primeiros Passos até liderou entre os lançamentos da Marvel no ano, mas deve deixar o Top 10 global com a chegada de novos filmes de grandes franquias concorrentes. Wicked: Parte 2 e Avatar: Fogo e Cinzas vão jogar a produção dos super-heróis para baixo no ranking.
O desgaste do público com super-heróis é um fator importante. Depois de anos de lançamentos constantes, a sensação de saturação cresceu. Além disso, o modelo de estreia rápida no streaming fez parte da audiência adiar a ida ao cinema, esperando pela disponibilidade no catálogo. Personagens centrais da fase mais popular, como Tony Stark, Steve Rogers e Natasha Romanoff, também já não fazem parte da narrativa ativa, o que diminuiu o apelo emocional para muita gente.
Outro ponto é a dificuldade do estúdio em estabelecer um novo grande eixo narrativo. A construção em direção a Vingadores: Doomsday e Guerras Secretas ainda não convenceu o público de que cada filme atual é indispensável. Parte da base acompanha apenas personagens específicos, enquanto outra parte se afastou completamente do universo após o encerramento da saga anterior.
Apesar do cenário mais crítico, o futuro imediato não é visto de forma pessimista. Em 2026, o MCU retorna aos cinemas com Homem-Aranha: Um Novo Dia, uma aposta considerada segura pelo apelo enorme de Tom Holland. No fim daquele ano e em 2027, os novos Vingadores devem fazer o estúdio voltar a ocupar as primeiras posições do ranking global. Resta saber se esse retorno será suficiente para reacender o interesse de maneira consistente.
Se 2025 marca o fim de um ciclo histórico, os próximos anos serão decisivos. A Marvel já provou que consegue transformar o cinema em grande evento cultural. Agora, a questão é se ainda existe espaço para reinventar esse modelo em um momento no qual o público se mostra mais seletivo e menos disposto a acompanhar tudo que o universo propõe. O reinado pode ter sido interrompido, mas a disputa está longe de terminar.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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