FILMES E SÉRIES

Heather Locklear, Grant Show e Daphne Zuniga em Melrose Place

Divulgação/Fox

30 ANOS DEPOIS

Novelão, Melrose tinha reviravoltas de fazer inveja a Walcyr Carrasco

Há exatos 30 anos, estreava Melrose Place, série derivada de Barrados no Baile que entrou para a história com seus dramas exagerados

Luciano Guaraldo

Um condomínio residencial em Los Angeles foi palco para sete temporadas de muitas traições, explosões e mortes. Melrose Place (1992-1999) tinha tantas reviravoltas sem o menor sentido, apenas para chocar o público, que nem Walcyr Carrasco conseguiria fazer igual em suas histórias rocambolescas. A série norte-americana com pegada de novela mexicana de luxo completa 30 anos de sua estreia nesta sexta-feira (8).

Criada por Darren Star, que depois faria Sex and The City (1998-2004) e Emily em Paris, Melrose Place (ou apenas Melrose, como ficou conhecida no Brasil) era um spin-off de Barrados no Baile (1990-2000). Mas, enquanto a atração de Brandon (Jason Priestley) e Brenda (Shannen Doherty) mostrava os dilemas do colégio, sua derivada focava em um grupo de jovens adultos que dividiam um condomínio.

Inicialmente, a proposta era explorar os dramas e os sonhos de cada um desses moradores, com histórias que começavam e acabavam no mesmo episódio. De desemprego a abuso sexual, os roteiristas tinham cerca de 43 minutos (mais os intervalos) para resolver o conflito do dia. Não deu certo.

Apesar de exibida na sequência de Barrados no Baile, Melrose não decolou no primeiro ano e foi apenas a 94ª série mais vista da TV norte-americana na temporada 1992-1993. Darren Star e sua equipe, então, decidiram inovar. Eliminaram o drama da semana e transformaram a série em um novelão, com tramas que se arrastavam durante vários episódios –e até temporadas inteiras.

Eles também convocaram a atriz Heather Locklear, que já tinha experiência com dramalhões exagerados por causa de seu papel em Dinastia (1981-1989). Na pele da inigualável Amanda Woodward, Heather transformou a atração por completo. O público amava odiar a personagem, que fez a audiência disparar –na segunda temporada, Melrose já era a 50ª série mais assistida da TV.

Nos anos 1990, nenhuma atração se permitia tantas loucuras quanto Melrose Place. Todas as reviravoltas absurdas que o público norte-americano estava acostumado a ver nas soap operas vespertinas ganharam o horário nobre. Jane (Josie Bissett) enterrou seu ex vivo, e o prédio chegou a ser explodido por uma das moradoras –que alegou estar possuída por um “mendigo demônio”. Ela também roubou o bebê de uma amiga e tentou amamentá-lo.

A personagem explosiva/Nazaré Tedesco gringa, aliás, entrou para a história da TV por uma cena que já estreou clássica: Kimberly (Marcia Cross), aparentando estar com dor de cabeça, massageou sua testa até revelar que seu cabelo era uma peruca que escondia uma cicatriz. Confira:

Laura Leighton em Melrose Place

Confira cena clássica de Melrose Place

Kimberly (Marcia Cross) tira peruca para revelar cicatriz na cabeça

Curiosamente, a Fox nunca teve problemas com as tramas exageradas de Melrose. A rede que exibia a série nos EUA, aliás, pedia que os roteiros ficassem cada vez mais pirados. Mas um personagem virou o alvo dos executivos da TV: Matt (Doug Savant), que era homossexual assumido.

Qualquer tentativa de colocar o personagem em um contexto romântico era prontamente censurada. Enquanto os héteros transavam o tempo todo, Matt não podia sequer beijar o namorado. “Os roteiros voltavam com mudanças. Uma cena de beijo virava: ‘O amante de Matt faz carinho em sua orelha’. Felizmente, evoluímos muito de lá para cá”, desabafou Carol Mendelsohn, que foi roteirista da série, ao site Vulture.

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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