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Comédia com Noah Urrea, do Now United, mostra que dá pra rir sem ofender ninguém, e ainda questiona clichês da masculinidade tóxica
Calma. A pergunta do título é só uma brincadeira. Mas se você ficou ofendido com essa questão que atormenta a cabeça de roqueiros há décadas, muito provavelmente nem sabe que raios é Now United. Você não está sozinho, eu mesmo, do alto dos meus 40 e poucos anos, não sabia até a semana passada.
Por isso mesmo, a primeira impressão que tive ao ouvir que um dos integrantes do grupo pop multinacional era um dos protagonistas da comédia Metal Lords –que estreou na Netflix nesta sexta-feira (8)– foi de repulsa.
“Lá vem bomba”, pensei, ao saber que teria de assistir ao filme. Mas Noah Urrea –o tal cara do Now United– provou que eu estava errado. Bom, não só ele, e é aí que está a questão central proposta por Metal Lords.
Escrito por D.B. Weiss, um dos criadores da série Game of Thrones, e dirigido por Peter Sollett, Metal Lords é aquele típico filme que será um sucesso da Sessão da Tarde para pessoas que cresceram ouvindo Now United. E isso é ótimo.
Na trama, Kevin (Jaeden Martell) e Hunter (Adrian Greensmith) são dois adolescentes fãs de heavy metal. Se bem que, na verdade, apenas Hunter é um verdadeiro devoto do metal. Kevin apenas segue o melhor amigo e, para impressioná-lo, se dedica a aprender bateria. Eles são tidos como os “esquisitões” da escola.
Em uma festa na casa de um outro colega, Clay (Noah Urrea), Hunter descobre que o colégio promoverá uma Batalha de Bandas e, junto com Kevin, passa a buscar um baixista para seu grupo (que, na verdade é um duo, como o White Stripes, você vai entender a piada depois).
A sugestão de Kevin é uma garota nova na escola, a escocesa Emily (Isis Hainsworth), uma violoncelista que, de vez em quando (ou quando não toma sua medicação como deve), tem ataques de fúria.
Trailer de Metal Lords
Os amigos Kevin e Hunter precisam da ajuda dos Deuses do Metal para achar um baixista
É claro que Hunter não gosta nada da ideia e é aí que chegamos naquela questão sobre o futuro do rock e o questionamento dos clichês sobre masculinidade tóxica que este assunto traz.
Metal Lords mostra que dá sim para ser engraçado sem ofender ninguém. Sem tirar sarro de características físicas, gênero, orientação sexual, deficiências ou mesmo gosto musical. É uma comédia bem divertida e consciente de seu papel no século 21. E até tira sarro disso! Só que numa boa.
A prova é o papo super fofinho sobre amor entre Kirk Hammett (do Metallica), Rob Halford (vocal do Judas Priest), Scott Ian (do Anthrax) e Tom Morello, guitarrista do Rage Against the Machine (e produtor do filme) em uma das cenas mais emblemáticas do filme.
O longa reforça tanto o ponto do respeito às diferenças que nem tem um vilão marcante. Só um mané que nem aparece direito na história.
Já Noah Urrea, por exemplo, é o líder de uma banda rival do Skull Fucker (grupo dos amigos Kevin e Hunter), com estilo completamente diferente, mas nem por isso eles se odeiam ou se provocam. Sabe por quê? Porque estamos todos no mesmo barco. Maquiados e vestidos de preto e cheios de acessórios com tachinhas, ou não.
Metal Lords ensina uma lição valiosa: o rock não precisa ser salvo. O que precisa mudar é o preconceito das pessoas. Portanto, pegue um balde bem grande de pipoca, um refresco pra acompanhar e curta um filminho leve e gostoso ao som de War Pigs, do Black Sabbath.
Dois pelo Preço de Um – A Escolha Perfeita (2012) é outra comédia juvenil musical bem legal.
Presta atenção, freguesia – No quanto o filme consegue nos fazer dar muitas risadas sem humilhar ninguém.
Rafael Argemon
Rafael Argemon é criador do perfil O Cara da Locadora no Instagram e também assina uma coluna com o mesmo nome na Tangerina, onde indica as pérolas escondidas nas plataformas de streaming. Cinéfilo e maratonador de séries profissional, passou por Estadão, R7, UOL, Time Out e Huffpost. Apaixonado por pugs, sagu e jogos do Mario.
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