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Fenômeno entre pré-adolescentes, o supergrupo global tem arrastado um público diferente em sua turnê pelo Brasil: mães que fazem de tudo para os filhos conseguirem assistir ao show dos ídolos
Faixas na cabeça, blusas coloridas, olhares inquietos e muita ansiedade. É um bom resumo do público que ocupou as arquibancadas do Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, nos dias 18, 19 e 20 de março, para ver os integrantes do supergrupo global Now United. Mas o supergrupo multinacional que é fenômeno entre as crianças e adolescentes tem atraído um público diferente na turnê Wave Your Flag World Tour 2022: as mães desses meninos e meninas, que organizam mutirões familiares para comprar ingresso, fazem rifas e enfrentam excursões, tudo para realizar o sonho dos filhos.
E um sonho nada barato, diga-se. Os ingressos para as apresentações em São Paulo, que esgotaram em menos de duas horas, custavam R$ 600. Mas, acabavam dobrando para incluir a entrada dos acompanhantes, já que a maioria dos fãs tem entre 10 a 17 anos e precisava ser acompanhada de um responsável legal. Essa obrigatoriedade faz com que os parentes, especialmente as mães, experimentem um pouco da ansiedade os filhos —uma ansiedade que começa bem antes do show.
Jovens posam na frente da decoração do Ginásio do Ibirapuera
Tangerina/Nicolle Cabral
Lá em 2021, na fila online para a compra de ingressos, um movimento foi comum entre os familiares: cada integrante tinha uma função. Enquanto as mães e filhas acessavam o site de vendas pelo celular, o pai abria uma aba no computador. Tudo para estar entre as 10 mil pessoas que esperavam ver de perto cada um dos integrantes do Now United. Conforme os assentos iam se esgotando, a escolha do dia perfeito ficava ainda mais difícil.
Marcia Carvalho Loureiro, de 49 anos, saiu de Campinas com a filha para o show. Ela relembra o perrengue: “Foi um desespero. Quando entramos no site, os lugares bons já estavam esgotados. Só conseguimos ingressos para vir no domingo”.
Se, para alguns, o problema era conseguir os lugares, para outros, antes mesmo da abertura da venda de ingressos, a questão era juntar dinheiro para comprá-los.
Patrícia Gonçalves de Pontes, de 35 anos, conta sobre como conseguiu lugares para assistir ao Now United. “Para ser possível irmos, fizemos duas rifas de cesta de Natal para arrecadarmos dinheiro. As pessoas foram tão participativas que conseguimos o valor em três dias. Vendemos 200 nomes na rifa”, relembra. Tudo isso para realizar o sonho de Lorenna Manuela Pontes Abad, de apenas 12 anos. O show do supergrupo criado pelo britânico Simon Fuller (empresário das Spice Girls e responsável por descobrir Amy Winehouse) é o maior vício da pré-adolescente.
Além de ter conseguido, enfim, ver os ídolos, Lorenna ainda ganhou uma lembrança inesquecível. “Ela pintou um quadro à mão, do Noah [Urrea], e fez com que ele pegasse no quadro durante o show”, relembra a mãe. “Incentivei para que ela jogasse no palco, e ele pegou com muito carinho e levou para os bastidores. Acredito que isso será algo inesquecível para mim e para ela”, conta Patrícia, com emoção.
Depois dos ingressos comprados, o novo desafio do público era se deslocar no horário certo para não perder o show. Daiane Landgraf, de 40 anos, saiu de Limeira, interior de São Paulo, com a filha, Maria Eduarda, de 17 anos, em uma excursão que passava por Araras, Sumaré, Campinas, Americana e Limeira. Todos os passageiros iam para um mesmo destino: o show do Now United.
“É uma experiência única e a felicidade dela é a minha”, pontua Patricia Silva, de 36 anos, que levou a filha Julia, de 15 anos, e a sobrinha Maria Helena, de 10 anos. Elas saíram de Cotia, em São Paulo, direto para ver o espetáculo pop teen.
"Elas quase não dormiram de ansiedade", conta Patrícia Silva
Tangerina/Nicolle Cabral
Para Patrícia de Pontes, que já havia levado a filha ao show no dia 18, o Now United vai além das canções contagiantes e danças performáticas. “Penso que o Now United salvou muitas crianças e adolescentes da depressão durante a pandemia [da Covid-19]. Sou extremamente grata, mesmo sem conhecê-los a fundo, por todas as mensagens de carinho e entusiasmo que eles compartilham com essa nova geração, em um momento mundial tão desafiador”. Com confiança e gratidão, a mãe garante: “por tudo que passamos durante este tempo de pandemia, ter ido a esse show foi como se tivéssemos nossas vidas novamente”.
Enquanto para Marcia Carvalho, “eles são um grupo super legal, bem comportado [em meio à música atual]. Cantam bem e dançam bem!”. Além do talento, outro ponto corrente entre as mães foi a diversidade do grupo. O Now United, atualmente, conta com 18 integrantes, cada um de um país diferente, do Brasil ao Senegal.
Marcia Carvalho elogiou o comportamento e o talento do grupo
Tangerina/Nicolle Cabral
“Quando ela me mostrou, eu amei. Gostei muito quando soube que tinha uma integrante brasileira e ver que ela [Any Gabrielly] é uma das líderes do grupo. Ver uma brasileira dentro de uma formação global é muito legal. Também gosto muito pela representatividade e diversidade”, conta Anne Christina Silva Almeida, de 37 anos, mãe de Marina Fernanda, de 14 anos. A filha introduziu a mãe ao universo do Now United através do comercial de All Day, parceria do grupo com a Rexonna.
"Eu assisto tudo com ela! Fiquei fã de tabela", conta Anne Christina
Tangerina/Nicolle Cabral
Christina ainda aponta outro lado positivo da influência do grupo na geração: “Incentiva os jovens a procurarem estudo. Ela [Maria Fernanda, filha] aprendeu muita coisa traduzindo as músicas, eu acho que vale a pena por causa disso”.
Now United estreou em 2017 com Summer in the City, e coleciona sucessos como NA NA NA, All Day, Crazy Stupid Silly Love e Legends, cantados a plenos pulmões. Desde que ganharam notoriedade, não chegaram ao topo das paradas norte-americanas, mas aparecem como fenômenos do YouTube, além de colecionarem números grandiosos nas redes sociais.
O fã clube do supergrupo também é extremamente fiel e antenado. A cada cidade e show que realizam, os saguões de aeroportos e hotéis lotam com crianças e adolescentes febris para ver os integrantes do Now United. No Ginásio do Ibirapuera, não foi diferente.
Nicolle Cabral
Antes de ser repórter da Tangerina, Nicolle Cabral passou por Rolling Stone, Revista Noize e Monkeybuzz. Nas horas vagas, banca a masterchef para os amigos, testa maquiagens e cantarola hits do TikTok.
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