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Giovanna Lancellotti e Mika Guluzian em cena de Nada É Por Acaso

Divulgação

CRÍTICA

Nada É Por Acaso: Filme preserva obra de Zíbia, mas peca no moralismo

Filme protagonizado por Giovanna Lancellotti e Mika Guluzian estreia nesta quinta-feira (17) nos cinemas; leia a crítica

Giulianna Muneratto

Nesta quinta-feira (17), estreia nos cinemas brasileiros o filme Nada É Por Acaso. O drama espírita baseado na obra homônima de Zíbia Gasparetto (1926-2018) é protagonizado por Giovanna Lancellotti, Rafael Cardoso, Mika Guluzian e Tiago Luz.

A trama segue a história de duas mulheres: Marina (Giovanna Lancellotti), uma advogada que passou uma temporada em Londres e volta para casa esbanjando dinheiro, e Maria Eugênia (Mika Guluzian), herdeira de família rica, casada, com um filho bebê. Aparentemente, elas não se conhecem e têm tramas completamente distintas, mas eventualmente se percebe que ambas carregam segredos com potencial de mudar suas vidas.

O que aconteceu em Londres é um mistério que Marina prefere enterrar e, quando questionada por seu interesse amoroso Rafael (Rafael Cardoso), ela foge do assunto como o “diabo foge da cruz”. Já Maria Eugênia tem um reencontro com Pierre (Fernando Alves Pinto), um homem que ameaça destruir seu casamento com Henrique (Tiago Luz) caso não dê dinheiro a ele. 

Enquanto o suspense paira no ar, ambas começam a se interessar cada vez mais pelo espiritismo. O irmão de Marina, Cícero (Guilherme Garcia), tem o dom da psicografia, enquanto Rafael estimula a advogada a buscar cada vez mais seu lado espiritual. 

O filho de Maria Eugênia entra em transe em alguns momentos, uma paralisação que só têm explicação no centro espírita –o mesmo que Marina passa a frequentar. Por mais que pareça que elas não têm nada a ver uma com a outra, o encontro das duas é inevitável. 

A adaptação dirigida por Márcio Trigo faz jus à obra de Zíbia Gasparetto, apesar das diferenças entre livro e filme. O diretor e o roteirista Audemir Leuzinger acertaram ao focar no fato de que se trata de uma obra de entretenimento. Por isso, nas telas, o livro tornou-se um suspense, que prende o espectador e faz com que ele busque mais pistas para descobrir o segredo de Marina. Diferentemente do livro, que entrega o segredo da advogada logo no começo.

O suspense até que carrega bem o filme, e a adaptação misteriosa funciona para o cinema, mas nada disso o torna memorável. Criar suposições ao longo do filme é fácil, mas ainda assim o segredo de Marina pode surpreender e, por isso, prender bastante a atenção do espectador. 

Ainda que isso faça com que Nada É Por Acaso se destaque no gênero e se diferencie de outros filmes espíritas, o longa cai na mesmice ao apostar na panfletagem da religião e peca quando foca em algumas questões que beiram o moralismo.

É fácil entender o público para o qual o filme é destinado e, certamente, ele deve agradar a quem tanto almeja. Porém, ao focar em questões polêmicas que envolvem as personagens femininas (que não serão citadas por aqui por causa dos spoilers), a adaptação cai um pouco no lugar do julgamento.

Cenas explicativas demais, com o objetivo de educar o espectador, também tiram da trama o aspecto do entretenimento e fazem com que o roteiro tropece no “religiosismo”. Outra parte nada convincente é a atuação robótica de alguns dos atores. Porém, mesmo assim, o filme se segura na mensagem de que há um propósito para tudo e pode conquistar o coração daqueles que buscam um pouco de esperança em dias caóticos.

O visual e a fotografia, assim como os cenários e figurinos, dão o ar espiritualista de que a obra de Zíbia Gasparetto precisa. Mesmo se sobressaindo e transgredindo o espiritismo de certa forma, oferecendo uma trama que entretém até quem não busca a religião, o filme poderia ter sido aperfeiçoado, principalmente em aspectos técnicos.

Nada É Por Acaso

Nada É Por Acaso

Drama
14

Direção

Márcio Trigo

Produção

Imagem Filmes

Onde assistir

Cinemas

Elenco

Giovanna Lancellotti
Guilherme Garcia
Mika Guluzian
Rafael Cardoso
Tiago Luz
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QUEM FEZ

Giulianna Muneratto

Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.

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