FILMES E SÉRIES

Jake Gyllenhaal no filme O Abutre

(Foto: Divulgação/Open Road Films)

O Abutre

O filme com 95% que te faz repensar cada telejornal que você assiste

O Abutre não acusa apenas os jornalistas ou os produtores, ele também aponta o dedo também para o público

Victor Cierro
Victor Cierro

Há filmes que envelhecem, e há filmes que apenas ficam mais incômodos com o tempo. O Abutre completa 11 anos nesta sexta-feira (31), bem no clima de Halloween, e segue sendo uma experiência perturbadora sobre a relação entre notícia, violência e audiência. Com 95% de aprovação no Rotten Tomatoes, o suspense estrelado por Jake Gyllenhaal continua extremamente atual, talvez até mais hoje do que quando estreou.

No longa, Gyllenhaal interpreta Lou Bloom, um homem desesperado por oportunidades que descobre um nicho sombrio: registrar cenas de crimes, acidentes e tragédias para vender a telejornais locais. A partir daí, o filme mergulha em uma espiral onde a busca pela “melhor imagem” se torna mais importante do que qualquer noção de ética, empatia ou responsabilidade.

A atuação de Gyllenhaal é um dos grandes motivos para o filme ter virado cult. O ator entrega um personagem que não levanta a voz, não perde o controle e, talvez por isso, assusta mais do que muitos vilões declarados. Lou é meticuloso, estudioso e entende algo que coloca tudo de cabeça para baixo: televisão sensacionalista quer impacto, não necessariamente verdade.

Filme é mais relevante em 2025

A relação dele com Nina (Rene Russo), a diretora de um telejornal em queda de audiência, é o centro moral da história. Os dois formam uma parceria onde todos sabem que há algo profundamente errado, mas ninguém recua, porque a lógica da audiência é sempre “precisamos ir mais longe”. É aqui que o filme deixa de ser apenas um retrato e passa a ser uma crítica direta ao ciclo de consumo de violência na mídia.

O Abutre não acusa apenas os jornalistas ou os produtores. Ele aponta o dedo também para o público. O filme sugere que parte do problema está do outro lado da tela, em quem assiste, se choca, comenta e volta no dia seguinte para ver de novo. A violência, nesse modelo, vira produto. E Lou Bloom é apenas o fornecedor ideal.

Onze anos depois, o longa segue como um dos retratos mais precisos de como tragédias podem ser exploradas como espetáculo. E em uma era de transmissões ao vivo, vídeos de celular e cobertura ininterrupta, sua crítica parece ainda mais clara: se existe demanda, alguém vai fornecer e vai descobrir como ir além.

Por isso, mesmo após mais de uma década, O Abutre permanece desconfortável. O filme incomoda, provoca e, acima de tudo, faz repensar o que chamamos de “informação” quando ligamos a televisão. Porque às vezes, assistir também é participar. A produção está disponível no Prime Video. Assista abaixo ao trailer:

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Victor Cierro

Victor Cierro

Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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