FILMES E SÉRIES

Ethan Hawke

Divulgação/Universal Pictures

CRÍTICA

O Telefone Preto: Ethan Hawke é bicho-papão da geração Stranger Things

Terror psicológico com ator de Cavaleiro da Lua e diretor de Doutor Estranho estreia nos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira (21)

André Zuliani

Se há uma obra recente que sabe misturar bem a onda de nostalgia que cobre Hollywood nos últimos anos, ela é Stranger Things. Da ambientação dos anos 1980 à referência a filmes de terror, o fenômeno da Netflix impactou jovens de todo mundo e introduziu monstros capazes de marcar uma geração. O Telefone Preto, longa que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (21), se utiliza do mesmo artifício.

Diferentemente da série do streaming, no entanto, o novo filme dirigido por Scott Derrickson (Doutor Estranho) não apresenta monstros de outra dimensão ou jovens superpoderosos que se transformaram em criaturas demoníacas. Aqui, Ethan Hawke (Cavaleiro da Lua) é o bicho-papão da vez, mas sua monstruosidade usa outro elemento capaz de ajudá-lo a traumatizar uma nova geração de jovens: humanidade.

Inspirada num conto homônimo escrito por Joe Hill –filho do mestre do terror Stephen King–, a trama de O Telefone Preto se passa em 1978, apenas alguns anos antes dos eventos retratados na primeira temporada de Stranger Things. Assim como na série, o núcleo principal envolve pré-adolescentes do ensino fundamental passeando com suas bicicletas pelas ruas lotadas de casas do padrão estadunidense em uma pequena cidade. Coincidências? Calma, elas só aumentam.

Se na série da Netflix o pesadelo de Eleven (Millie Bobby Brown) e seus amigos começou com o desaparecimento de Will Byers (Noah Schnapp), O Telefone Preto tem como pontapé um terror parecido. Crianças da mesma faixa etária começam a desaparecer misteriosamente em pontos distintos, e a única pista que liga estas tragédias são pequenos balões pretos encontrados nos locais.

Mason Thames

Mason Thames em cena de O Telefone Preto

Divulgação/Universal

No centro da trama estão os irmãos Finney (Mason Thames) e sua irmã Gwen (Madeleine McGraw), que apesar de serem muito unidos, vivem com medo de duas coisas: o alcoolismo e a raiva enlatada de seu pai, Terrence (Jeremy Davies), e o perigo de serem as próximas vítimas do culpado apelidado pelas crianças de Sequestrador (Ethan Hawke).

Se o primeiro medo dos irmãos se realiza quase que semanalmente, o segundo se torna uma macabra realidade para um deles. Após ver os amigos desaparecendo um por um, Finney é capturado pelo Sequestrador em plena luz do dia, nas mesmas ruas pelas quais pedala todos os dias.

Ao mergulhar de cabeça no terror psicológico, O Telefone Preto é capaz de ser brutal. A versão do bicho-papão idealizada por Derrickson, que retoma a parceria com Hawke iniciada no ótimo A Entidade (2012), é mais do que macabra. Escondido atrás de máscaras demoníacas, o ator exalta perversidade em cada diálogo doentio que mantém com sua vítima.

Sem sequer mostrar seu rosto, Hawke faz do Sequestrador um bicho-papão à altura de outros grandes vilões de histórias de terror. O personagem é quieto e de trejeitos sensíveis, e usa um tom de voz que, apesar de suave, é capaz de causar arrepios em qualquer criança. Sua tortura é sempre psicológica, convencendo sua vítima a ultrapassar limites que aí, sim, o levam a apelar para a física.

Mason Thames e Madeleine McGraw

Mason Thames (Finney) e Madeleine McGraw (Gwen)

Divulgação/Universal Pictures

Preso dentro deste pesadelo, Finney vê uma luz de esperança em um misterioso telefone preto antigo que fica na parede de seu cativeiro. Mesmo com os fios cortados, o aparelho funciona, mas quem está do outro lado da linha pode causar calafrios tanto quanto o próprio vilão: são suas vítimas anteriores, as mesmas crianças que passavam pelo garoto nas ruas e que interagiam com ele no colégio.

Ao abraçar o sobrenatural, O Telefone Preto nem sempre atinge as expectativas que ele mesmo cria. Mesmo que seja interessante observar a dinâmica entre Finney e seus aliados inesperados, o roteiro coescrito por Derrickson e C. Robert Cargill sugere que algo grandioso está para acontecer, mas nem sempre o faz.

Por se passar quase que inteiramente dentro do cativeiro de Finney, o longa muitas vezes se apoia no talento de seu elenco teen. Assim como Hawke, Thames e Madeleine entregam um trabalho brilhante –em especial a jovem, cuja importância para a trama também absorve um pouco do trabalho de Millie Bobby Brown em Stranger Things.

O Telefone Preto pode não se equiparar a outros clássicos dos gêneros, mas entrega o suficiente para ser mais uma boa adição à prateleira de bons filmes de terror psicológico. Individualmente, Ethan Hawke pode se orgulhar: seu Sequestrador deve ser, para muitos, a representação do bicho-papão de toda uma geração.

Ethan Hawke

O Telefone Preto

Trailer legendado

Cartaz de O Telefone Preto

O Telefone Preto

Terror/Suspense
16

Direção

Scott Derrickson

Produção

Universal Pictures e Blumhouse

Onde assistir

Cinemas

Elenco

Ethan Hawke
Mason Thames
Madeleine McGraw
Jeremy Davies
E. Roger Mitchell
Troy Rudeseal
James Ransone
Miguel Cazares Mora
Rebecca Clarke
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André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

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