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Pantera Negra

Divulgação/Marvel Studios

CRÍTICA

Pantera Negra 2: Filme tropeça ao tentar emocionar e expandir o MCU

Primeiro filme da franquia sem Chadwick Boseman estreia nos cinemas nesta quinta-feira (10); confira a crítica da Tangerina

André Zuliani

Não é segredo para ninguém que Pantera Negra 2: Wakanda Para Sempre é um dos filmes mais aguardados do ano. Após a morte trágica de Chadwick Boseman (1976-2020), astro da franquia e um dos pilares do Universo Cinematográfico da Marvel, os milhões de fãs que ficaram órfãos do herói aguardavam ansiosamente para saber como o chefão Kevin Feige e o diretor Ryan Coogler iriam lidar com essa perda tão importante e inesperada.

Sem Boseman, Coogler precisou reescrever o roteiro e pensar em como daria sequência à história do reino de Wakanda sem o seu principal astro. Mesmo que o elenco de Pantera Negra (2018) tivesse grandes nomes e seja até hoje o único título da Marvel indicado ao Oscar de melhor filme, essa missão seria para lá de ingrata.

A revelação das primeiras imagens oficiais e do trailer de Wakanda Para Sempre deram início a um furacão de teorias e rumores nas redes sociais que indicavam quem assumiria o manto do herói depois de T’Challa. Nomes como Shuri (Letitia Wright), M’Baku (Winstone Duke), Nakia (Lupita Nyong’o) e até o vilão Erik Killmonger (Michael B. Jordan) foram cotados, mas a confirmação só veio realmente com a estreia do filme.

O momento de descobrir o futuro de Pantera Negra no Universo Marvel finalmente chegou, mas é agridoce. A responsabilidade de superar o elogiado primeiro filme, somada à necessidade de honrar e homenagear o legado de Chadwick Boseman, parece ter sido grande demais para Coogler e o roteirista Joe Robert Cole. Ao tentar emocionar e expandir o MCU ao mesmo tempo, a dupla não consegue fugir de tropeços.

Tenoch Huerta

Tenoch Huerta como Namor

Reprodução/Marvel Studios

Por mais que não seja mais um personagem da franquia, a sombra de T’Challa é sentida em todos os momentos de Pantera Negra 2. Desde o minuto inicial, a perda do guardião de Wakanda e as consequências de sua ausência são explicadas e intensificadas, fazendo com que o luto seja o principal motor dos personagens na sequência.

A morte do herói não apenas afeta psicologicamente sua família e aliados, como também deixa o reino de Wakanda mais vulnerável do que nunca. Com a decisão de T’Challa de abrir as fronteiras e compartilhar o conhecimento sobre vibranium no primeiro longa, a rainha Ramonda (Angela Bassett) se vê obrigada a encarar as ambições das grandes potências mundiais que veem o país africano como uma ameaça bélica sem precedentes.

Com a recusa de Wakanda em ajudar, países como os Estados Unidos e a França iniciam uma caçada pelo planeta em busca de vibranium –que, no Universo Marvel, é o metal mais poderoso do mundo. Com ferramentas altamente tecnológicas, as autoridades começam a encontrar indícios de vibranium no fundo do mar, e é aí que o longa prepara o terreno para a chegada de um dos melhores vilões já apresentados no MCU.

Assim como em Wakanda, país cujo avanço tecnológico só foi possível por causa do metal, o fundo do mar –que também é rico em vibranium– abriga a cidade perdida de Talocan, reino subaquático comandado por Namor (Tenoch Huerta). Irritado com a insistência do povo “da superfície” em perfurar o solo das profundezas e decidido a não deixar que descubram seus segredos, o “imperador” do oceano ataca os humanos e vai ao encontro de Ramona em busca de auxílio: caso os ajudem na guerra contra outros países, Wakanda será poupada.

A procura dos Estados Unidos por vibranium é o gatilho para justificar a introdução de Riri Williams (Dominique Thorne), universitária extremamente inteligente que será a protagonista da vindoura série Coração de Ferro. Em Pantera Negra 2, a jovem surge como uma estudante que criou a máquina capaz de encontrar o metal e vira alvo máximo da CIA, de Namor, Shuri e Okoye (Danai Gurira).

Com Riri na mira de todos, Shuri faz de tudo para convencer Namor a não matar a jovem e iniciar uma guerra contra o resto do planeta. Bem construído, o vilão entrega motivações tão profundas e (na medida do possível) compreensíveis quanto Killmonger, tornando-o um dos melhores antagonistas da história do MCU. Com discursos sobre imperialismo e exploração, o rei de Talocan traz um forte contraponto à visão pacífica e racional buscada por Wakanda.

Angela Bassett

Angela Bassett como a rainha Ramonda

Divulgação/Marvel Studios

O luto e a falta de equilíbrio

É na necessidade de homenagear Chadwick Boseman e expandir o MCU que Pantera Negra 2 acaba por tropeçar. Com o luto por T’Challa rondando os personagens em todos os momentos, fica nítido que o roteiro de Coogler precisou ser costurado para encaixar a perda de seu protagonista no meio do conflito envolvendo Wakanda, Namor e a CIA.

Mesmo que seja um dos filmes da Marvel de maior duração, a sequência acaba por enfraquecer o núcleo da superfície. Personagens como Everett Ross (Martin Freeman), tão importante no longa original, acabam sem espaço e ficam “sobrando” na narrativa em comparação a outros núcleos mais importantes e interessantes.

Com os humanos escanteados e sem T’Challa, o destaque vai para a força das mulheres de Wakanda. Shuri, Ramonda, Okoye e Nakia perderam sua referência com a morte do rei e buscam energia em todas as partes de seu corpo para resistir aos ataques vindos de Talocan. Angela Bassett surge como uma força da natureza e justifica os rumores de uma possível indicação ao Oscar, enquanto Danai Guriria e Lupita Nyong’o provam que são algumas das melhores atrizes de sua geração.

Quem mais sofre sem Boseman é Letitia Wright. Além de encarar parte do público torcendo o nariz por suas declarações contra a vacinação durante a pandemia de Covid-19, a atriz britânica parece não ter o carisma necessário para abraçar o protagonismo de um dos principais títulos da Marvel. Seu crescimento na continuação acontece de forma natural e se encaixa no perfil da personagem, mas é constante a percepção de que ela parece carregar um peso maior do que aparenta conseguir.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é um filme que vai agradar a muitos e desagradar a outros tantos. A principal missão, no entanto, é cumprida. Chadwick Boseman ganhou um filme capaz de honrar o seu importante legado deixado como ator e como o grande rei T’Challa, herói e protetor de Wakanda.

Cartaz em português

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Ação, Aventura
12

Direção

Ryan Coogler

Produção

Marvel Studios

Onde assistir

Cinemas

Elenco

Letitia Wright
Lupita Nyong'o
Danai Gurira
Angela Bassett
Winston Duke
Tenoch Huerta
Martin Freeman
Dominique Thorne
Michaela Coel
Florence Kazumba
Julia Louis-Dreyfus
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André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

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