Divulgação/Crunchyroll
Ator de voz em sucessos como Pokémon e Dragon Ball, Fábio Lucindo é um dos destaques de Suzume; confira entrevista exclusiva
Aos 39 anos, Fábio Lucindo é um dos ícones da dublagem no Brasil. Ator mais conhecido por ser a primeira voz de Ash Ketchum, protagonista de Pokémon, e Kuririn, de Dragon Ball Z, ele foi o escolhido para dublar Souta em Suzume (2023), novo filme de Makoto Shinkai (Your Name) que está em cartaz nos cinemas.
Assim como nomes como Wendel Bezerra (Goku), Hermes Baroli (Seiya) e Guilherme Briggs (Superman), Lucindo é um dos atores de voz mais reconhecidos por fãs de animes. Ao emprestar seu timbre para personagens icônicos, o dublador de Suzume ficou marcado na história da indústria brasileira e é um dos mais cobiçados pelo público em eventos de cultura pop.
Ao se envolver com animes tão cedo na carreira, Fábio Lucindo presenciou as várias fases desse tipo de obra no Brasil. Desde o início da popularidade dos títulos, ainda nos anos 1980 e 1990, ao recente boom com a chegada de plataformas de streaming como a Crunchyroll, o ator viu a paixão do público pelas animações japonesas crescer ano a ano e como isso influenciou positivamente a indústria da dublagem no país.
“Animes estão furando a bolha, né? Era uma indústria que vivia em uma bolha e deixou de ser uma bolha. São personagens que as pessoas conhecem e, mesmo que não conheçam [o ator], reconhecem [a voz] de algum lugar. A maioria não vai muito atrás para saber quem são, mas os que conhecem [dublagem] são um público que une vários públicos diferentes”, explica Lucindo em entrevista exclusiva à Tangerina.
“Juntou o cara do anime, o cara do mangá, quadrinho, videogame, RPG, metal. E tem esses eventos [para fãs] que foram crescendo e pipocando pelo Brasil inteiro. Eu acho que [os eventos] são o grande fenômeno do começo deste século. Tem uma demanda maluca, e eu acho isso muito bom. Reúne uma galera, e você não vê confusão, sabe? Eu acho fantástico e me sinto superconfortável”, continua.
Para o ator, a popularização da dublagem no Brasil tem muito a ver com o sucesso dos animes. Embora ele veja Chaves (1972-1983) como o primeiro fenômeno a chamar a atenção para os atores de voz, foram títulos como Cavaleiros do Zodíaco e Pokémon que começaram a criar uma base de fãs para a profissão e para outras animações japonesas.
“A base da dublagem se consolida com os animes. Começa, talvez, em Cavaleiros do Zodíaco e depois vai para Pokémon. Não sei, mas isso começa com essa galera que é fã de anime. O otaku normalmente também é fã do dublador. Nos anos 1990, você tinha o Animax, que era um canal que só passava anime, e agora com vários streamings cada um vai ter a sua parcela de animes. Isso, de fato, fez bombar a produção de dublagem, mas no nosso trabalho ainda é um nicho. Se você for pegar no volume de trabalho, o anime cresceu. Antes, ocupava 2% do que a gente faz. Agora ocupa 10%”.
Apesar de conhecido na indústria, Fábio Lucindo ainda faz testes para conquistar uma vaga de dublador. Ele foi o escolhido pelo diretor de dublagem Lucas Almeida (voz de Serizawa no longa) para interpretar o protagonista Souta, mas sua aprovação precisou do aval de ninguém menos do que o chefão da produção: Makoto Shinkai.
À Tangerina, o eterno Ash de Pokémon conta que Shinkai aprovou todos os nomes envolvidos na dublagem de Suzume. O diretor de dublagem enviou um vídeo para mostrar o timbre dos selecionados, e eles só seriam aprovados caso tivessem o ok do cineasta.
“Todos os timbres foram aprovados por ele [Shinkai]. Teve um tempo, entre dez e 15 dias, até os testes chegarem do Japão. Várias pessoas fizeram testes, né? Eu mesmo só consegui ir ao estúdio [no Brasil] em um sábado por causa da correria do dia a dia. Nós tínhamos pouco tempo e ficamos mais conversando sobre a obra e o trabalho do que outras coisas. Foi fora do ritmo padrão do trabalho, e é isso que eu procuro hoje em dia”, detalha.
Assista ao trailer dublado oficial de Suzume:
Suzume
Trailer dublado
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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