FILMES E SÉRIES

Tayor Schilling e Connie Britton se abraçam em Querido Edward

Divulgação/Apple TV+

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Querido Edward: Tragédia vira esperança e conexão em ‘nova This Is Us’

Série do mesmo criador de Friday Night Lights conta a história de pessoas que se unem após perderem seus familiares em uma tragédia de avião

Luciano Guaraldo

Depois do sucesso estrondoso de This Is Us (2016-2022), era natural que outras séries tentassem replicar a fórmula do dramalhão familiar para comover (e conquistar) o público. Querido Edward, que estreia nesta sexta (3) no Apple TV+, se distancia dos outros “clones” ao usar uma tragédia como ponto de partida para contar uma história sobre esperança e a importância de se conectar a outras pessoas –sem deixar de lado os momentos emotivos ou um necessário senso de humor.

Baseada no livro de Ann Napolitano, Querido Edward foi adaptada para a TV por Jason Katims, mente por trás de Friday Night Lights (2006-2011) e Parenthood (2010-2015). Nas duas séries anteriores, o roteirista construiu sua trama em cima de coletivos –respectivamente, o time de futebol americano Dillon Panthers e a família Braverman. Aqui, a história mais uma vez gira em torno de um grupo. Mas, no caso, um grupo de apoio para enlutados.

Querido Edward é sobre uma tragédia de avião. Um voo lotado de Nova York para Los Angeles sofre uma pane, e o acidente tem um único sobrevivente: o menino Edward (Colin O’Brien), de apenas 12 anos. Ao longo do primeiro episódio, o público é apresentado a cada um dos passageiros, apenas para que eles sejam retirados de cena em um só golpe. Depois, a série começa a explorar como os familiares estão lidando com o luto. É uma sequência de socos no estômago.

Edward perde, de uma só vez, a mãe (Robin Tunney), o pai (Brian D’Arcy James) e o irmão mais velho (Maxwell Jenkins). Vai morar com a tia, Lacey (Taylor Schilling), uma mulher que sonhava com a maternidade há tempos, mas precisou abrir mão (a contragosto) do desejo depois de gastar uma fortuna com tratamentos de fertilidade e sofrer aborto em cima de aborto. A tragédia lhe rouba sua irmã mais velha, mas ao mesmo tempo entrega a ela, por linhas tortas, o filho que sempre quis.

Mas, claro, nem tudo é tão simples: o “milagre” da sobrevivência transforma Edward em uma celebridade, e a atenção da imprensa e dos vizinhos dificulta um processo de luto que já seria naturalmente complicado para uma criança –e para Lacey, que não conta com o menor instinto maternal, apesar do desejo intenso de ter um filho.

Maxwell Jenkins e Colin O'Brien vivem irmãos em Querido Edward

Maxwell Jenkins e Colin O'Brien vivem irmãos em Querido Edward

Divulgação/Apple TV+

Outro eixo condutor da história é Dee Dee (Connie Britton, que retoma a parceria com Jason Katims depois de Friday Night Lights), uma dondoca cuja maior preocupação é escolher em qual loja chique da Quinta Avenida de Nova York vai usar o cartão de crédito black do marido. Porém, ele morre no acidente de avião, e a tragédia abre uma caixinha de Pandora para a qual Dee Dee não está preparada.

Há ainda: Adriana (Anna Uzele), que decide pedir demissão de seu emprego no gabinete de uma deputada veterana por não aguentar mais os bastidores da política, mas que se vê envolvida ainda mais na politicagem depois do acidente que causa a morte de sua avó; Linda (Amy Forsyth), grávida de quatro meses, sem a menor condição de cuidar de uma criança enquanto lida com a perda trágica do namorado; e Kojo (Idris Debrand), que precisa ir de Gana até Nova York para cuidar da sobrinha Becks (Khloe Bruno), pois a sua irmã, mãe da menina, também estava no voo.

Todos os personagens principais de Querido Edward se reúnem em um grupo de apoio para enlutados. Suas histórias pessoais se entrelaçam e eles se tornam uma rede de apoio uns aos outros. A tragédia vira esperança e dá força para seguir em frente, mostrando a importância de ter amigos e de se relacionar. Uma lição tão necessária depois de dois anos de pandemia e de tanto tempo trancados em nossas casas.

O elenco parece ter sido escolhido a dedo. Connie Britton rouba a cena todas as vezes em que aparece, com uma personagem que em nada lembra a Tami Taylor de Friday Night Lights –Dee Dee mais parece ter saído diretamente de uma temporada de The White Lotus. Anna Uzele e Idris Debrand realizam um bom trabalho com a história que receberam, e Amy Forsyth consegue brilhar até quando não tem falas. Por fim, Colin O’Brien é uma revelação, fazendo com que o público sinta sua dor até em sua postura corporal –o jovem ator apresenta uma maturidade que vai muito além de sua pouca idade.

Querido Edward estreia nesta sexta-feira com os três primeiros episódios. Os outros capítulos serão adicionados semanalmente ao catálogo do Apple TV+.

Colin O'Brien em Querido Edward

Querido Edward

Confira o trailer da nova série da Apple TV+

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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