Fotos: Divulgação / Arte: Tangerina
Nós sabemos que nunca vamos agradar todo mundo, mas leia nossos argumentos e veja se você concorda ou não com o nosso ranking das animações do estúdio
Com a estreia de Red: Crescer é uma Fera no Disney+, a Pixar chega a seu 25º longa. E lá se vão 27 anos desde a estreia de Toy Story, o primeiro longa de um dos mais reconhecidos estúdios de animação do mundo, pela crítica e pelo público.
De 1995 pra cá, a Pixar elevou o nível da animação em Hollywood, abordando temas espinhosos com inteligência, muito humor e emoção, sem nunca deixar de divertir seus fãs, sejam eles crianças ou adultos. Um legado imenso.
Red: Crescer é uma Fera já escreveu uma importante página nessa história. É o primeiro longa do estúdio dirigido por uma mulher e um dos poucos a ser protagonizado por uma personagem feminina. Mas se fizéssemos um ranking da Pixar, onde ficaria a animação da cineasta Domee Shi?
Sabemos como é difícil a tarefa de colocar os filmes desse estúdio tão querido em um pódio, mas aqui na Tangerina nós não fugimos de um bom desafio e aqui está: contemplem nosso ranking da Pixar!
E aí, você concorda ou não com nossas escolhas? Leia aqui nossos argumentos e deixe um comentário.
Carros 2 (2011)
Sequência de Carros é mais para vender brinquedos
Carros é a franquia que mais rende lucros em merchandising para a Pixar. Por isso, mesmo que o original não seja lá uma das melhores animações do estúdio, uma sequência (que vendesse ainda mais brinquedos e quinquilharias) era inevitável. E é exatamente isso que Carros 2 é, uma sequência protocolar para vender brinquedos e quinquilharias de Relâmpago McQueen e sua turma.
Universidade Monstro (2013)
Sulley e Mike nos tempos da faculdade não deu tão certo assim
Outra sequência sem inspiração. Diferente de Carros, Monstros S.A. é uma das mais simpáticas e originais animações da Pixar, e uma volta de Sulley e Mike era muito aguardada. Porém, infelizmente, o frescor do original se perdeu ao mudar o clima mais infantil da primeira aventura da dupla de monstros para uma comédia universitária estilo Clube dos Cafajestes (1978), mesmo que bem mais light que a caótica comédia de John Landis. Não funcionou muito bem.
Carros (2006)
Filme fez de Relâmpago McQueen um dos maiores sucessos de merchandising da Pixar
Carros peca por focar apenas nas crianças, não se beneficiando do estilo mais marcante da Pixar, com camadas para todas as idades. Outro ponto é ambientar sua história no mundo da Nascar, as corridas de Stock Car tipicamente americanas que são muito populares por lá, mas não tanto no resto do mundo. Relâmpago McQueen e seus amigos são personagens simpáticos, mas um tanto unidimensionais. Perfeitos para virar brinquedos de verdade, e foi isso mesmo que aconteceu. A Pixar nunca lucrou tanto com merchandising.
O Bom Dinossauro (2015)
Ideio de mostrar o homem como pet de dinossauro é boa, mas filme não engrena
Uma história sobre crescer como já vimos um milhão de vezes, O Bom Dinossauro é um filme bonitinho e só. Verdade que traz uma bela sacada ao retratar o ser humano primitivo como um cachorro que acompanha o brontossauro Arlo em suas aventuras ao ser separado de seus pais. Mas esta é a única ideia um pouquinho mais original da animação. De resto, apenas mais um conto sobre alcançar a maturidade enfrentando os perigos lá fora.
Carros 3 (2017)
Sequência de Carros ganha pontos por assumir um clima um pouquinho mais dark
A terceira sequência de Carros ganha pontos por assumir um clima um pouquinho mais dark para uma das franquias mais infantis da Pixar. Com o acidente sofrido por Relâmpago McQueen, a animação discute, mesmo que bem de leve, assuntos como a finitude da vida. Outra questão legal é o destaque que o filme dá para uma personagem feminina, Cruz Ramirez, a quem McQueen passa a tocha de seu legado.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (2020)
Aventura meio genérica não empolga tanto, mas não deixa de ser um bom filme
O filme que veio na sequência de uma sequência –no caso Toy Story 4– teria de ser bem original. À primeira vista, Dois Irmãos até parece algo novo para a Pixar, mas fica apenas na intenção. Está longe de ser um filme ruim, como quase nenhum do estúdio é, mas uma jornada de superação do luto não é algo novo para o estúdio. E transportar um motivo desses para um mundo de seres mágicos estilo Dungeons & Dragons não foi o suficiente para encantar o espectador.
Os Incríveis 2 (2018)
Continuação de Incríveis chegou tarde demais, mas mantém o charme do original
Uma das sequências mais aguardadas entre as animações da Pixar, Os Incríveis 2 entrega tudo que se espera dela: uma aventura cheia de adrenalina, humor e questões familiares. Ok, legal, mas não inova em nada. Mesmo que arranhe um pouco na discussão sobre masculinidade tóxica, o que é bem interessante, Os Incríveis 2 é apenas uma boa sequência das aventuras da Família Parr (ou Pêra, como foi chamada no Brasil).
Procurando Dory (2016)
A esquecida Dory é uma personagem tão marcante que ganhou o seu próprio filme
A sequência de Procurando Nemo sofre do mesmo problema de Os Incríveis 2, mas tem uma vantagem: a cativante peixinha Dory, que aqui ganha um filme só dela. Porém, nem mesmo o carisma da esquecida Dory consegue fazer deste filme mais do que uma competente sequência para o excelente Procurando Nemo.
Soul (2020)
Tema metafísico é bem interessante, mas a trama se perde entre duas narrativas distintas
É verdade que muita gente ama Soul. E tem bons motivos para isso. O tema mais metafísico é bem interessante, mas depois de Divertida Mente (do mesmo diretor, Pete Docter), não é uma novidade para o estúdio. Porém, ao contrário do que acontece em Divertida Mente, Soul tem uma narrativa mais truncada, separada em blocos que não conversam tão bem. Enquanto a primeira parte, mais mística, é excelente, na segunda o tom muda para uma comédia mais física de troca de corpos não tão satisfatória. Mas a trilha sonora é de primeiríssima.
Valente (2012)
Heroína forte e independente é bem legal, mas trama não é das mais originais
Quando foi lançado, lá em 2012, Valente tinha tudo para ser marcante, pois tinha uma heroína forte e independente como protagonista. Não que isso fosse uma novidade, já que temos Mulan, da Disney, lá de 1998. Mas é sempre um acontecimento poder ver uma personagem feminina que não seja uma princesa em busca de um príncipe para resgatá-la. Merida e seus grandes cachos revoltos não está nem aí para sua aparência e não perde nem um segundo de sua vida pensando em homens. Até aí, excelente. Pena que a trama acabou ficando de lado, ganhando um roteiro de aventura-padrão de filmes da Disney.
Vida de Inseto (1998)
Pixar ainda engatinhava quando resolveu apostar em trama mais infantil
Mesmo que tenha começado pelo excelente Toy Story, a Pixar ainda engatinhava quando lançou Vida de Inseto. A trama, que faz uma alusão ao clássico Os Sete Samurais (1954), tinha bastante potencial, mas o clima um pouco infantilizado demais não combinou tanto com o caminho que o estúdio seguiria. Dito isso, Vida de Inseto é super legal para ver com as crianças.
Toy Story 4 (2019)
Filme que não era necessário, mas que não decepciona os fãs da série Toy Story
Vamos ser sinceros, a franquia Toy Story não precisava de outro filme. Ainda mais depois do excepcional Toy Story 3. Mas Toy Story 4 não decepciona. Pode parecer um pouco repetitivo em seu tema, mas reencontrar Woody, Buzz e toda a turma é sempre gostoso. A história não traz muita coisa nova a não ser dar um peso maior para Betty, que é um grande acerto, e uma vilã à altura de Lotso (de Toy Story 3), a assustadora Gabby Gabby. Mas fica nisso. Um ótimo filme da franquia, mas com certeza não é o melhor deles.
Luca (2021)
História sobre aceitar o diferente tem um charme todo especial
É muito complicado entrar no assunto homossexualidade em um estúdio que faz parte da conservadora Disney. Mesmo com todas as negativas dadas pelo diretor Enrico Casarosa, o tema se encaixa perfeitamente em uma história que fala sobre aceitar o diferente. E é claro que não estamos falando literalmente de monstros marinhos, né. Vendo por esse prisma ou não, Luca é uma delícia. Além disso, sua ambientação na costa italiana dá um charme todo especial à animação.
Red: Crescer é uma Fera (2022)
Diretora entende os dramas de sua protagonista nesta fofa história de amadurecimento
Tudo bem que o tema do amadurecimento é uma constante na Pixar. Mas Red acrescenta alguns toques bem legais. O filme é o primeiro longa do estúdio dirigido por uma mulher, e isso faz uma grande diferença. Além de ter mais propriedade para contar a história de uma adolescente, a diretora Domee Shi possui, assim como a protagonista Meilin Lee, ascendência chinesa. Ela sabe muito bem do que está falando e isso se traduz na tela. Red é uma aventura com aquele espírito caótico da adolescência que empolga de uma forma meio desengonçada, mas extremamente adorável.
Monstros S.A. (2001)
Quarto longa da Pixar nos apresenta uma das duplas mais carismáticas do estúdio
O quarto filme da Pixar trouxe uma das duplas de personagens mais carismáticas da história do estúdio: Sulley e Mike, que ganharam ainda mais personalidade nas vozes de John Goodman e Billy Crystal. Com o relativo fracasso de Vida de Inseto nas bilheterias, o estúdio apostou na segurança da sequência de Toy Story, mas depois teve de arriscar com uma trama original e acertou em cheio no tom de Monstros S.A. Uma simpática história sobre amizade e inclusão que equilibra bem o conteúdo para as crianças e para os adultos.
Toy Story 2 (1999)
Continuação de Toy Story acerta na mosca com seus novos coadjuvantes
A tábua de salvação da Pixar foi, e continua sendo, Toy Story. A sequência do primeiro filme do estúdio precisou ser adiantada devido ao fraco desempenho de Vida de Inseto nas bilheterias. E não deu outra. Toy Story 2 foi um sucesso. A trama, além de mais complexa que a do original, adicionou mais dois personagens muito carismáticos à turma de Woody: Jessie e Bullseye (no Brasil, Bala no Alvo). Quem não se debulha em lágrimas no número musical que conta a história de rejeição de Jessie simplesmente não tem coração.
Os Incríveis (2004)
Aventura de Brad Bird injeta uma bela dose de adrenalina às tramas da Pixar
Os Incríveis trouxe uma nova atitude aos desenhos da Pixar, muito mais focada na ação. É claro que o humor e os diálogos afiados estão presentes, mas o filme de Brad Bird injetou uma bela dose de adrenalina às tramas típicas do estúdio. As aventuras da família Pêra são divertidas e de tirar o fôlego, e Os Incríveis manteve-se por muito tempo como um dos melhores filmes de super-heróis já feitos.
Viva - A Vida é uma Festa (2017)
Pixar busca no México a inspiração para uma trama sentimental sobre perda e lembrança
Por incrível que pareça, a morte é um assunto muito discutido nas animações da Pixar. E não há um local mais adequado para ambientar uma história que trata desse assunto do que o México, um país que tem uma relação íntima com a morte e suas simbologias. É usando a tradição da festa do Día de los Muertos que o estúdio conta essa tocante história sobre perda e lembrança. Além de uma boa carregada no drama, na tradição das novelas mexicanas, a animação traz alguns dos melhores números musicais do estúdio.
Up - Altas Aventuras (2009)
Animação traz uma das melhores sequências de abertura feitas pela Pixar
A sequência de abertura de Up – Altas Aventuras é uma das mais belas feitas pelo estúdio em toda a sua história. Impossível não se emocionar com a história de Carl e sua esposa Ellie. O tom agridoce desse desenho é cativante e leva à luz personagens normalmente ignorados nos cinemas: os idosos. A história dá uma caída quando opta pela aventura pura e simples, mas o velhinho Carl é uma personagem apaixonante demais para que isso afete o todo. Sua casa voando presa a milhares de balões de gás é uma imagem que se tornou um ícone da Pixar.
Toy Story (1995)
Filme que iniciou o legado da Pixar ainda conquista corações e mentes
O primeiro Toy Story ficou um pouco datado visualmente nos dias de hoje, mas é aqui que nasce a Pixar. Foi a partir da história do boneco cowboy Woody e seu amor pelo garoto Andy que tudo se tornou possível. Toy Story é a materialização do sonho de qualquer criança, até daquelas que ainda vivem dentro de um adulto: ver seus brinquedos tornarem-se reais. É um marco da animação e do gênero fantasia como um todo.
Ratatouille (2007)
Com um andamento mais lento ao estilo europeu, Ratatouille transborda sensibilidade
Se em Os Incríveis Brad Bird apostou na ação como fio condutor, aqui o diretor vai em um caminho oposto. A história do ratinho que sonha em ser um chef reconhecido presta tributo às animações europeias. Com um ritmo mais lento, mas que transborda sensibilidade, a trama trata de um assunto espinhoso como o preconceito com a leveza de um delicioso suflê e a doçura levemente ácida de uma tarte tatin. A cena do azedo crítico gastronômico sendo transportado para sua infância pelo sabor de um prato é uma das mais tocantes e inesquecíveis já feitas em uma produção da Pixar.
WALL-E (2008)
Primeira parte sem uma fala sequer traz o momento mais sublime da Pixar
Quando uma história é boa e sólida, ela nem precisa ter palavras para se expressar. E é exatamente isso que acontece em WALL-E, que em boa parte de sua 1 hora e 38 minutos é praticamente um filme mudo. O simpático robozinho lixeiro que dá nome à animação passa qualquer emoção usando apenas seus olhos, e isso é incrível. A primeira metade do filme é um dos mais belos materiais já realizados pela Pixar, com um lirismo tão comovente que emociona até o mais durão dos durões. Perfeição. Só não está no topo da lista porque a parte da nave espacial, quando os humanos entram na história, não chega nem aos pés dos trechos ambientados no planeta Terra, que virou um grande lixão.
Divertida Mente (2015)
Original e ousado, trama sobre o subconsciente de uma garota é contagiante
Entre as produções originais da Pixar, nenhuma foi tão inovadora em seu conceito quanto Divertida Mente. Ambientar uma história no subconsciente de uma garota pré-adolescente foi uma aposta arriscada, mas que deu MUITO certo. As interações entre Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho e suas consequências no mundo exterior são impagáveis. Aqui o estúdio mostra que seu legado segue firme e forte.
Procurando Nemo (2003)
Roteiro perfeito não trata crianças como bobas e conquista corações de todas as idades
A história do pequeno peixe palhaço que se perde de seu pai pode parecer simples demais, mas tem um dos roteiros mais bem escritos de todas as produções da Pixar. Tudo é muito bem resolvido sem tratar seu público –crianças e adultos– como bobos. Além de trazer personagens coadjuvantes inesquecíveis, como Dory (que depois ganhou até um filme próprio), a tartaruga Crush e sua família, e o tubarão vegetariano Bruce. Sério. Se você quiser estudar como se escreve um roteiro onde tudo se encaixa perfeitamente, preste atenção na próxima vez que ver Procurando Nemo.
Toy Story 3 (2010)
Filme encanta ao equilibrar temas pesados com momentos sublimes de pura emoção
Tudo bem que é incomum ver uma sequência no topo de um ranking, mas nenhum dos filmes da Pixar soube equalizar tão bem temas pesados como perda, rejeição, inadequação e morte como Toy Story 3. Na época, este era o último capítulo de uma trilogia, e por isso, encerrava o ciclo de Woody e seus amigos como brinquedos do garoto Andy, que inevitavelmente cresceu e não ligava mais para seus antigos amigos. Este é, ao mesmo tempo, o filme mais dark e o mais sentimental do estúdio. A sequência em que os brinquedos encaram a morte de perto em uma fornalha é de cortar o coração, e o final é simplesmente lindo.
Todos as animações da Pixar estão disponíveis no Disney+
Rafael Argemon
Rafael Argemon é criador do perfil O Cara da Locadora no Instagram e também assina uma coluna com o mesmo nome na Tangerina, onde indica as pérolas escondidas nas plataformas de streaming. Cinéfilo e maratonador de séries profissional, passou por Estadão, R7, UOL, Time Out e Huffpost. Apaixonado por pugs, sagu e jogos do Mario.
Ver mais conteúdos de Rafael ArgemonTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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