(Foto: Divulgação/Disney)
WiFi Ralph: Quebrando a Internet está disponível no streaming
Poucas continuações conseguem um feito que desafia a lógica de Hollywood: superar o filme original nos olhos da crítica e do público. Lançado em 2018, WiFi Ralph: Quebrando a Internet continua sendo um caso raro no cinema, especialmente em franquias animadas. O longa expandiu o universo animado com criatividade e estilo, apostando na cultura da internet, influenciadores, redes sociais e até no vício por validação digital. O resultado foi um filme mais maduro, mais ambicioso e com uma construção emocional inesperada.
A recepção comprova essa evolução. Enquanto o primeiro Detona Ralph, de 2012, fechou sua passagem com 87% no Rotten Tomatoes, a sequência terminou com 88%, mesmo recebendo menos avaliações de críticos e caindo em um cenário no qual sequências costumam enfrentar comparação direta e desgaste da marca. O público, que no original marcou 86%, ficou mais dividido aqui, registrando 64%, reflexo do tom menos nostálgico e mais crítico do comportamento online. Ainda assim, a nota da imprensa funciona como termômetro importante para avaliar a qualidade da produção.
Além da boa recepção, a continuação aproveitou o momento de explosão da cultura digital para construir um arco emocional mais pesado. A relação entre Ralph e Vanellope passou de parceiro e acompanhante para um conflito sobre dependência, amizade e individualidade. A história sobre escolher caminhos diferentes sem quebrar os laços originais dialoga com amadurecimento e inseguranças reais, fugindo da estrutura tradicional do “herói salva o dia”.
Ainda que menos lembrado que o primeiro, WiFi Ralph: Quebrando a Internet também marcou visualmente. A animação escalou o nível técnico, apostando em mundos completamente diferentes, do universo “Buzzztube” ao reino das princesas da Disney, que virou uma das sequências mais virais da década. A cena não só brinca com metalinguagem como também redefiniu como os estúdios tratam referências internas sem depender apenas de nostalgia.
A comparação inevitável com o primeiro mostra como a sequência ousou mais. No lugar de um arco sobre identidade e aceitação, WiFi Ralph: Quebrando a Internet mergulha em temas como autossabotagem, ansiedade social e a pressão por relevância no ambiente digital. O filme entregou algo mais específico, menos infantilizado e com camadas que nem sempre agradam o público geral, mas fortalecem a obra no longo prazo.
Sete anos depois, WiFi Ralph: Quebrando a Internet segue sendo exemplo de como continuidade de franquias pode funcionar quando não se limita a repetir fórmulas. O filme envelheceu bem, tornou-se ainda mais atual diante das discussões sobre algoritmos e vício em redes sociais e permanece como um dos poucos casos em que o segundo capítulo consegue superar o primeiro.
WiFi Ralph: Quebrando a Internet está disponível no Disney+. Assista abaixo ao trailer do filme:
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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