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Felipe Camargo interpreta professor ateu que é visto como milagreiro na série nacional do Star+; confira papo com o diretor Gustavo Bonafé
A série nacional Santo Maldito estreia nesta quarta-feira (8) com uma premissa quase iconoclasta: um professor que nega a existência de Deus é visto como alguém capaz de realizar milagres depois de “salvar” sua mulher que estava em coma. Apesar de ter um protagonista ateu, a atração do Star+ não ofende fiéis –em especial a igreja evangélica, comumente abordada de maneira estereotipada no audiovisual brasileiro.
“Acho que o respeito é inerente a tudo, precisa estar acima de todas as coisas. Nós temos que respeitar, seja qual for a religião”, conta o diretor-geral de Santo Maldito, Gustavo Bonafé, em entrevista exclusiva à Tangerina. “Os figurantes que usamos eram, em sua maioria evangélicos. Foi um cuidado que tivemos, porque são pessoas acostumadas com esse universo. Os atores também fizeram um trabalho de conversar com os fiéis, todos tiveram a sua parcela de estudo e de imersão no tema.”
A presença evangélica aparece na trama depois do milagre inicial. Reinaldo (Felipe Camargo) é gravado clandestinamente no hospital bem no momento em que tira Maria Clara (Ana Flavia Cavalcanti) do coma. As imagens caem na mão do pastor Samuel (Augusto Madeira), da igreja Profetas da Fé, que começa a oferecer dinheiro para o protagonista dar seu testemunho para os fiéis –por mais que o professor duvide até da existência da Deus.
Apesar de Samuel abrir o cofre para Reinaldo, o religioso nunca é mostrado como um golpista nem como alguém que desvia doações dos fiéis para benefício próprio. Ele realmente deseja o melhor para seus seguidores, e acredita que o professor seja a pessoa capaz de fazer isso. “O evangélico muitas vezes é retratado de maneira caricata, mas nós não queríamos isso. Inclusive, eu acho que poderia ter sido em qualquer igreja”, aponta Bonafé.
“Qualquer pastor, padre, monge… Qualquer denominação que acredita nesse tipo de milagre poderia ser o lugar onde o Reinaldo vai parar. Eu acho que ele acaba em uma igreja evangélica porque estamos contando uma história que se passa no Brasil, e os evangélicos têm um grande número de fiéis”, continua o diretor.
Elenco de Santo Maldito em cena na igreja Profetas da Fé
Divulgação/Star+
Para Bonafé, o fato de Santo Maldito usar figurantes que são evangélicos e ter colocado o elenco em contato com fiéis ajudou a contribuir para a construção de uma história mais verídica. “Fomos buscar o mundo real, e para fazer isso você tem que ir lá e entender esse mundo para poder colocar na tela. A ideia é que o espectador olhe e fale: ‘São pessoas de carne e osso, que existem mesmo, eu conheço um cara assim, o meu primo ou o meu vizinho é assim, eu sou assim’. Buscar a veracidade em um tema que existe é bem mais fácil do que buscar veracidade em um filme de vampiro, sabe?”, compara.
A série também coloca os dois pés na realidade ao usar Heliópolis como cenário para o fictício Jardim Inês –onde a trama se desenvolve. “O bairro é tanto personagem da história quanto o Reinaldo e o Samuel. Porque o universo do bairro vai entrando cada vez mais na vida do Reinaldo e da família dele. Então a primeira coisa que fizemos foi incluir a comunidade nas gravações. Acho que 90% da figuração que você vê na série é de Heliópolis, deixa muito mais real colocar alguém que é de lá na frente das câmeras do que levar alguém para fingir que é de lá”, explica o diretor.
Para as cenas dentro da Profetas da Fé, porém, a equipe precisou trabalhar em um estúdio –a igreja foi montada pela equipe do diretor de arte Marcos Cavalheiro. “Como eram muitos dias de gravação dos cultos, rodar em estúdio era mais fácil do que usar um templo de verdade. Mas todo o resto foi em locação. Inclusive, nos domingos dava um pouco mais de trabalho porque toda a comunidade queria participar, assistir às gravações, então ficava um pouquinho mais difícil de controlar. Mas foi muito gostoso estar lá e sentir aquela energia.”
Santo Maldito estreia nesta quarta-feira (8), no Star+. Além de Felipe Camargo, Augusto Madeira e Ana Flavia Cavalcanti, o elenco também conta com Bárbara Luz (Gabriela), Marina Provenzzano (Sônia), Vinícius Meloni (Sinval) e Helena Albergaria (bispa Joyce). Confira o trailer da série nacional:
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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