FILMES E SÉRIES

Benjamin Walker em O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

Divulgação/Prime Video

ANÁLISE

Por que O Senhor dos Anéis indica mudança de rumo para o Prime Video?

Após investir bilhões em Os Anéis de Poder, a Amazon parece finalmente encarar seu streaming como mais que um item de seu 'clube de vantagens'

Luciano Guaraldo

Lançado em 2006 e investindo em produções originais desde 2013, o Prime Video iniciou um novo capítulo de sua história na noite da última quinta (1º), com o lançamento de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder. A série baseada na obra de J. R. R. Tolkien (1892-1973) custou bilhões para a Amazon, um investimento nunca antes visto na história do audiovisual.

E por que O Senhor dos Anéis marca uma revolução tão grande no streaming? É que, até recentemente, o Prime Video era encarado como um benefício do Amazon Prime, um “clube de vantagens” dos assinantes cujo principal destaque não era a exibição de séries e filmes originais, mas o frete grátis para clientes do e-commerce.

“Nossa missão é fazer do Prime um serviço mais valorizado por nossos membros, e o Prime Video é uma parte importante disso”, explicou James Farrell, vice-presidente de séries internacionais do Amazon Studios, durante conversa com a reportagem em 2019. O próprio Jeff Bezos, dono do conglomerado e homem mais rico do mundo, havia declarado em 2016: “Quando nós ganhamos um Globo de Ouro, isso nos ajuda a vender mais sapatos”.

Sem a pretensão de atrair assinantes exclusivamente para o Prime Video por causa de um conteúdo altamente popular, a Amazon pôde investir em queridinhos da crítica, como The Man in the High Castle (2015-2019), Transparent (2014-2019), Mozart in the Jungle (2014-2018) e The Marvelous Mrs. Maisel.

Com a intenção de ficar mais popular e ter a própria Game of Thrones (2011-2019), o Prime Video investiu em Carnival Row e A Roda do Tempo, mas não chegou nem perto de repetir o sucesso da superprodução da HBO. Então, Jeff Bezos abriu a carteira e decidiu investir na obra que inspirou George R. R. Martin a escrever As Crônicas de Gelo e Fogo.

Só pelos direitos de adaptar a obra de Tolkien, a Amazon desembolsou US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão), e quase o dobro desse valor foi investido na produção da primeira temporada da série. Uma aposta dessas obviamente traz uma expectativa tão alta quanto, e o Prime Video mostrou que não vai poupar esforços para transformar Os Anéis de Poder em hit –a ponto de desenvolver uma tática para evitar que “trolls” despejem ódio na série.

O grande problema é que, para concorrer de igual para igual com Netflix, Disney+ e HBO Max, o Prime Video precisa abrir sua caixa-preta. Até hoje, a Amazon nunca divulgou quantos assinantes a plataforma tem. Em 2021, Bezos revelou que mais de 200 milhões de clientes usam o Amazon Prime, mas nunca informou quantos desses acessam, de fato, o streaming. Em maio, foi dito que 80 milhões de norte-americanos usaram o Prime Video –o que a colocaria na liderança do mercado no país.

Se O Senhor dos Anéis virar o sucesso que a Amazon espera, será a hora de revelar alguns números mantidos em segredo há mais de uma década. Afinal, se a plataforma tem mesmo tantos usuários, a ponto de superar a Netflix, não há motivo para esconder seus dados, correto?

Informar Erro
Falar com a equipe
QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

Ver mais conteúdos de Luciano Guaraldo

0 comentário

Tangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.

Acesse sua conta para comentar

Ainda não tem uma conta?