Divulgação/Prime Video
Com oito episódios, a primeira temporada está disponível completa no Prime Video
Considerado um dos melhores filmes de esportes em Hollywood, Uma Equipe Muito Especial (1992) é um produto de seu tempo. Embora fosse uma produção sobre um time feminino de beisebol, o longa tinha Tom Hanks como principal nome e uma narrativa repleta de clichês.
Dirigido por Penny Marshall (1943-2018), o longa do início dos anos 1990 contava com um elenco repleto de estrelas (alô, Madonna!) e colocou Hanks no radar dos grandes astros daquela década. Em uma época na qual o machismo da indústria ainda era pouco combatido, uma obra recheado de empoderamento feminino foi muito mais do que bem-vinda.
Mesmo com tantos (e merecidos) elogios, Uma Equipe Muito Especial nunca se aprofundou tanto em questões sociais quanto poderia. Com uma trama situada nos anos 1940, a história de um grupo de mulheres que passam a jogar beisebol após a ausência de muitos homens para lutar na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) tinha a força necessária para discutir elementos importantes.
Inspirada no filme que se tornou icônico com o tempo, a série do Prime Video que leva o mesmo nome de seu antecessor chega para corrigir estes erros e se aprofundar ainda mais nestes temas. Tão adorável quando o longa com Tom Hanks e Geena Davis, a atração mantém o humor e a graça que tornaram a obra tão importante para muitos fãs.
Com oito episódios, a série cocriada por Will Graham (Mozart in the Jungle) e Abbi Jacobson não tenta recriar o filme ou repaginar suas personagens. Ao invés disso, a nova Uma Equipe Muito Especial apresenta uma nova geração do time Rockford Peaches. Além de desenvolver a atração, Abbi encabeça o elenco como Carson Shaw, uma jovem do interior dos Estados Unidos que sempre teve o sonho de jogar beisebol profissional e vive uma vida infeliz ao lado do marido, que se juntou às tropas norte-americanas no conflito armado na Europa.
Carson (Abbi Jacobson) e Greta (D’Arcy Carden)
Divulgação/Prime Video
Ao lado de Carson, a nova equipe das Rockford Peaches apresenta as melhores amigas Greta (D’Arcy Carden) e Jo (Melanie Field), que deixaram a cidade grande em busca do sonho de jogar profissionalmente; a ótima arremessadora Lupe (Roberta Colindrez) e sua “hermana” Jess (Kelly McCormack); e a inocente e conservadora Shirley (Kate Berlant).
Tal como o filme de 1992, a série do Prime Video reflete a realidade na qual foi criada. Entre as protagonistas há muitas personagens LGBTQIA+, que debatem não apenas o machismo nos EUA dos anos 1940 como o forte preconceito que homossexuais viviam na época. Uma das personagens que mais reflete estas questões é Max (Chanté Adams), mulher negra e lésbica que sequer consegue provar o seu valor como jogadora por causa da cor de sua pele.
A nova versão faz um ótimo trabalho desenvolvendo a camaradagem entre as mulheres –especialmente a relação muitas vezes complicada, mas extremamente crível que se desenvolve entre Carson e Greta–e as terríveis razões pelas quais elas precisam esconder sua sexualidade dentro de seu próprio time. E mesmo que o preconceito seja implacável para elas, a pressão em cima de Max, que em muitos momentos sucumbe para o seu próprio egoísmo em busca de seu sonho, chega a ser incomparável.
O técnico da equipe é um ex-jogador chamado Dove Porter (Nick Offerman), e embora existam semelhanças superficiais entre ele e Jimmy Dugan (Tom Hanks), o personagem é usado de maneira diferente. Seu arco tem o efeito de manter mais o foco nas mulheres e na luta contra o desdém que os homens da liga têm em relação a elas que estão jogando.
A primeira temporada de Uma Equipe Muito Especial faz um ótimo trabalho em atualizar a trama base do filme original e se aprofundar ainda mais em temas que a tornam mais robusta. É como se a série fosse uma versão completa de uma obra atemporal, cujo humor, ternura e drama vão muito além das rebatidas dentro de um jogo de beisebol.
Uma Equipe Muito Especial - 1ª temporada
Trailer legendado
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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