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Warren Beatty em cena do filme Dick Tracy

Divulgação/Buena Vista Pictures

WARREN BEATTY

Dick Tracy: Como ator ‘deu truque’ para não abrir mão de detetive?

Warren Beatty precisa reviver o personagem de tempos em tempos para manter direitos de adaptação da HQ para o audiovisual

Luciano Guaraldo

Na última sexta-feira (10), fãs norte-americanos de quadrinhos foram pegos de surpresa com o retorno inesperado do detetive Dick Tracy, vivido por Warren Beatty no longa homônimo de 1990. Em vez de uma nova aventura nos cinemas, o personagem (mais uma vez interpretado pelo veterano) apareceu em uma simples videochamada de quase 30 minutos para criticar o longa realizado há 33 anos.

Parece piada de 1º de abril que foi ao ar de maneira antecipada, mas é verdade –e um assunto muito sério. Fanático pelo detetive e disposto a produzir uma continuação para o seu longa, Warren Beatty teve de improvisar com um programa bem aleatório, exibido sem alarde pelo nanico canal TCM, apenas para manter os seus direitos sobre o personagem.

Criados em 1931 pelo cartunista Chester Gould (1900-1985), os quadrinhos de Dick Tracy pertencem à Tribune Content Agency, empresa que também é dona das ilustrações da saga Amar É…, entre outros personagens. Na década de 1980, depois de várias tentativas frustradas de Hollywood de levar o detetive para o cinema, Warren Beatty decidiu arrecadar as mangas e comprar ele mesmo os direitos de adaptação para o audiovisual.

Apaixonado por Dick Tracy, o ator desembolsou US$ 3 milhões (R$ 16,1 milhão na cotação atual, sem correção monetária) para poder fazer um filme do detetive. Mas, como quase todo contrato do gênero, Beatty precisa realizar de tempos em tempos um novo projeto audiovisual sobre o homem da capa amarela para poder manter os direitos de adaptação do homem da capa amarela. Caso contrário, eles retornam para a Tribune Content Agency. Com a data se aproximando e sem nenhuma previsão de um segundo filme, ele improvisou com o especial.

Mas calma, que a história ainda fica pior: essa nem foi a primeira vez que o ator e diretor precisou fazer isso! Em 2009, Beatty já tinha estrelado outro especial para o TCM, pelo mesmo motivo. Na ocasião, o programa de 30 minutos era apenas uma conversa entre Dick Tracy e o crítico Leonard Maltin, fazendo as vezes de uma entrevista em que o detetive falou sobre sua vida em produções dos quadrinhos, do rádio e do cinema. Curiosamente, Warren Beatty não poderia apenas aparecer com o figurino do personagem e falar como ele mesmo. Era preciso “ser” Dick Tracy no roteiro –caso contrário, o projeto seria considerado um documentário e não serviria para dar um olé no contrato com a Tribune.

Depois de 14 anos, o veterano repetiu sua estratagema, mas com um novo twist: além de Dick Tracy conversar com Leonard Maltin –especificamente sobre tudo o que Warren Beatty fez de errado ao levar sua história para o cinema em 1990–, o próprio Warren Beatty apareceu na conversa para bater boca com o personagem. A coisa toda foi tão surreal que o fictício Dick Tracy chegou a dizer que, caso um novo filme seja realizado, o diretor deveria deixar um ator mais jovem interpretá-lo –Beatty, afinal, está com 85 anos.

Vale ressaltar que, apesar de Dick Tracy nunca ter aparecido em uma continuação de fato, o filme original foi um sucesso de público e de crítica, vencendo três Oscars: canção original, maquiagem e direção de arte. O elenco também chamou a atenção –além do próprio Warren Beatty, a cantora Madonna e o premiado Al Pacino tiveram personagens de destaque, com nomes como Dustin Hoffman, Paul Sorvino (1939-2022), Kathy Bates, James Caan (1940-2022) e Catherine O’Hara em papéis secundários.

Bateu a curiosidade para ver a loucura que é Dick Tracy: Tracy Zooms In? O programa foi disponibilizado na íntegra (em inglês) no YouTube:

Dick Tracy e Warren Beatty se encaram em especial do TCM

Dick Tracy: Tracy Zooms In

Confira o especial que traz o detetive de volta... mas nem tanto

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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