MÚSICA

Big Thief, banda indie norte-americana

Divulgação

Big Thief

Banda indie cancela shows em Israel e é chamada de ‘covarde’ por casa

Indicada a três Grammys. Big Thief tentou tocar no país natal do baixista do grupo, mas sofreu pressão dos fãs nas redes sociais

Luccas Oliveira
Luccas Oliveira

A banda de indie rock norte-americana Big Thief decidiu cancelar os shows que faria em Israel. As duas apresentações estavam marcadas para julho, em Tel Aviv, e foram anunciadas na semana passada. Desde então, os fãs do grupo vinham fazendo pressão nas redes sociais pelo cancelamento, numa forma de apoio à causa palestina.

No comunicado divulgado nesta quinta-feira (9), o Big Thief explicou que se opõe “à ocupação ilegal e à opressão sistemática do povo palestino. Acreditamos na liberdade total e no livre arbítrio para todos os palestinos”.

Parece que a banda, indicada a três Grammys nos últimos anos, já esperava pelo que viria. Ao anunciar os shows na semana passada, o Big Thief explicou que queria conhecer a cidade natal do baixista do grupo, Max Oleartchik, assim como sua família e amigos. “Da mesma maneira que ele tem feito com a gente durante as turnês nos Estados Unidos. É fundamental conviver com nossas famílias. Com esse espírito, decidimos tocar em Israel”, dizia a nota anterior.

Ainda na semana passada, o Big Thief mostrava conhecimento sobre o movimento BDS, que estimula boicotes a shows em Israel como protesto à ocupação palestina. Roger Waters, do Pink Floyd, é um grande porta-voz do BDS. O roqueiro político, inclusive, já pressionou publicamente brasileiros como Caetano Veloso e Milton Nascimento a cancelarem shows no país. Ambos optaram por manter as apresentações.

“Entendemos a natureza inerentemente política de tocar lá, bem como as implicações. Nossa intenção não é diminuir os valores daqueles que apoiam o boicote ou fechar os olhos aos que sofrem. Estamos nos esforçando para estar no espírito de aprendizagem”, dizia a banda.

No novo comunicado, confirmando o cancelamento dos shows, o Big Thief explicou que a intenção de tocar em Israel, “onde Max nasceu, cresceu e atualmente mora, vem da simples crença de que a música cura”. No entanto, “nós agora reconhecemos que os shows que marcamos não honram esse sentimento. Lamentamos por aqueles que magoamos com a imprudência e ingenuidade de nossa declaração original sobre tocar em Israel, e esperamos que aqueles que planejavam ir aos shows entendam nossa escolha de cancelá-los”.

Big Thief: Casa deseja ‘todo o mal do mundo’

Ao menos a casa de shows de Tel Aviv, chamada Barby, não entendeu. O espaço alegou que a ideia de se apresentar lá partiu da própria banda e que eles “não pediam para o Big Thief lutar em nossas guerras”.

Depois, em nota publicada no Facebook, o Barby subiu o tom: “Na verdade, o cancelamento nos deixa triste por vocês, um bando de músicos pobres e covardes que têm medo de sua própria sombra. Como todos os outros. Desejamos a vocês todo o mal do mundo, assim como fizeram aos seus fãs em Israel. E esperamos que, assim como vocês cresceram, que vocês caiam e se tornem mais um episódio passageiro”.

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QUEM FEZ
Luccas Oliveira

Luccas Oliveira

Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.

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