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Anitta em foto de divulgação do próprio documentário da Netflix

Divulgação/Netflix

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De Anitta a BTS: Entenda o poder dos fandoms no Brasil

Com mutirões nas redes sociais, os fãs impactam não só o sucesso comercial dos ídolos, mas também o engajamento de causas como a campanha para jovens tirarem o título de eleitor

Nicolle Cabral
Nicolle Cabral

Desde o dia 12 de março, o nome de Anitta está entre os assuntos mais comentados do Twitter. A brasileira teve, enfim, um single solo na lista de 50 músicas mais ouvidas no Spotify em todo o mundo. Envolver, balada latina que virou hit no TikTok, saiu da 73ª posição para conquistar o 4º lugar do ranking em 12 dias. Boa parte dessa escalada se deve ao fandom (fã-clube, em português) da cantora, que movimenta as redes sociais com a hashtag #Envolver e pede para “tacar stream na lenda”. A ideia é que Anitta chegue ao primeiro lugar da parada musical, feito inédito para um artista brasileiro.

Mas o que é fandom e o que ele faz?

Os fandoms são, basicamente, uma comunidade de pessoas que gravita em torno de uma figura famosa, seja ela um artista ou personagem da ficção. A partir do momento em que eles “vestem a camisa” desse indivíduo, os fãs compartilham questões em comuns, desde interesses até comportamentos.

Na prática, o fandom equivale à multidão que fica na frente de um hotel esperando seu artista favorito aparecer ou os grupos que acampam na frente dos portões de shows. Enquanto isso, no Twitter, eles se organizam em forças-tarefas para divulgar um novo lançamento, um sorteio ou até causas mais sérias. Um exemplo é o fandom do BTS, que, atualmente, está promovendo uma campanha para que os fãs tirem o título de eleitor com a hashtagh TiraOTítuloArmy.

Esse conceito, contudo, não é nem um pouco novo. No Brasil, foi possível sentir essa força nos anos 2000, com a chegada do RBD. Se formos um pouco mais a fundo, essa ideia também chega na Beatlemania, o fanatismo em torno da figura dos Beatles nos anos 1960. Mas, com a internet, tudo isso também se amplifica e expande conexões de outra forma. Agora, eles conseguem impactar diretamente no posicionamento digital do artista e ter uma relação mais horizontal com eles. Além de, claro, influenciar o que as pessoas podem falar dessa figura.

Um ótimo exemplo da atuação dessa “torcida organizada” são os Swifties, fãs da Taylor Swift, que estão sempre antenados e dispostos a defender a figura da artista em qualquer polêmica. Uma rixa já clássica na internet é o desentendimento entre os fãs de Swift e do Kanye West. Os artistas não se gostam há mais de uma década e, sempre que esse combate ressurge, os fãs, de ambos os lados, se movimentam para defendê-los.

Direto para o topo

Quando o assunto é impulsionar a carreira dos artistas, os fandoms também funcionam perfeitamente. O caso mais recente é o de Anitta, com o hit Envolver. Depois dela, a vinda da cantora Miley Cyrus ao Brasil também foi afetada pelo fandom da artista, que a acompanha desde a era Hannah Montana.

Com a data do show no Lollapalooza Brasil marcada para sábado, 26, os Smilers resgataram a faixa Mother’s Daugher, single do EP SHE IS COMING, e colocaram no primeiro lugar dos charts do iTunes Brasil. Com isso, a cantora fez um tuíte dizendo que adicionaria a canção à setlist do show. “Vejo vocês em breve, Brasil”.

Os Arianators (fãs da Ariana Grande) também sabem muito bem se movimentar quando o assunto é o topo das paradas. A lealdade do público da artista fez com que ela fosse a primeira cantora, desde os Beatles, a ter músicas de um mesmo disco na primeira, segunda e terceira posição das paradas da Billboard. Isso não acontecia desde 1964. O álbum em questão é Thank U, Next e os sucessos 7 Rings, Break Up With Your Girlfriend, I’m Bored e a faixa-título.

Além dos serviços de streaming, o YouTube é um ótimo espaço para conquistar números notáveis, especialmente quando o assunto é um novo MV da Blackpink. Com a força da Blink (fã-clube do grupo de k-pop), as produções —quase cinematográficas— ultrapassaram mais de um bilhão de visualizações na plataforma.

A união faz a força

Carinhosamente apelidados de Army (exército), o fandom do BTS é o mais ativo da internet. E eles usam esse fato a favor do próprio grupo —e para muitas causas sociais. Além dos indiscutíveis recordes que o maior grupo musical da Coreia do Sul conquista, o conjunto formado por Kim Namjoon, Kim Seokjin, Min Yoongi, Jung Hoseok, Park Jimin, Kim Taehyung e Jeon Jung-kook influencia os fãs em diversas ações de caridade e movimentos políticos.

Em julho de 2020, por exemplo, o grupo doou US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,1 milhões) para o Black Lives Matter, forte movimento antirracista norte-americano. Além da ajuda direta do grupo, os fãs do BTS se juntaram a outros fandoms para impulsionar a hashtag BlackLivesMatter, o que gerou mais um US$ 1 milhão para a causa.

Dessa força conjunta, também nasceu a iniciativa ARMY Help the Planet, uma ONG (Organização não governamental) que atua em diversas áreas do país para fiscalizar as queimadas e conter os danos ambientais. A mesma instituição também promoveu uma ação para ajudar as vítimas das intensas chuvas de Petrópolis, no início de fevereiro. A comunidade aceitou doações em dinheiro ou PIX, além de coletar itens básicos de higiene, alimentos e água.

No fim, o poder de cada um dos fandoms “move montanhas” para os artistas aos quais são devotos. A missão da vez é conquistar o primeiro número um de Anitta.

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Antes de ser repórter da Tangerina, Nicolle Cabral passou por Rolling Stone, Revista Noize e Monkeybuzz. Nas horas vagas, banca a masterchef para os amigos, testa maquiagens e cantarola hits do TikTok.

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