MÚSICA

Dave Grohl faz careta para o baterista Taylor Hawkins em Terror no Estúdio 666

Divulgação

Crítica

Terror no Estúdio 666, filme do Foo Fighters, é uma piada longa demais

Até o frontman Dave Grohl disse em entrevista que o longa tem muito potencial para o Framboesa de Ouro; filme terá exibições especiais no Brasil neste fim de semana

Luccas Oliveira
Luccas Oliveira

Filme produzido e estrelado pelo Foo Fighters, Terror no Estúdio 666 vai ganhar exibições especiais em algumas capitais pelo Brasil neste fim de semana. O timing é ótimo, afinal, no domingo seguinte, dia 27, a banda americana vai encerrar o Lollapalooza Brasil, em São Paulo, na sexta vez que virá ao país.

Ou seja, para fãs mais ardentes de Dave Grohl e companhia, será uma espécie de aquecimento para o reencontro pós-pandemia. Mas é bom se preparar.

Baseado numa história original de Dave Grohl, o filme Terror no Estúdio 666 pode causar aquele sentimento de vergonha alheia —cringe, para os mais jovens— que o frontman volta e meia induz no palco, com os Foo Fighters. Especialmente se você viu mais de uma apresentação.

Não que os shows da banda sejam ruins, muito pelo contrário. É um grande espetáculo de rock. Mas há piadas repetidas, falatório, brincadeiras internas, interações pouco surpreendentes (Grohl indo para a bateria enquanto Taylor Hawkins canta um cover de Under Pressure, do Queen; alguma criança prodígio subindo ao palco, e por aí vai).

Às vezes, parece que os Foo Fighters se importam muito mais em rir de si mesmos do que exatamente em entreter a plateia. É o que acontece, também, na comédia de terror protagonizada por Grohl, Hawkins, Pat Smear, Nate Mandel, Chris Shiflett e Rami Jaffee. A sensação é a mesma de quando alguém conta uma piada longa demais, que até começa engraçada, mas termina levemente incômoda. Ainda mais por se tratar, no filme, de um terror essencialmente gore.

Cena do filme Terror no Estúdio 666

Terror no estúdio 666 (2022)

Foo Fighters brinca de filme de terror trash no divertido Terror no estúdio 666

Filme do Foo Fighters tem algumas piadas hilárias, mas é pouco

BJ McDonnell, de Terror no Pântano 3 (2013), assina a direção do longa-metragem, que conta com aparições estrelares de Lionel Richie, Jeff Garlin, Will Forte e John Carpenter. Especialista no gênero, Carpenter ainda se ofereceu para compor a música-tema de Terror no Estúdio 666.

Na trama, os Foo Fighters estão sendo cobrados por um executivo da gravadora (Garlin) a finalizar aquele que seria o décimo álbum da carreira —na vida real, Medicine at Midnight, lançado no ano passado, cumpriu este papel. Por ser um número redondo, Grohl quer fazer algo diferente, épico para este disco. O líder da banda resolve, então, seguir os passos de nomes como Pink Floyd e David Bowie e caçar um local que serviria como estúdio não convencional.

Garlin sugere uma mansão em Endino, na região metropolitana de Los Angeles. Lá, 30 anos antes, a banda Dream Widow (“os novos Jane’s Addiction“) foi dizimada após um surto do vocalista. Grohl fica encantado pelos sons da casa e decide montar acampamento —ou melhor, estúdio— por lá. Lógico que a mansão dá palco para uma maldição que já tinha vitimado os Dream Widow e vê uma presa fácil em Grohl e na sua busca por inspiração.

O filme traz algumas piadas hilárias —como uma que compara Foo Fighters e Coldplay— e momentos de diversão para a plateia, só que não é o suficiente para segurar um longa-metragem de 1h46. Se fosse um média de 30, 40 minutos, estava de bom tamanho. Para preencher o tempo, o terror sobressai a comédia, mas a edição peca e o filme é incapaz de entregar um único susto. Parece arrastado e exagerado. O longa funciona muito mais quando quer fazer rir. Nesse sentido, é até divertido o fato de ser protagonizado por atores amadores. Traz valor cômico, mas é pouco.

Potencial para Framboesa de Ouro

O próprio Dave Grohl, em entrevistas, admitiu que o filme do Foo Fighters tem potencial para Framboesa de Ouro, espécie de Oscar ao contrário. E o filme brinca ainda sobre o debate da relevância do rock para a cultura pop, nos dias atuais. Como uma boa banda de estádio, o Foo Fighters sabe que o rock hoje sobrevive quando abraça o entretenimento, a experiência do espectador. O gênero se dá bem quando não se leva tão a sério, como outrora. A banda é boa nisso, mas Terror no Estúdio 666 não acerta o tom.

A boa notícia é que Grohl está liberado para fazer a presepada que quiser no Lollapalooza Brasil. Afinal, no palco, ele costuma acertar a medida.

Dois Pelo Preço de Um – Se na ficção os Foo Fighters não funcionam tão bem, vale dar uma chance a eles enquanto produtores de documentários. Grohl dirige What Drives Us, lançado em 2021, que trata da vida intensa das bandas na estrada. O filme está disponível no Prime Video e traz depoimentos fortes de Flea (Red Hot Chili Peppers), Brian Johnson (AC/DC), Ben Harper, The Edge (U2) e mais.

Pôster do filme Terror no Estúdio 666

Terror no Estúdio 666

Comédia de terror
18

Direção

BJ McDonnell

Produção

Sony Pictures

Onde assistir

Cinema

Elenco

Dave Grohl
Taylor Hawkins
Pat Smear
Nate Mandel
Chris Shiflett
Rami Jaffee
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QUEM FEZ
Luccas Oliveira

Luccas Oliveira

Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.

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