Rock in Rio: Liniker entrega excelência em show com Luedji Luna

A paulista Liniker abriu o último dia de Rock in Rio com um show desenhado exclusivamente para o palco Sunset. O soul Antes de Tudo, do álbum solo Indigo Borboleta Anil (2021), começou a festa.

Antes mesmo de subir ao palco, ela já fez história. Liniker é a primeira cantora transexual a ter um show próprio em um dos dois palcos principais do festival, sem contar participações em apresentações de outros artistas.

Depois da balada autobiográfica em inglês Lili, aplaudida pelo público que já era numeroso mesmo com o horário e o tempo chuvoso, Liniker chorou.

“Estou emocionada por entregar um trabalho com dignidade e excelência para vocês. Dizem que pessoas pretas, travestis, gays não podem, mas a gente pode. E hoje é sobre excelência”, declarou.

R&B com batuques africanos, a canção Presente trouxe o coro confortante “nana no meu colo”. Liniker fechou o número sambando na passarela com seu body laranja felpudo.

“Quem está ouvindo de casa, esse show também é para você”, ofereceu a cantora antes de Psiu. O telão do festival flagrou o casal Lázaro Ramos e Tais Araujo curtindo o show emocionado.

Apresentada por Liniker como uma das grandes compositoras deste país, a baiana Luedji Luna surgiu para sua estreia no Rock in Rio. Com seu timbre que transmite potência e paz, ela cantou Goteira sem Liniker, mas acompanhada pela banda da amiga. A canção está no álbum mais recente de Luedji, Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água (2020), que vai ganhar uma versão estendida nos próximos meses.

De volta ao palco, agora em figurino prateado, Liniker cantou com Luedji Lua de Fé, canção que escreveu quando soube da gravidez da amiga. A dupla até mandou um beijo para o pequeno Dayo, de 2 anos. “Um beijo para Dayo e todos os nenês do Brasil”, gritou Liniker ao fim da música.

“Bora cantar aquele hit?”, convidou Luedji. As cantoras então vieram com Banho de Folhas, grande sucesso do disco de estreia da baiana, Um Corpo no Mundo (2017). A versão em dupla ganhou mais groove e uma cadência diferente dos batuques.

“Saúde, justiça, prosperidade, axé! fiquem vivas, fiquem vivos. Votem certo”, desejou Luedji antes de se despedir do palco. Participação potente e excelente como a arte dela, que merece ganhar um show próprio no próximo Rock in Rio.

Liniker no Rock in Rio

Liniker seguiu a performance em clima de baile soul. Foi assim que chegou Zero, uma das três músicas que revelaram a cantora paulista no EP Cru (2015), quando ainda era acompanhada pela banda Caramelows. “Deixa eu bagunçar você!”, cantavam Liniker e a Cidade do Rock.

Baby 95, que Liniker já tinha apresentado no confuso show em homenagem ao Rock in Rio de 1985, voltou ao palco Sunset. Agora num contexto muito mais favorável, o final em tom de sambinha esquentou o clima de inverno carioca. Tanto que o público berrou gritos contra Bolsonaro. “Bora votar certo!”, pediu Liniker.

O samba-enredo Vitoriosa, gravado originalmente com orquestra, encaminhou o encerramento do show. Diz Quanto Custa, samba rap gravado com a rapper Tássia Reis, foi a despedida final de Liniker, que prometeu excelência ao Rock in Rio, e entregou.

Em seu último dia desta edição, o festival terá uma programação quase 100% feminina. Ivete Sangalo, Rita Ora, Megan Thee Stallion e Dua Lipa cantam no palco Mundo. Já o Sunset ainda terá um show em homenagem a Elza Soares, além de Macy Gray e Ludmilla.