MÚSICA

MC Braz é expoente do funk mineiro

Divulgação/Milkshake Estúdio

ENTREVISTA

Como cotovelada ajudou MC Braz a mudar o panorama do funk mineiro?

Expoente do funk mineiro, MC Braz era roqueiro até tomar golpe no nariz durante show de MC Pedrinho. 'Pensei: O que esse cara tem de especial?', diz

Luciano Guaraldo

Quando se fala em funk, o resto do mundo pensa na mistura de jazz, blues e r&b; os cariocas pensam nas batidas rápidas e repletas de palavrão, enquanto os paulistas pensam no estilo ostentação. Mas, nos últimos dez anos, Belo Horizonte começou a ganhar espaço na cena musical e a apresentar o funk mineiro para o resto do país –e, por que não, do mundo. Um dos expoentes do ritmo, MC Braz começou sua história com uma cotovelada.

“Eu não gostava de funk, né? Foi um processo que aconteceu devagarzinho. Tinha só uma música no meu telefone, Baile dos Ratos, do Delano, que eu achava que era a única que prestava; de resto não gostava de nenhuma, falava que era tudo ruim. Só ouvia rock”, admite o artista em conversa com a Tangerina. “Aí, quando eu tinha uns 13 para 14 anos, comecei a sair e fui num show do MC Pedrinho.”

“Fui como público mesmo, mas vi todo mundo babando ovo naquele cara. Tomei até uma cotovelada no nariz, porque uma menina foi invadir o palco, tentou pegar impulso para subir e acabou me acertando. Levei uma no nariz, fiquei lá espirrando no meio do rolê, e pensei: ‘Caramba, que loucura! Todo mundo quer chegar perto desse cara. O cara só tá cantando, velho, e todo mundo tá querendo encostar a mão nele. Que é que ele tem de especial?’. Aí falei: ‘Gostei desse negócio aí, de a galera ficar doida com um ser humano'”, lembra Braz.

Nascia ali, daquela cotovelada, um novo ídolo do funk mineiro. “Comecei a tomar gosto, a escrever umas letrinhas na escola, e depois decidi ir atrás de alguém para produzir. Mas não tinha contato nenhum, então foi muito difícil no início, não sabia nem como funcionava. Com o tempo foi acontecendo, conheci uma pessoa aqui, outra ali, fui fazendo meus contatos. Até que, em 2017, estourei minha primeira música regional. Aí tudo mudou, né?”

“Já tinha três anos cantando, sem conseguir nada, mas depois disso começaram a aparecer oportunidades um pouco melhores, não precisava mais pagar para produzir, porque os DJs já me conheciam, já ouviam a minha música, já gostavam da minha voz. Os DJs é que vinham atrás de mim. Comecei a fazer a música com custo quase zero, né? Meu custo era só a condução na época, porque eu ainda andava de ônibus. E foi isso, tudo foi se encaminhando.”

E como foi. O busão virou uma motoca quando Braz completou 18 anos e, hoje, aos 23, ele usa até avião para levar seu som para lugares nunca antes sonhados. Como a Europa. Em abril, fez sua segunda turnê por lá. “Nunca imaginei que eu faria show em outro país, muito menos em outro continente, nem que as pessoas iam conhecer minha música. Eu cantava e a galera cantava junto, foi uma surpresa a minha primeira vez lá. Achei que iam conhecer só Kikando e Me Olhando, que era minha música mais estourada, mas eles sabiam todas!”, se admira.

O mais curioso? O primeiro show de Braz em Portugal foi em um festival justamente com MC Pedrinho –aquele do show que motivou sua carreira. “Nunca tinha trocado ideia com ele pessoalmente, mas cheguei no camarim e falei: ‘Você acredita que eu comecei a cantar por causa de você, velho? E agora estou aqui, tendo a oportunidade de fazer uma turnê em outro país pela notoriedade do meu trabalho, e tudo isso começou por causa de você'”, conta. A parceria deu tão certo que rendeu uma música, Joga um Poquim, lançada há um mês e que também conta com com MC Rick.

Mas falta um elemento que ligou essa história toda, não? O que aconteceu com a garota que deu a fatídica cotovelada naquele show de nove anos atrás? “Tenho contato com ela até hoje, acredita?”, entrega o músico.

MC Braz, MC Pedrinho e MC Rick no clipe de Joga um Poquim

Joga um Poquim

Confira o clipe da parceria de MC Braz, MC Pedrinho e MC Rick

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QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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