Divulgação/Marco Onofri
Com participação de Supla e setlist cheia de clássicos, Rockin' 1000 fez estreia no Brasil, com show no Allianz Parque, no sábado (1º)
O carisma e a emoção dos membros de uma banda no palco são elementos importantes para estimular uma boa resposta do público. Ver mil pessoas fazendo um show e aproveitando cada faixa tocada transforma a experiência em algo ainda mais especial. Considerada a maior banda do mundo, a Rockin’ 1000 fez a sua estreia no Brasil com uma apresentação no Allianz Parque, em São Paulo, no sábado (1º).
O gramado do estádio foi todo coberto pelos músicos, criando um palco de 360º. O público, de 30 mil pessoas, foi distribuído entre as cadeiras inferiores e superiores. Para tornar a apresentação de cerca de 1h30 mais dinâmica, Supla foi o anfitrião da noite, animando a plateia e introduzindo os momentos mais importantes do show. O ator e cantor André Frateschi e Daniel Plentz (da banda Selton) foram os maestros que conduziram os mil músicos.
O Rockin’ 1000 foi formado em 2015 como uma inciativa do italiano Fabio Zaffagnini, com o objetivo de chamar a atenção do Foo Fighters para um show em Cesena, comuna da Emilia-Romagna. O que começou como uma brincadeira se profissionalizou. A formação em São Paulo contou com apenas 21 italianos, contra 871 brasileiros. Franceses, alemães e diversas outras nacionalidades ajudaram a compor a banda.
O número de membros do Rockin’ 1000 exige uma infraestrutura única. Foram mais de dez minutos para a entrada dos músicos no gramado do Allianz Parque. O anúncio de cada instrumento, comandado por Supla, virou uma atração à parte. Os roqueiros são posicionados em diferentes sessões do estádios e entram seguindo uma bandeira, como turistas ao lado de um guia de excursão.
Antes do início do show, os músicos são submetidos a um juramento, que inclui seguir as indicações da produção, não tocar os instrumentos durante intervalos e “tocar somente as notas necessárias e mais nenhuma outra”. As regras foram seguidas à risca pelos 283 guitarristas, 148 baixistas, 296 cantores, 213 bateristas e 60 tecladistas.
No início da apresentação, os olhos ainda ficam perdidos, sem saber para qual seção de músicos acompanhar. O show não conta com grandes cenografias, além de uma passarela no meio do estádio que conecta os palcos dos dois maestros. No entanto, a iluminação guia o público, dando maior destaque para cada instrumento ao longo das músicas.
Como não há grandes detalhes ou protagonistas, o Rockin’ 1000 conta com apenas dois telões nas extremidades superiores do estádio. Grande parte das imagens é feita com drones, para dar conta de mostrar a densidade de músicos. Alguns câmeras ainda circulam pelo gramado, dando destaque para os roqueiros mais entusiasmados.
Allianz Parque, em São Paulo, recebeu o Rockin' 1000 no sábado (1º)
Lucas Almeida/Tangerina
A setlist é composta pelos maiores clássicos do rock. A abertura já foi com Enter Sandman, do Metallica. Under Pressure (Queen), Born To Be Wild (Steppenwolf) e Paradise City (Guns N’ Roses) também apareceram na seleção. Sucessos mais recentes, como Don’t Look Back In Anger, do Oasis, ou Seven Nation Army, do The White Stripes, ajudaram a conquistar o público mais jovem do estádio.
Os cantores do Rockin’ 1000 dividem os microfones entre duplas e trios — homens e mulheres ficam separados. A sensação é de estar ouvindo a uma multidão cantando, sem grandes distinções de vozes ou um entendimento claro das palavras pronunciadas. Isso não chega a ser um problema. As músicas já são tão conhecidas que o público só quer somar ainda mais vozes ao coro, em uma espécie de karaokê coletivo.
O rock nacional ainda ganhou uma breve homenagem. Sérgio Dias, dos Mutantes, se uniu às centenas de guitarristas em A Minha Menina. Tanto Supla quanto André Frateschi não se inibiram de repetir a clássica expressão “toca Raul”, antes de um cover de Metamorfose Ambulante, de Raul Seixas (1945-1989).
No meio da apresentação, o fundador do Rockin’ 1000, Fabio Zaffagnini, ainda foi ao meio do gramado para ler um texto em português sobre a importância dos milhares de roqueiros no local. Afirmando que era impossível identificar profissões ou outras diferenciações sociais entre os músicos, ele passou uma moral: “Não busquem o singular, procurem o plural. Porque os maiores sonhos são coletivos e são alcançados se tivermos unidos”.
Lucas Almeida
Repórter. Passou pela MTV Brasil e Veja.com. É fã de um pop triste e não deixa de ouvir todos os lançamentos musicais da semana.
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