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Cantor, que completa 80 anos neste domingo, foi o responsável por faixas que marcaram a carreira de diversos artistas brasileiros
Caetano Veloso, que completa 80 anos neste domingo (7), teve como primeiro trabalho musical a composição da trilha de uma versão da peça Boca de Ouro (de Nelson Rodrigues), em 1963. No ano seguinte, o diretor da produção, Álvaro Guimarães, ainda repetiria a parceria para uma produção de A Exceção e a Regra, de Bertolt Brecht. O relacionamento próximo com a composição não deixaria mais o artista baiano.
As letras de Caetano Veloso não se contiveram à sua discografia. Composições do cantor já foram encomendadas por diversos outros artistas ao longo da carreira. A Tangerina lista algumas das maiores vozes que interpretaram as letras de Caetano, desde os anos 1960.
As parcerias de Caetano começaram na família. Maria Bethânia já participou do próprio Boca de Ouro, com as composições do irmão mais velho.
Uma pesquisa divulgada pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) em 2020, mostrou que a cantora ficava em segundo lugar na lista de artistas que mais gravaram composições do baiano. Ela só perde para Gal Costa.
O clássico Reconvexo, do álbum Memória da Pele (1989), por exemplo, é uma das composições feitas por Caetano, em uma homenagem ao Recôncavo Baiano.
Campeã das gravações de Caetano Veloso, Gal Costa o conheceu em 1963, através de Dedé Gadelha, futura mulher do cantor. As décadas de parceria foram consagradas com o álbum Recanto (2011), formado exclusivamente por composições inéditas do amigo. Ele ainda foi diretor artístico e produtor do projeto. A segunda função foi dividida com o filho mais velho, Moreno Veloso.
No entanto, a música de Caetano mais conhecida na voz de Gal é Baby, que integrou o Tropicalia ou Panis et Circencis (1968). No Facebook, Caetano contou que o pedido de uma faixa com a palavra em inglês partiu de Bethânia, na verdade. “Além disso, trazia uma frase em inglês, um tipo de coisa que começou a ser feita mais adiante. Houve momentos em que me arrependi desses artifícios, mas noutras ocasiões me senti orgulhoso de, naquela fase, ter sido meio pioneiro”, escreveu.
A amizade de Caetano Veloso e Roberto Carlos foi marcada por uma composição, em especial. Em 1978, os dois se encontraram nos estúdios da Globo, depois de um longo tempo sem se ver. Como contado no livro Roberto Carlos em Detalhes, de Paulo César de Araújo (editora Planeta, 2015), o Rei se lembrou de dizer “artista nunca envelhece”, ao ser elogiado pela aparência jovial.
A frase inspirou Caetano a escrever Força Estranha, com os versos “eu vi muitos cabelos brancos/ Na fronte do artista/ O tempo não para e no entanto/ Ele nunca envelhece”. Ele mandou para Roberto, que decidiu gravá-la em um disco autointitulado, de 1978.
Um dos maiores sucessos de Baby do Brasil é uma composição de Caetano Veloso, da época em que ela ainda usava o nome de Baby Consuelo. No livro Letra Só (publicado em 2003 pela Companhia das Letras e organizado pelo poeta Eucanaã Ferraz), o cantor explicou a história da letra de Menino do Rio.
A música fala sobre o surfista José Artur Machado, que frequentava o bairro de Ipanema e era amigo de Caetano. Baby era uma admiradora do rapaz e fez a “encomenda” da composição durante uma visita à casa do cantor, quando José também estava lá. A faixa entrou para o álbum Pra Enlouquecer (1979).
No primeiro show de Céu no Rio de Janeiro, ela recebeu a visita de Caetano Veloso. Aos jornalistas que estavam no local, o cantor afirmou que ela era “o futuro da música brasileira”. “Isso permeou a minha carreira para sempre, inclusive fora do Brasil”, contou a artista em uma entrevista ao Canal Brasil, citando momentos no exterior em que a perguntaram sobre o comentário do ídolo.
A amizade seguiu e ela decidiu pedir uma composição de Caetano para o álbum APKÁ (2019), por e-mail. Ele estava em turnê, na época, mas respondeu com a letra de Pardo. “Eu amei o tema, eu amei tudo. A generosidade dele em eu poder cantar a composição da minha maneira, mesmo sendo uma música dele”, comemorou ela ao Correio Braziliense, na época do lançamento.
Lucas Almeida
Repórter. Passou pela MTV Brasil e Veja.com. É fã de um pop triste e não deixa de ouvir todos os lançamentos musicais da semana.
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