NO PALCO

Tiago Barbosa e Rômulo Weber em Clube da Esquina

Divulgação/Júlio Mello

OS SONHOS NÃO ENVELHECEM

Musical do Clube da Esquina corrige injustiça e dá luz a Márcio Borges

Em entrevista exclusiva, Rômulo Weber fala sobre como é dar holofote para o compositor que ajudou Bituca a virar Milton Nascimento

Luciano Guaraldo

Quando se fala em Clube da Esquina, é natural que se pense em Milton Nascimento, Lô Borges ou Beto Guedes. Nomes como Toninho Horta, Wagner Tiso e Márcio Borges, que ficavam nos bastidores, recebem menos holofotes –a não ser que você visite Belo Horizonte, que respira o grupo em cada esquina. Mas o musical Clube da Esquina – Os Sonhos Não Envelhecem corrige essa injustiça ao dar a todos os integrantes a chance de brilhar.

“Não só eles, mas também Fernando Brant [1946-2015], Ronaldo Bastos, Robertinho Silva, Naná Vasconcelos [1944-2016]… São pessoas que fizeram o Milton Nascimento entender que ele era muito mais do que só o Bituca, que ele era um expoente da música brasileira. E mundial também, por que não?”, aponta Rômulo Weber, que vive Márcio Borges no espetáculo, em conversa exclusiva com a Tangerina.

Márcio recebe ainda mais destaque –e Rômulo, por consequência– porque o espetáculo dirigido por Dennis Carvalho é baseado no livro Os Sonhos Não Envelhecem: Histórias do Clube da Esquina, lançado pelo compositor em 1996. “Assim, ele finalmente ganha a sua devida importância, acaba tendo bastante evidência”, justifica o ator, que admite que não teve muitos registros físicos de Borges para ajudar na composição do personagem.

“Eu tive pouquíssimo material. Na verdade, foi difícil para todo mundo, porque nós temos poucos registros fotográficos, até do Milton Nascimento quando jovem. Mas eu tive menos ainda (risos)”, confessa. Ele vê, no entanto, um lado positivo nisso: “Minha responsabilidade de ficar parecido com o Márcio é menor, porque o público não tem a imagem dele impressa na memória. O Bituca, a Elis [Regina], o Lô e o Beto são figuras mais difundidas. E o público naturalmente espera uma semelhança física, vocal, gestual”.

Rômulo Weber e Márcio Borges nos bastidores do espetáculo

Rômulo Weber conheceu o Márcio Borges da vida real

Divulgação/Arquivo pessoal

Weber ressalta que não gosta da ideia de ir ao teatro esperando ver um sósia no palco. “Acho essa cobrança por ver uma imagem idêntica um pouco rasa. Claro que é lindo ter uma semelhança, mas rola uma pressão que não é saudável. Como espectador, me toca mais quando vejo um ator cantando do que alguém muito parecido fazendo playback. Tem cenas do musical que o Tiago [Barbosa, que dá vida a Milton] se emociona tanto que a voz não sai. Isso é lindo, e no playback seria impossível”, elogia.

Ainda assim, Rômulo Weber recebeu a bênção de Márcio Borges para vivê-lo na peça. “Conheci o Marcinho na estreia em Belo Horizonte, e ele estava muito emocionado. Ele é bem emotivo, assim como eu, que sou chorão (risos). Então foi um encontro muito bonito e intenso. Parece que o nosso santo bateu, sabe? Acho que ele viu duas vezes em Belo Horizonte, depois no Rio de Janeiro e agora em São Paulo também”, lembra.

E, após a aprovação dos músicos originais do Clube da Esquina e a aposentadoria de Milton Nascimento dos palcos, os atores do musical subitamente se viram com a missão de continuar o legado do grupo. “Parece até petulante de minha parte dizer isso, mas eu me sinto parte do movimento, como se eu fosse um integrante do Clube da Esquina (risos). É muito incrível nós estarmos em cartaz justamente nesse momento, acho que muita gente vai ver o musical porque não conseguiu ir ao Mineirão [para o último show de Bituca].”

Clube da Esquina – Os Sonhos Não Envelhecem está em cartaz no Teatro Liberdade (R. São Joaquim, 129, São Paulo), com sessões quintas e sextas, às 21h; sábados, às 16h e às 21h; e domingos, às 19h. A temporada segue até 18 de dezembro. Os ingressos custam de R$ 37,50 a R$ 240 e podem ser adquiridos pela plataforma Sympla.

Informar Erro
Falar com a equipe
QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

Ver mais conteúdos de Luciano Guaraldo

0 comentário

Tangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.

Acesse sua conta para comentar

Ainda não tem uma conta?