NO PALCO

Vinícius Loyola no musical Ney Matogrosso - Homem com H

Divulgação/Adriano Dória

NO TEATRO

Sem imitação, Vinícius Loyola vira Cazuza e emociona Ney Matogrosso

Depois de viver Gugu Liberato e Sérgio Mallandro em musical sobre Silvio Santos, ator encara a bandana e o rock do cantor

Luciano Guaraldo

Aos finais de semana, Vinícius Loyola troca seu violão por uma bandana e os óculos escuros que viraram símbolos de Cazuza (1958-1990). O ator incorpora o ícone nacional no musical Ney Matogrosso – Homem com H, e sua interpretação sutil emocionou até mesmo o ex-integrante dos Secos & Molhados –que havia namorado o roqueiro no fim dos anos 1970.

“Foi muito especial o dia em que o Ney foi no ensaio conversar conosco, e todos percebemos que estamos interpretando uma história viva. Ele olhou para mim e falou: ‘Ai, Caju, que legal te ver aqui’. Fiquei sem palavras”, lembra Loyola em conversa exclusiva com a Tangerina –Caju, para quem não sabe, era a maneira como os amigos de Cazuza se referiam a ele na intimidade.

Receber o aval de Ney Matogrosso era um ponto importante para o ator. Afinal, não é fácil interpretar um personagem que existiu de verdade, e que tanto marcou uma geração de brasileiros. Loyola sabia que seria cobrado por quem cresceu ouvindo Cazuza. E ele mesmo se pressionava para fazer o melhor trabalho possível, sem cair em uma mera imitação de Agenor de Miranda Araújo Neto.

“É muito difícil fazer uma pessoa real. No [musical] Silvio Santos Vem Aí, eu fazia o Gugu Liberato [1959-2019] e o Sérgio Mallandro, mas tinha muita caracterização para me ajudar. Para o Cazuza, eu tenho a bandana, os óculos, e só. Com o Gugu e o Mallandro, tudo era mais caricato, mas o Cazuza é mais realista, eu não posso exagerar tanto na forma. Fui buscar outras possibilidades.”

Sem recorrer à imitação, Loyola mergulhou fundo em gravações de Cazuza para captar características que o ajudassem na atuação. “Ele tinha a língua presa, alguns trejeitos quando se apresentava, quando falava. São coisas em que eu posso me apegar mais. Mas é difícil encontrar um equilíbrio, porque as pessoas gostam muito, querem ver o mais parecido possível com o que ele era. Então, por mais que eu queira fazer minha construção, tenho que respeitar essa expectativa do público também”, ressalta.

Para ajudá-lo a achar esse ponto de equilíbrio, Vinícius recorreu a dois amigos que já tinham passado por experiência parecida no teatro: Tiago Abravanel –que fez sucesso ao viver Tim Maia (1942-1998)– e Amanda Acosta, que deu vida a Bibi Ferreira (1922-2019). “Eu conversei muito com eles, e nós concluímos que não dá para imitar. Precisa encontrar a energia, entende? Se você pegar um CD do Cazuza para ouvir, eu não faço igual, mas tento buscar a energia de como seria assistir a um show ao vivo dele. E aí entra muito a observação do ator, que consegue se apegar a detalhes”, explica.

O feedback de quem assistiu, assegura o intérprete, tem sido tão positivo quanto o que recebeu de Ney Matogrosso durante os ensaios. “As pessoas têm dito que se emocionam muito. É fruto de muita dedicação diária. Eu já sabia da importância do Cazuza para a música e para o Brasil, queria muito mergulhar nesse universo. É um lugar de liberdade, de transgressão, que mexe com a gente. Depois desse espetáculo, não sou mais o mesmo artista. Não tem como sair de uma temporada dessas do mesmo jeito que você entrou”, finaliza o ator.

Ney Matogrosso – Homem com H está em sua última semana em cartaz. As apresentações acontecem no 033Rooftop, no piso superior do Teatro Santander (Av. Juscelino Kubtscheck, 2041, São Paulo), com sessões nesta sexta (4), às 20h30; sábado (5), às 15h30 e às 20h30; e domingo (6), às 15h30 e às 20h. Os ingressos estão à venda na plataforma Sympla e custam de R$ 37,50 a R$ 250.

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QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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