Divulgação/Prime Video
Remake de filme austríaco estreia na plataforma de streaming nesta sexta-feira (16); Naomi Watts, Cameron Crovetti e Nicholas Crovetti encabeçam o elenco
Na era dos remakes no cinema e na TV, uma nova versão de uma obra aclamada quase sempre recebe olhos tortos por parte do público. Pior ainda quando a produção “repaginada” é uma tentativa de Hollywood de reproduzir para o grande público um produto que, de certa maneira, não precisaria ganhar uma roupagem norte-americana para ser considerada boa.
Em certas ocasiões, alguns destes remakes e reboots acertam em cheio, seja na tentativa de reproduzir o que deu certo ou entregar uma história semelhante, mas com diferentes contextos ou pontos de vista. Felizmente, este é o caso de Boa Noite, Mamãe (2022), filme estrelado por Naomi Watts (King Kong) que estreia no Prime Video nesta sexta-feira (16).
Dirigido por Matt Sobel (Vingança Sabor Cereja), Boa Noite, Mamãe é o remake de um filme austríaco de mesmo nome lançado em 2014 e muito elogiado no circuito europeu. Com Naomi Watts estrelando a versão norte-americana, o longa pouco se difere em relação ao original, e o resultado disso é um suspense de explodir cabeças.
Caso a pessoa já tenha visto a obra original, não há muitos motivos para assistir à versão do Prime Video. A trama principal é exatamente a mesma: dois irmãos gêmeos, Elias (Cameron Crovetti) e Lucas (Nicholas Crovetti) retornam para a casa de sua mãe (Naomi Watts) após passar uma temporada com o pai (Peter Hermann). Ao chegarem em seu lar, eles descobrem a matriarca, uma atriz conhecida, com o rosto coberto por uma máscara de proteção após fazer um procedimento estético.
Naomi Watts em Boa Noite, Mamãe
Divulgação/Prime Video
O que parecia ser uma volta à rotina normal transforma-se em um drama para os dois irmãos. Elias e Lucas reparam que a máscara não é a única coisa diferente em sua mãe, que começa a agir de modo suspeito e assume uma personalidade completamente oposta àquela que estavam acostumados. Em vez da mulher amorosa e devota aos filhos, eles encontram uma pessoa fria e que sequer se lembra da música que cantava para eles aos colocá-los para dormir.
A desconfiança dos garotos reflete na atitude da mãe, que passa a ser cada vez mais severa nas broncas e conversas para fazê-los desistir de continuarem investigando alguma coisa. O conflito escala de maneira rápida, e o que parecia ser um mero mistério de troca de identidade se transforma em um suspense psicológico extremamente bem executado nas mãos de Sobel.
Diferentemente da versão austríaca, que inclina muito mais para o gênero de terror, o novo Boa Noite, Mamãe faz da intriga entre mãe e seus filhos um prato cheio para os fãs de um bom thriller psicológico. As várias reviravoltas no roteiro –para quem não assistiu ao original– são capazes de deixar o público na ponta do sofá, sempre jogando o rótulo de “suspeito da vez” de um lado para o outro.
Quem é a mulher por baixo das bandagens? Por que ela deixou de ser carinhosa com os filhos e os impede de entrar no celeiro? Estas são apenas duas das muitas questões discutidas no longa. Boa Noite, Mamãe é intrigante, tenso, mas nunca assustador. Se para os fãs do original isso pode ser um demérito, para outros é mais um motivo para não tirar os olhos da televisão.
Os irmãos Cameron Crovetti e Nicholas Crovetti
Divulgação/Prime Video
Parte do bom resultado do remake está no trabalho de seu elenco. Enquanto Naomi convence como uma mulher que não aparenta ser quem ela diz ser, os irmãos Cameron e Nicholas –o primeiro, inclusive, um dos destaques de The Boys como o filho de Capitão Pátria— dão um show de interpretação. A dupla poderia cair na armadilha de soar como jovens mimados e estranhos, mas o drama e a paranoia de não reconhecerem a mãe que tanto amavam estão constantemente estampados em suas faces.
Boa Noite, Mamãe não reinventa a roda do gênero, tampouco entrega algo de novo em comparação com o longa original. Contudo, o remake justifica a sua existência ao fazer o que deveria ser regra para este tipo de produção: não mexa no que dá certo e potencialize o que pode ficar ainda melhor. Para quem não assistiu ao longa de 2014, a versão pode muito bem suprir este vazio cinematográfico.
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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