Justiceiras junta todos os clichês de filmes teen e ainda surpreende

Assim que foi confirmado pela Netflix, Justiceiras (2022) já chamou a atenção por juntar estrelas jovens de Hollywood em um mesmo filme. Camila Mendes, de Riverdale, divide os holofotes com Maya Hawke, de Stranger Things, mas o elenco –chamado pela própria diretora, Jennifer Kaytin Robinson (Alguém Especial), de “jovens Vingadores”– vai além.

Também aparecem no filme, como jovens em uma escola de elite de Miami, Austin Abrams (Euphoria), Alisha Boe (13 Reasons Why), Jonathan Daviss (Outer Banks), Maia Reficco (Pretty Little Liars: Um Novo Pecado), Rish Shah (Ms. Marvel), Ava Capri (Love, Victor) e mais. É realmente como se Jennifer tivesse tirado um ator de cada série teen do momento. 

A fórmula fica ainda mais interessante com o enredo. Em Justiceiras, Drea (Camila Mendes) é a menina mais popular da escola até ter um vídeo íntimo vazado pelo namorado. Já Eleanor (Maya Hawke) é a aluna nova, que sofreu no passado com rumores espalhados por uma menina de quem ela gostava. As duas, então, acabam se unindo com o objetivo de se vingarem.

Maya Hawke e Camila Mendes em cena de Justiceiras

Divulgação/Netflix

E é na união de Camila Mendes com Maya Hawke que o filme mais acerta. As duas têm uma química imbatível em cena, com um timing muito bom para a comédia –que é cheia de ironias, indiretas e humor ácido–, mas também com uma conexão emocional que faz qualquer um torcer por ambas, mesmo quando elas estão usando métodos questionáveis para completar a vingança.

Mas, mais do que aproveitar a química entre as protagonistas, Justiceiras também usa e abusa dos clichês de filmes teen: você vai ver o ambiente escolar dividido por grupinhos –com direito a uma cena bem Meninas Malvadas (2004)–, amizades e romances improváveis, o cara rico e popular que, na verdade, é um boy lixo, e as clássicas festas que nenhum estudante escolar poderia frequentar legalmente.

Maya Hawke e Camila Mendes têm uma ótima química no filme

Kim Sims/Netflix

A diferença, aqui, é que, mesmo seguindo tantos clichês, o filme ainda surpreende, tanto em reviravoltas na própria história quanto em momentos mais profundos e emotivos dentro da comédia. É interessante como, mesmo tendo como foco principal o humor, Justiceiras ainda traz reflexões sobre traumas e sobre como ninguém é 100% vítima ou 100% vilão o tempo inteiro, especialmente no ensino médio.

Mas, claro, são questionamentos e reflexões reais em meio à muita idealização. Os figurinos e aparências são minuciosamente pensados para serem perfeitos, e muitos dos atores são bem mais velhos do que os personagens que representam. A fotografia e a direção de arte, aliás, são impecáveis. Mas não dá pra negar que tudo passa longe da vida de um adolescente normal.

Em meio a tantas mudanças e reviravoltas ao longo de toda a narrativa, a resolução final acaba surgindo de maneira muito fácil para as protagonistas. Ainda assim, é satisfatório e faz sentido dentro daquilo a que o filme se propõe. Pontos extras pela trilha sonora que inclui Olivia Rodrigo, Rosalía e Billie Eilish.

Maya Hawke e Camila Mendes no filme Justiceiras

Divulgação/Netflix

Em uma das primeiras entrevistas de divulgação do longa, para a revista Elle norte-americana, a diretora disse que queria que o público se divertisse com Justiceiras. “É apenas um filme divertido que parece descolado, bonito e que é estrelado por vários atores excelentes”, resumiu. Bem, ela não poderia ter explicado melhor.