Deixa Ela Entrar: Série é alento em meio à nova febre de vampiros

Um dos subgêneros de terror mais populares da cultura pop, as histórias de vampiros sempre estiveram em alta. Da saga Crepúsculo a séries como True Blood (2008-2014) e o universo de The Vampire Diaries (2009-2017), estas obras causam verdadeiras febres entre os fãs. Deixa Ela Entrar, nova aposta do Paramount+ para explorar este nicho, pode ser considerado um alento.

Em 2022, histórias sobre vampiros mais uma vez voltam ao topo da disputa por audiência. Em tempos de domínio quase absoluto de Marvel e Game of Thrones (2011-2019), os fãs das tramas sobrenaturais receberam a bem-sucedida What We Do in the Shadows, que já coleciona duas indicações ao Emmy, e Entrevista com o Vampiro –esta ainda sem data para estrear no Brasil, mas que já deu início a um novo “universo compartilhado” nos Estados Unidos.

Diferentemente das suas rivais, Deixa Ela Entrar opta por outro caminho. Se What We Do in the Shadows explora o humor e Entrevista com o Vampiro investe em seu lado gótico-sexual, a aposta do Paramount+ tem como maior trunfo o drama familiar. A história de um pai que enfrenta –literalmente– tudo para encontrar uma cura para o “vírus” de sua filha comove além da já batida história do bem contra o mal.

Idealizada por Andrew Hinderaker, Deixa Ela Entrar é a mais nova adaptação do romance sueco de mesmo nome escrito por John Ajvide Lindqvist. Anteriormente, a obra inspirou dois longas-metragens: um também sueco, de 2008, e um norte-americano, de 2010, estrelado por Chloë Grace Moretz (Periféricos) e Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães).

Isaiah (Ian Foreman) e Eleanor (Madison Taylor Baez)

Divulgação/Paramount+

Para se distanciar das outras adaptações, Hinderaker expandiu a trama base do material original. No centro da história estão Mark (o indicado ao Oscar Demián Bichir) e Eleanor Kane (Madison Taylor Baez), pai e filha que se mudam para Nova York com a intenção de ficar para sempre depois de anos vivendo como nômades pelo país.

Por trás da imagem de pai e filha tradicional, os dois guardam um segredo: Eleanor é uma vampira. Mordida há 10 anos de maneira misteriosa, ela manteve a aparência de uma pré-adolescente e é obrigada a viver escondida em seu apartamento. Para evitar ser destruída pela luz do sol, a jovem sai apenas durante a noite, enquanto Mark tem a responsabilidade de encontrar o sangue para suas refeições.

Mesmo com tantas dificuldades, ele mantém a esperança de que vai encontrar a cura para acabar com o vírus “vampiresco” da filha. O relacionamento que eles compartilham e que os torna eternamente ligados pela tragédia é o coração pulsante –e sangrento– da nova série.

Bem ao lado dos recém-chegados à cidade mora a outra metade do principal núcleo de Deixa Ela Entrar. Eleanor tem como vizinho Isaiah (Ian Foreman), garoto negro de 10 anos apaixonado por mágica que mora com sua mãe, a policial Naomi (Anika Noni Rose). Alvo de bullying e provocações na escola, ele encontra na garota a sua primeira amizade verdadeira, e ambos criam um vínculo delicioso de se acompanhar.

Madison Taylor Baez, Ian Foreman e Anika Noni Rose

Desconectada destas subtramas está Claire (Grace Gummer), que descobriu que o irmão que ela achava estar morto há anos, na verdade, também é um vampiro e foi mantido vivo por seu pai, Arthur (Zeljko Ivanek), de quem ela se afastou após inúmeras brigas. Com o patriarca moribundo por enfrentar um câncer terminal, ela é escolhida para herdar a milionária herança e encontrar um meio de, também, achar uma cura para salvar o irmão.

Enquanto a série é competente ao criar expectativas no espectador para descobrir a origem daquilo que está fazendo que as pessoas se tornem vampiras, esse quebra-cabeça é menos interessante do que ver o impacto da transformação dos personagens em um nível mais profundo. O que tornou o filme original e o remake tão distintos foi a mistura do sobrenatural com o existencial. Ao investir neste lado, Deixa Ela Entrar faz do drama entre Mark e Eleanor a principal força da sua primeira temporada.

Com dez episódios confirmados, Deixa Ela Entrar tem muitas questões que precisam ser respondidas sobre seu universo. No entanto, mesmo sem o milenar embate de mocinhos versus criaturas da noite, a série mostra ter fôlego para competir com outras rivais do gênero sem apelar para (mais) sangue e lutas coreografadas.

Deixa Ela Entrar

Trailer dublado