Reprodução/Warner Bros.
Dirigido por Baz Luhrmann (de Moulin Rouge), a cinebiografia estreia nos cinemas nesta quinta-feira (14) e traz Austin Butler e Tom Hanks
Levar a vida de Elvis Presley (1935-1977) para os cinemas nunca seria uma tarefa fácil. Por se tratar de uma das grandes lendas da música, uma figura icônica e polêmica por si só, o intitulado rei do rock colocaria um peso sob as costas de qualquer um que ousasse fazê-lo. Sorte do mundo, porém, que existe Baz Luhrmann.
Cineasta consagrado e indicado ao Oscar, Luhrmann conhece como poucos como fazer um espetáculo. Do visual espalhafatoso e das músicas marcantes de Moulin Rouge (1999) à irreverência de seu O Grande Gatsby (2013), passando, inclusive, pela elogiada (e fracassada) série The Get Down (2016), o diretor tem o currículo necessário para levar ao público a história por trás da lenda de Elvis Presley.
Mais importante do que saber quem Elvis foi, porém, era entender de onde ele veio. Para isso, Luhrmann retorna às ruas humildes do Mississipi nos anos 1930 para explicar que, muito antes de o astro se tornar um ícone do rock/country, sua paixão pela música surgiu de sua conexão com o blues.
Fazer da cinebiografia do rei uma viagem por seus melhores e piores momentos foi a alternativa encontrada pelo cineasta para criar o seu próprio espetáculo visual. Na pele de Elvis, Luhrmann escalou um enérgico Austin Butler, cujo talento para reproduzir trejeitos e particularidades do protagonista o colocam como um dos principais destaques de Hollywood nos últimos anos.
Austin Butler é Elvis
Divulgação/Warner Bros.
Para contar a história de um dos maiores astros da música mundial, Luhrmann decidiu colocar a jornada de Elvis Presley na boca de seu maior nêmesis. Ex-empresário e mentor do cantor, o coronel Tom Parker (1909-1997) vivido por Tom Hanks reconta a jornada do rei com a mesma irreverência que marcou a sua contraparte da vida real.
“Eu sou o homem que deu ao mundo Elvis Presley”, pronuncia o coronel logo no início do longa. “E ainda há alguns que me veem como o grande vilão desta história”, acrescenta. Parker presenciou e foi figura importante na ascensão e na queda de Elvis, mas nunca admitiu a sua responsabilidade na derrocada na carreira do astro em seus momentos finais.
A presença do coronel na cinebiografia de Elvis é essencial para a parcela do público que não é familiarizada com sua carreira. Responsável por 50% dos lucros e com controle total sobre a vida musical do cantor, o Parker de Hanks passeia em tela como uma figura tóxica, um parasita que soube dizer palavras bonitas para encantar aquele jovem de Memphis e sua família, que tanto desejavam o sucesso.
Tom Hanks vive coronel Parker
Divulgação/Warner Bros.
Mais do que contrapor o lado bom e o ruim da fama de Presley, Baz Luhrmann reconstrói cada detalhe de sua trajetória, sempre banhados nos maiores sucessos do cantor. Ver Austin Butler dançando e vestindo as roupas irreverentes de Elvis que marcaram a moda nos anos 1960 e 1970 traz o sentimento de estar, mais uma vez, vendo o rei do rock dar o seu espetáculo.
Como muitas cinebiografias da história do cinema, o longa se aproveita de licenças poéticas para dramatizar passagens e se aprofundar no legado de Elvis. Conforme sua fama evoluía, o artista sentia cada vez mais confortável para enfrentar não apenas Parker, mas as autoridades dos Estados Unidos que insistiam em censurar a sua irreverência. Um ídolo que se tornou símbolo não apenas musical, mas de resistência.
Na visão do diretor, a vida do cantor se torna o espetáculo visual que, para muitos, sempre foi. Ao sair da sessão, é quase impossível não buscar a discografia de Elvis para se banhar nos tons de country e R&B. Representado no talento de Austin Butler, o rei, de onde estiver, tem motivos para comemorar. Seu legado, se um dia se apagou, acaba de ser ressuscitado.
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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