Melinda Sue Gordon/Netflix
A Netflix atravessa um momento divisor de águas, com o início da cobrança adicional para compartilhamento de senhas e a inclusão de um plano mais barato, que conta com “intervalos comerciais”. Mas o grande marco para o streaming nesta semana foi o aniversário de dez anos de House of Cards (2013-2018), primeira incursão da plataforma nas produções originais. De lá para cá, foram centenas de séries, filmes e realities. Algumas viraram fenômenos mundiais, como Stranger Things e Round 6. Outras falharam miseravelmente e não vai deixar saudade no público ou nos executivos.
Para celebrar uma década de conteúdo original na Netflix, a Tangerina decidiu relembrar alguns dos momentos mais marcantes do streaming.
Millie Bobby Brown em cena de Stranger Things
Divulgação/Netflix
1. Stranger Things: A história de Eleven (Millie Bobby Brown) e de seus amigos adolescentes em Hawkins conseguiu transportar a magia dos anos 1980 para os tempos atuais, com um equilíbrio perfeito entre suspense, terror, drama e comédia. A produção bateu recordes de audiência, transformou todos os seus atores em grandes astros (e reviveu a carreira de Winona Ryder) e virou o principal cartão de visitas da Netflix. A quinta (e última temporada) ainda nem tem previsão de estreia, mas já estamos com saudade!
2. House of Cards (2013-2018): Tudo bem que o drama político chegou ao fim marcado pelas polêmicas de bastidores envolvendo Kevin Spacey, mas não dá para negar que a Netflix estreou com o pé direito no mundo das séries! Ao longo de seis temporadas, Beau Willimon e sua equipe conseguiram transformar Frank (Kevin Spacey) e Claire (Robin Wright) em um casal que nós simplesmente amamos odiar. House of Cards também rendeu o primeiro Emmy de um serviço de streaming em toda a história: David Fincher levou a estatueta de melhor direção logo no primeiro ano da atração.
3. Orange Is the New Black (2013-2019): A comédia dramática que mostrava a vida em uma penitenciária feminina foi, durante muito tempo, a produção mais duradoura da Netflix. E não é para menos! A roteirista Jenji Kohan povoou a cadeia de Litchfield com dezenas de personagens incríveis, todas com potencial para serem estrelas de suas próprias atrações (e boa parte delas com mais carisma do que a protagonista Piper Chapman). Orange também conseguiu uma façanha ao longo de suas sete temporadas: foi a primeira série a ser indicada tanto a melhor comédia quanto a melhor drama no Emmy –em anos diferentes, é claro.
4. Round 6: Parecia impossível que uma série mudasse o panorama da televisão mundial com uma única temporada, mas Round 6 foi lá e fez exatamente isso. A atração quebrou todos os recordes de audiência –e sem muita divulgação da Netflix, crescendo apenas no boca a boca– e mostrou para o resto do planeta que a Coreia do Sul tem muito a oferecer em produções audiovisuais. Foi tanto sucesso que, apesar de ter pensado em sua história como uma minissérie fechada, o criador Hwang Dong-hyuk teve de dar o braço a torcer e preparar uma segunda temporada. E nós, claro, já estamos ansiosos para acompanhar o que virá por aí!
5. La Casa de Papel (2017-2021): Já que o assunto é sucesso internacional, não dá para ignorarmos a espanhola La Casa de Papel. A produção que sequer era da Netflix (e foi um fracasso de audiência no canal Antena 3) virou fenômeno no streaming e obrigou a plataforma a encomendar novos episódios –além de uma adaptação sul-coreana e um spin-off sobre Berlim (Pedro Alonso). Torcer para uma trupe de ladrões durante um assalto a banco nunca foi tão fácil (nem tão divertido) quanto na trama tecida com carinho por Álex Pina.
Claire Foy, Olivia Colman e Imelda Staunton em The Crown
Divulgação/Netflix
6. The Crown: A série que rendeu o primeiro Emmy de melhor drama para a Netflix não poderia ficar de fora da lista. O criador Peter Morgan conseguiu transformar o interesse do público pela família real em um novelão da maior qualidade, com um elenco de primeira e roteiros dignos de todos os prêmios. Até o príncipe Harry admitiu que acompanha a atração! E, depois de tantas reviravoltas na casa de Windsor nos últimos anos, é uma pena que The Crown vai chegar mesmo ao fim na sexta temporada —material não falta para pelo menos mais duas levas de episódios, não é mesmo?
7. Grace and Frankie (2015-2022): Apenas o fato de Jane Fonda e Lily Tomlin dividirem a cena já valeria o seu tempo na frente do sofá, mas Grace and Frankie tem um roteiro incrível, com situações divertidíssimas e que não precisam forçar a barra para entreter. O elenco secundário também é incrível –quem poderia imaginar que a modelo Brooklyn Decker se tornaria uma atriz tão talentosa? Uma pena que as últimas temporadas da comédia tenham passado um pouco despercebidas, porque ela merece ser degustada do início ao fim.
8. Sense8 (2015-2018): O primeiro grande fenômeno de fãs na Netflix foi também o responsável pela primeira decepção. A história de oito pessoas bem diferentes que compartilhavam uma conexão mental e podiam se colocar no lugar umas das outras viajou boa parte do planeta (inclusive com cenas rodadas no Brasil), avançou bastante na representatividade e botou todo mundo para cantar What’s Up? no karaokê muito antes de Running Up That Hill voltar com tudo por causa de Stranger Things. Cancelada após a segunda temporada, Sense8 pelo menos ganhou um filme para amarrar as pontas soltas –com direito a uma orgia final que certamente entrou para a história.
9. O Gambito da Rainha (2020): Conseguir prender o público com uma história cativante sobre jogadores de xadrez parece tarefa impossível. Mas Scott Frank e Allan Scott fizeram isso e muito mais com sua minissérie sobre Beth Harmon (Anya-Taylor Joy), que enfrenta o vício em álcool e drogas enquanto se torna uma das enxadristas mais famosas do mundo. A trama transformou sua protagonista em uma das principais estrelas de Hollywood e fez a procura por livros e tabuleiros de xadrez disparar.
10. 3% (2016-2020): A primeira produção original brasileira da Netflix provou que o país sabe fazer bem muito mais do que comédias com Leandro Hassum e Ingrid Guimarães ou dramas policiais que exploram a miséria. A ficção científica sobre um mundo futurista em que apenas 3% da população tem direito ao luxo sofreu com críticas iniciais (merecidas) por conta de seu baixo orçamento, mas superou toda a desconfiança com uma história bem amarrada e atuações cativantes de um elenco liderado por Bianca Comparato, Vaneza Oliveira e Rodolfo Valente.
Josh Duhamel e Leslie Bibb em O Legado de Júpiter, da Netflix
Divulgação/Netflix
1. The Get Down (2016-2017): O diretor Baz Luhrmann (de Elvis) errou feio nesse drama musical que custou muito e repercutiu pouco. Um disco riscado nunca vai produzir bons resultados, afinal.
2. Punho de Ferro (2017-2018): A parceria da Marvel com a Netflix até rendeu alguns acertos, mas nada poderia salvar essa confusão estrelada por Finn Jones (de Game of Thrones). Fica a torcida para que o Multiverso traga uma versão bem melhor do herói.
3. V Wars (2019): Na teoria, escalar Ian Somerhalder para estrelar uma nova história de vampiros não teria como dar errado. Mas deu. A série estreou e foi cancelada sem ninguém dar muita atenção. Melhor assim.
4. Cursed – A Lenda do Lago (2020): Depois de ser alçada ao sucesso em 13 Reasons Why (2017-2020), Katherine Langford tentou prorrogar sua parceria com a Netflix nesta adaptação da lenda do rei Arthur. A “maldição” do título original é uma excelente maneira de definir a série.
5. O Preço da Perfeição (2020): Mistura de Elite com Dance Academy (2010-2013), a série sobre uma escola de balé e os dramas vividos por seus alunos tentou disfarçar a história mequetrefe com cenas de sexo para todos os gostos. Não colou.
6. O Legado de Júpiter (2021): Resposta da Netflix para o sucesso de The Boys, a história de super-heróis com uma pegada mais adulta e dramas pesados não fez feio na audiência, mas acabou cancelada menos de um mês após o lançamento de sua única temporada.
7. Haters Back Off (2016-2017): Sucesso no YouTube, a nada talentosa Miranda Sings (Colleen Ballinger) ganhou uma série para chamar de sua no streaming. Serviu apenas para provar que o sucesso em uma plataforma online não se estende automaticamente para todas as outras.
8. O Pentavirato (2022): Um dos comediantes mais queridos de Hollywood, Mike Myers decidiu tentar a sorte em uma série de TV na qual interpretava vários personagens –repetindo a fórmula da franquia Austin Powers. Ele só conseguiu um fracasso sem graça nem audiência. Não perca seu tempo!
9. Pretty Smart (2021): Há um motivo para as comédias clássicas, com aquelas risadas de fundo, estarem perdendo espaço na televisão atual. Pretty Smart ignorou isso e tentou repetir o sucesso das sitcoms dos anos 1990 –com um roteiro que parece ter saído da mesma época.
10. Onisciente (2020): Os responsáveis por 3% voltaram à Netflix com outra série futurista, mas sem um centésimo do carisma da produção original. Ninguém viu nem lamentou quando o cancelamento foi anunciado.
Noah Centineo em O Recruta
Divulgação/Netflix
1. Noah Centineo: Nome mais comumente associado à plataforma, Noah Centineo emplacou várias comédias românticas da Netflix antes de ganhar uma série para chamar de sua, O Recruta (já renovada para a segunda temporada). Fora do streaming, ele entrou no universo dos super-heróis em Adão Negro (2022).
2. Millie Bobby Brown: Se hoje a atriz britânica (nascida na Espanha) acumula 61 milhões de seguidores no Instagram, é por causa da Netflix. Além da Eleven de Stranger Things, ela é a estrela da franquia de filmes Enola Holmes. Sua presença pop é tão forte que ela foi até chamada para participar de clipes da banda Maroon 5 e do rapper Drake.
3. Regé-Jean Page: O duque gato de Bridgerton precisou de apenas uma temporada no drama histórico para virar objeto de desejo de muita gente pelo mundo. Depois de participar de Agente Oculto (2022), ele ainda passou a ser cotado para viver o espião mais famoso do mundo, James Bond. De certeza, só a sua ida para os cinemas em Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes.
4. Julia Garner: Com apenas 29 anos, a atriz Julia Garner já tem três estatuetas do Emmy na prateleira, arrancando elogios por sua atuação em Ozark (2017-2022) e Inventando Anna (2022). Ela é tão poderosa que foi aprovada por ninguém menos do que Madonna para interpretá-la em sua cinebiografia —o projeto subiu no telhado, mas a carreira da jovem segue firme e forte.
5. Ncuti Gatwa: A comédia inglesa Sex Education revelou diversos nomes jovens, mas nenhum voou mais alto do que o intérprete de Eric. Nascido em Ruanda, na África, o ator de 30 anos vai conciliar seu trabalho na produção da Netflix com o papel mais icônico da TV britânica, o viajante do tempo Doctor Who.
6. Emma Mackey: Colega de Gatwa em Sex Education, a atriz fez o público se apaixonar pelo jeito nada apaixonante de Maeve. Fora da Netflix, Emma Mackey conseguiu um papel no elenco repleto de estrelas de Morte no Nilo (2022) e foi elogiadíssima ao viver a escritora Emily Brontë (1818-1848) no longa Emily (2022). Neste ano, ela estará no aguardado filme da Barbie!
7. Joe Locke: Lançada sem muitas expectativas no ano passado, a série Heartstopper transformou seu elenco teen em ícones instantâneos. Apesar de Kit Connor e Yasmin Finney serem muito queridos, Joe Locke foi quem conseguiu um personagem de destaque nas produções da Marvel —ele vai atuar em Agatha: Coven of Chaos ao lado de Kathryn Hahn.
8. Lana Condor: Acredite se quiser, mas Lana Condor já tinha sido até uma mutante da Marvel antes de brilhar na Netflix: ela viveu Jubileu em X-Men: Apocalipse (2016). A produção foi bastante criticada, mas a atriz virou o jogo ao ganhar o papel de Lara Jean na trilogia Para Todos os Garotos que Já Amei. Depois, estrelou a minissérie Boo, Bitch (2022), também para a plataforma de streaming.
9. Uzo Aduba: Ganhadora de dois Emmys por seu trabalho em Orange Is the New Black, Uzo Aduba não parou mais de trabalhar desde que sua Crazy Eyes saiu da penitenciária em que a série se passava. Ela substituiu Gabriel Byrne como a protagonista de In Treatment (2008-2010; 2021), emprestou sua voz para a animação Lightyear e, recentemente, foi escolhida por Shonda Rhimes para estrelar sua próxima série!
10. Christian Malheiros: Elogiado por seu trabalho no filme Sócrates (2018), o ator santista ganhou o mundo ao ser escalado como um dos protagonistas de Sintonia, a série brasileira mais vista da Netflix. Na plataforma, ele ainda dividiu a cena com Rodrigo Santoro no longa 7 Prisioneiros, uma produção que é um soco no estômago, mas precisa ser assistida.
Benedict Cumberbatch e Kodi Smit-McPhee em Ataque dos Cães
Divulgação/Netflix
1. Roma (2018): Melhor direção, para Alfonso Cuarón;
2. Ataque dos Cães (2021): Melhor direção, para Jane Campion;
3. História de um Casamento (2019): Melhor atriz coadjuvante, para Laura Dern;
4. A Voz Suprema do Blues (2020): Melhor figurino e melhor maquiagem e cabelo;
5. Mank (2020): Melhor design de produção e melhor fotografia;
6. Se Algo Acontecer… Te Amo (2020): Melhor curta de animação;
7. Absorvendo o Tabu (2018): Melhor documentário em curta-metragem;
8. Ícaro (2017): Melhor documentário;
9. American Factory (2019): Melhor documentário;
10. Professor Polvo (2020): Melhor documentário.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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