FILMES E SÉRIES

Kauê Telloli e Priscila Sztejnman em Segundo Tempo

Divulgação/Pandora Filmes

SEGUNDO TEMPO

Priscila Sztejnman usa vivência de autora para fazer jovem depressiva

No ar em Vai na Fé, atriz e roteirista também está em cartaz nos cinemas com o drama familiar Segundo Tempo; confira entrevista

Luciano Guaraldo

Atriz e autora, Priscila Sztejnman não consegue separar suas duas facetas quando entra em um estúdio. Atualmente, ela pode ser vista em dose dupla: na TV, como a Helena da novela Vai na Fé, da Globo; no cinema, com o drama nacional Segundo Tempo, dirigido por Rubens Rewald. No longa, que entrou em cartaz na última quinta-feira (16), ela vive Ana, uma jovem que tem uma crise de depressão após a morte do pai. Seu lado roteirista foi fundamental para entender as nuances da personagem que precisava interpretar.

“É impossível separar [a atriz da autora], né? As duas coisas estão dentro de mim, é difícil deixar de ser alguém. Assim como o Rubens é autor e diretor. São coisas que se somam, se multiplicam, não se subtraem jamais. Minha perspectiva como atriz é muito influenciada por meu trabalho como roteirista”, justifica Priscila em conversa exclusiva com a Tangerina.

Para a artista, conhecer o processo de elaboração de um texto a ajudou na construção da jornada de Ana como imaginada por Rewald. “O entendimento da jornada, da curva narrativa, da função de cada cena, do objetivo de cada cena, do objetivo de cada fala, da complexidade de cada fala, tudo isso é muito influenciado pelo meu trabalho de autora, pelas minhas referências. E o Rubens é um cara muito aberto, foi maravilhoso trabalhar com ele, é uma troca muito boa, a gente conversava demais”, elogia.

Sem crises de ego, Rubens Rewald também deu liberdade para que Priscila e seu parceiro de cena, Kauê Telloli (que vive Carl), pudessem criar bastante em cima do que ele havia escrito. “Para mim, os atores são os parceiros de criação principais, né? Já vi desde o meu primeiro filme: um bom ator sabe o que o personagem faria e o que não faria, porque ele está vivendo aquele personagem. Então, quando o ator chega para mim e fala: ‘Putz, eu não sei, está estranho, acho que ele não faria isso’… É sempre bom ouvir, é bom discutir”, contextualiza o diretor.

“Geralmente o ator está certo, porque ele está vivendo internamente aquilo. Então, ele sabe que tem coisas no roteiro que não cabem na trajetória daquele personagem. E a Priscila, como roteirista também, tinha sempre um diálogo de alto nível comigo”, valoriza Rewald. “A gente fez muito esse trabalho de troca intelectual, de muita conversa sobre o texto, sobre cada fala, cada cena, cada estado, cada momento. Teve um período de ensaios muito importante, com uma troca muito boa. E o Rubens é um profissional companheiro, com a escuta sempre aberta”, completa Priscila.

Segundo Tempo é centrado na história dos irmãos Ana (Priscila) e Carl (Kauê). Os dois nunca se deram bem, pois têm personalidades completamente opostas. Porém, quando são pegos de surpresa pela morte do pai, o alemão Helmut (Michael Hanemann), decidem viajar juntos para a terra natal dele para conhecerem sua origem. Na jornada, descobrem segredos que o patriarca tentou esconder durante a vida toda.

O filme foi rodado em 2018, com cenas no Brasil e na Alemanha, mas só chega agora aos cinemas por causa da desvalorização da cultura durante o governo de Jair Bolsonaro. “A gente teve um problema grave, que foram seis anos de paralisia da cultura, né? O cinema virou um pouco o inimigo do Estado. A gente teve inclusive uma nova forma de censura, que foi a censura burocrática, com a paralisia da Ancine [Agência Nacional do Cinema], né? O filme já estava pronto para estrear há um ano e meio, só esperando ser liberada essa verba da Ancine para o lançamento”, lamenta Rewald.

“É lógico que isso causa prejuízos, causa tudo. Mas, de qualquer modo, eu acho que o importante é que agora a gente talvez esteja entrando em um novo momento. É muito importante a produção cultural para o país, no mundo todo a cultura é financiada pelo Estado, não só pela sua importância simbólica, de construção de cidadania, de interpretação do país, mas também por uma questão econômica, de geração de emprego, laboratórios, profissionais… A gente fica na esperança de que nesse novo governo a produção cultural volte a ser um setor estratégico para o país”, torce o cineasta.

Confira o trailer do filme Segundo Tempo:

Priscila Sztejnman em cena de Segundo Tempo

Segundo Tempo - Trailer

Produção dirigida por Rubens Rewald conta com Priscila Sztejnman e Kauê Telloli

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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