Divulgação/Neon
Com Woody Harrelson no elenco, longa estreia nos cinemas do Brasil nesta quinta-feira (16)
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2022, Triângulo da Tristeza é um dos títulos que podem surpreender no Oscar 2023. Indicado a três estatuetas –incluindo a de melhor filme–, o longa dirigido por Ruben Östlund (Força Maior) é um dos candidatos que sonha furar a fila dos favoritos deste ano.
Triângulo da Tristeza roubou a cena no festival francês por conta de sua sátira ácida da elite da sociedade. Após ironizar e destruir o ego masculino em Força Maior (2015), Östlund, que também foi responsável pelo roteiro do longa, virou a sua mira para os bilionários e seus discursos recheados com hipocrisia e falta de senso crítico.
Dentro de sua narrativa, os personagens que formam a elite de Triângulo da Tristeza são caracterizados de forma grotesca. Do jovem casal de modelos Yaya (Charlbi Dean) e Carl (Harris Dickinson) ao magnata russo Dimitry (Zlatko Buric), todos representam a parcela quase inalcançável da sociedade, com seus jantares nos melhores restaurantes da cidades e viagens em cruzeiros de luxo. Sempre, claro, regados a conversas toscas e vazias.
Especialista em descontruir mitos sociais em seus filmes, Östlund coloca seus personagens em situações profundamente desconfortáveis para pessoas mais do que confortáveis em seus privilégios. Seja em uma conversa sobre machismo ou discussões acaloradas de capitalismo contra comunismo, quase todas as passagens de Triângulo da Tristeza são feitas para deixar o espectador torcendo contra os protagonistas, não importa qual deles esteja em cena.
Arvin Kananian e Woody Harrelson
Divulgação/Neon
Para provocar, o diretor coloca seus personagens em um cruzeiro de luxo que acaba naufragando. Os sobreviventes que conseguem chegar à margem de uma ilha aparentemente deserta precisam se despir de seus privilégios caso queiram sobreviver. Ali, um rolex tem tanto valor quanto um grão de areia, e a beleza tão procurada pelos mais abastados acaba classificada como moeda de troca para resistir. Na visão do cineasta, no entanto, a sociedade como a conhecemos muitas vezes funciona desta forma mesmo nas cidades mais desenvolvidas.
Apesar de pressionar constantemente seus principais nomes, o longa tem em personagens como a faxineira Abigail (Dolly De Leon, incrível no papel) e o Capitão (Woody Harrelson) os maiores “representantes” do povo. Cansados da hipocrisia daqueles para os quais trabalham, a dupla se aproveita de oportunidades para colocá-los em posições ainda mais desagradáveis –para alguns, até um pouco nojentas.
Triângulo da Tristeza é um filme que dividiu opiniões em Cannes e que promete seguir dessa forma ao estrear nos cinemas do Brasil nesta quinta-feira (16). Mesmo que não seja adepto de sutilezas, o longa de Östlund é capaz de pisara devidamente no calo daqueles representados em seus personagens. Definitivamente é uma história que enoja e faz rir, mas, acima de tudo, convida todos a pensar (e repensar) seu papel na sociedade.
Assista ao trailer oficial:
Triângulo da Tristeza
Trailer oficial
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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