Divulgação/HBO
HBO e HBO Max estreiam novos episódios de Westworld neste domingo. Série pretende se reinventar, mas cai nos vícios e erros de antigamente
Boas e más notícias para os fãs de Westworld. A boa é que, depois de 25 meses desde o fim do terceiro ano, a série da HBO finalmente está de volta neste domingo (26)! A má é que, apesar de uma tentativa de se reinventar por completo nos novos episódios, o drama cai nos mesmos vícios e repete erros do passado. Apesar da roupagem diferenciada, a quarta temporada se mostra a velha Westworld de sempre (para o bem e para o mal).
Atenção: esse texto contém spoilers, cuidado para não azedar sua semana
Se você não se lembra de como a terceira temporada terminou… Não tem problema! Westworld avança sete anos no tempo para mostrar que a grande revolução iniciada por Maeve (Thandiwe Newton) e Caleb (Aaron Paul), na verdade, não mudou muita coisa. Nem para os humanos, nem para os robôs.
Nesse intervalo de tempo, porém, Caleb construiu família, com uma mulher e uma filha. Ele tenta levar uma vida normal, mas está sempre em estado de alerta pela possibilidade de uma nova guerra estourar. Já Maeve se isolou do mundo e, em uma cabana no meio do nada, exercita sua habilidade de se comunicar com outras máquinas. Seus caminhos eventualmente se cruzam quando ela descobre que está sendo caçada por William (Ed Harris) –e que ele irá atrás dos outros também.
Charlotte (Tessa Thompson) é a grande vilã da temporada. Sua sede de poder a transformou em uma ameaça incontrolável, disposta a eliminar (ou controlar) qualquer humano que se coloque no seu caminho. E, se ela tiver que destruir os robôs que estejam contra ela também, que seja. Ossos do ofício, não é mesmo?
E Dolores (Evan Rachel Wood)… Bem, Dolores não existe mais. Mas há uma pessoa muito parecida com ela, a escritora Christina (Evan Rachel Wood), que vive em uma versão futurista (mas nem tanto) de Nova York e trabalha na criação de personagens de um grande jogo em ambiente virtual. Não os protagonistas, como ela mesma explica, mas aqueles que ficam no fundo, fazendo figuração para uma história maior.
Visualmente, Westworld continua linda. Os efeitos especiais são incríveis, os cenários, os figurinos, a iluminação… Tudo faz jus ao padrão do slogan “não é TV, é HBO” que o canal premium usou para vender sua programação como algo diferenciado. Não é à toa que a série já foi indicada a 54 Emmys ao longo de sua história.
Mas, depois de três temporadas, o público já sabe exatamente o que esperar de Westworld. Narrativas em linhas temporais diferentes, personagens que não são exatamente o que parecem ser, mortos que continuam vivos, robôs que trocam de identidade… Os criadores Jonathan Nolan e Lisa Joy já usaram todas as cartas no baralho de reviravoltas, e é difícil se chocar com o que é mostrado nos novos episódios. Até o retorno de James Marsden foi revelado antes da hora.
Dito isso, Westworld também é uma série difícil de se largar no meio. Depois de ver os quatro episódios disponíveis para avaliação, a vontade era de assistir logo ao quinto. E o elenco é o principal responsável por esse apego.
Thandiwe Newton continua excelente como Maeve, Evan Rachel Wood é intrigante como Christina, Tessa Thompson parece se divertir com as maldades de sua personagem, e Jeffrey Wright rouba todas as suas cenas como Bernard –até quando é impossível decifrar o que ele está fazendo ou qual é o propósito de suas ações e falas. Até Aaron Paul está menos irritante como Caleb.
De maneira geral, a quarta temporada de Westworld parece uma evolução se comparada à terceira, que foi difícil de engolir. Mas, justamente porque as duas primeiras foram tão acima da média, fica complicado não sentir que o propósito da narrativa se perdeu pelo caminho.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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