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Xbox Series S

Divulgação/Xbox

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Mais fraco e barato: Como Xbox Series S virou sucesso entre consoles?

Planejado como opção de entrada entre os aparelhos de nova geração, o Xbox Series S teve seu papel amplificado pela pandemia, e ajudou a Microsoft a retomar terreno entre fabricantes de consoles. Entenda os motivos

Bruno Silva
Bruno Silva

No fim de abril, a Microsoft anunciou a seus acionistas que o Xbox Series S e o Xbox Series X, seus consoles de nova geração, atingiram um novo patamar de sucesso. Os dois aparelhos tomaram a dianteira do mercado entre os novos aparelhos —em uma lista que inclui o rival PlayStation 5, da Sony— na América do Norte, no Reino Unido e na Europa Ocidental.

A liderança no período, corroborada por institutos de análise e pesquisa independentes como o europeu GSD e o americano NPD, marca uma reviravolta que a Microsoft têm esperado por quase dez anos. Desde 2013, quando problemas de comunicação e um preço alto levaram o Xbox One a passar toda uma geração de consoles atrás do concorrente PlayStation 4, a empresa finalmente parece alcançar sua rival.

Nesse período, a Microsoft parou de revelar dados de vendas dos seus consoles —algo que perdura até hoje— quando o PS4 disparou em vendas até abrir uma diferença de dois para um. O console da Sony tem mais de 115 milhões de unidades vendidas, enquanto o Xbox One, segundo estimativas de analistas, ficou na casa das 50 milhões de unidades.

Agora, a situação é mais parelha, e um dos principais responsáveis é o Xbox Series S, pensado pela Microsoft como uma versão mais acessível, mais barata e, em contrapartida, menos poderosa do que o Xbox Series X e o PS5. Mas como o aparelho foi um dos responsáveis por essa reviravolta?

Xbox Series S

Console Xbox Series S, da Microsoft

Divulgação/Xbox

O efeito da pandemia

Os consoles, tal qual todo o mercado de tecnologia, sofreram um enorme impacto com a pandemia de COVID-19. O isolamento social imposto pela disseminação do vírus interrompeu a produção de semicondutores em fábricas de Taiwan, que concentram mais de 60% do mercado. A interrupção criou uma fila para a entrega desses componentes, que são usados em praticamente todos os aparelhos eletrônicos, de smartphones a carros.

A crise estourou em um ano-chave para o mercado de games, já que tanto Microsoft quanto Sony marcaram o lançamento de seus consoles de nova geração para 2020, depois de anos de planejamento. A solução foi colocar os aparelhos na loja em capacidade reduzida, fazendo com que estes aparelhos ficassem muito mais difíceis de comprar, não apenas por conta do preço, mas especialmente porque era quase impossível encontrá-los.

A falta de estoque foi reconhecida até mesmo pelas fabricantes de consoles. Em especial, a Sony, que planejava fazer uma transição rápida entre o PS4 e o PS5 e, por conta da crise de semicondutores, se viu forçada a produzir mais unidades do console da geração anterior para suprir a demanda.

A Microsoft, por sua vez, acabou tendo na crise uma aliada inesperada, já que o Xbox Series S se tornou, ao longo de 2021, no console mais acessível por estar em estoque. E isso se deve justamente a suas especificações técnicas mais modestas se comparado aos seus colegas de nova geração.

O Xbox Series S foi projetado como uma opção mais acessível para entrar na nova geração de consoles pela Microsoft. O aparelho tem menos memória e uma placa de vídeo com menos capacidade do que seu irmão mais poderoso, o Xbox Series X, que compete mais diretamente com o PS5 no quesito de hardware. Por isso, é um aparelho mais barato de se produzir e em maior quantidade, como explica o analista Daniel Ahmad, da consultoria Niko Partners.

Xbox Series S

Console Xbox Series S, da Microsoft

Divulgação/Xbox

Preço mais acessível

A configuração mais simples do Xbox Series S em relação ao PS5 e ao Series X também ajudou em um fator crucial para qualquer lançamento de consoles: o preço. Foi uma lição que a Microsoft aprendeu a duras penas na geração anterior, quando o PlayStation 4 chegou às lojas custando US$ 100 a menos do que o Xbox One.

Na atual geração, o Xbox Series S chegou custando quase a metade do preço de seus pares, com um preço sugerido de US$ 299, enquanto o Series X e o PS5 chegaram custando US$ 499. Para chegar a este valor, o aparelho apostou em uma estratégia digital. Além de ter menos memória e uma placa de vídeo mais modesta, o Series S não conta com leitor de disco, obrigando seus donos a jogar games instalados em um disco rígido de 512 GB.

A estratégia, por sua vez, só funciona por que a Microsoft vêm construindo nos últimos anos o Xbox Game Pass, um serviço similar à Netflix que oferece um catálogo de jogos mediante uma mensalidade.

E no Brasil?

No mercado brasileiro, que tradicionalmente demora mais a adotar consoles de nova geração devido ao poder de compra reduzido em relação a países mais ricos, a diferença de valores se manteve em uma proporção similar à do exterior, embora os consoles tenham preços muito mais proibitivos quando levamos em conta a renda média no país.

De acordo com dados da Pesquisa Game Brasil 2022, principal estudo sobre o mercado nacional de games, revelados em primeira mão à Tangerina, o PlayStation 4 é o console mais popular do país: 34,1% dos gamers brasileiros são donos de uma unidade do aparelho. Segundo colocado é o Xbox 360, de uma geração anterior a de PS4 e Xbox One, em posse de 24,3% dos jogadores do país.

Por aqui, os três aparelhos foram lançados no fim de 2020, com o Xbox Series S chegando a um preço sugerido de R$ 2,8 mil. Já o Xbox Series X veio por R$ 4,6 mil, enquanto o PS5 chegou em duas versões: uma sem leitor de disco, por R$ 4,6 mil, e uma com o leitor, por R$ 5 mil. Após uma redução de impostos sobre o setor, tanto Microsoft quanto Sony abaixaram o preço dos consoles.
Embora este seja o preço sugerido pelas fabricantes, lojistas podem tentar diminuir suas margens de lucro, deixando os consoles mais baratos. Em grandes varejistas como a Amazon e o Magazine Luiza, o Xbox Series S já é vendido na faixa dos R$ 2,2 mil, mais barato do que o preço sugerido do PS4, que é de R$ 2,5 mil.

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Bruno Silva

Bruno Silva

Editor de games e animes na Tangerina, Bruno Silva é brasiliense e fã de basquete. Jornalista, apresentador e streamer, foi co-criador do The Enemy e já publicou no Omelete, Nerdbunker, Metrópoles e Correio Braziliense.

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