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O ator Caio Manhente

Divulgação/Gustavo Zoppello

CAIO MANHENTE

Ex-DPA lembra virada dramática para vida adulta: ‘Bateu um desespero’

Caio Manhente fez sucesso ainda criança, mas precisou 'virar a chave' para entender que a atuação poderia ser uma carreira séria

Luciano Guaraldo

Ator desde os oito anos, Caio Manhente chegou aos 22 cada vez mais certo de que a arte é sua vida. Mas a transição de astro mirim da série Detetives do Prédio Azul para trabalhos mais adultos não foi tão tranquila. No fim da adolescência, os trabalhos começaram a minguar. “Não chegava nem teste para eu fazer. Bateu um desespero”, lembra.

“Foi o período em que eu menos trabalhei. E eu sou muito privilegiado, estou dentro do estereótipo do menino branquinho, bonitinho, que a TV usa mais. É algo que está mudando, estão dando mais oportunidades, mas sei que o meu perfil é bem a cara que a televisão gosta. Conheci muita gente boa que não teve tanta oportunidade. Mas nessa época eu fiquei um tempo sem trabalhar, não conseguia nem mostrar minha cara para os diretores de elenco”, lamenta o ator em conversa com a Tangerina.

Coincidentemente, a época de vacas magras veio justamente depois de Caio Manhente mudar sua mentalidade profissional. “Quando eu comecei, era uma brincadeira, algo que me dava prazer. Não que hoje eu não sinta prazer atuando, mas encaro como um trabalho, uma responsabilidade. Eu lembro que estava fazendo Boogie Oogie [2014] e foi ali que eu fiz a virada de chave, comecei a me criticar mais, ver se minha atuação estava legal. Foi um momento muito difícil de me enxergar na profissão”, conta.

Passada essa fase complicada, Manhente se redescobriu no cinema. E com personagens bem desafiadores! Em Berenice Procura (2018), ele deu vida a Thiago, um adolescente em crise com a própria sexualidade. E, em Veneza (2021), encarou a primeira cena de sexo, que dividiu com Carol Castro. Um choque daqueles para quem estava acostumado a vê-lo como o Tom de DPA.

“As reações eram engraçadas (risos). Mas esse é o grande barato de ser ator, né? Depois de ter feito coisas para o público infantojuvenil, encarar algo mais sério, com uma carga dramática mais alta. São personagens muito complexos, que te levam para um outro lugar. Você tem uma troca diferente com o resto do elenco. É isso que dá mais tesão pela profissão, viver vidas diferentes.”

Caio Manhente em Detetives do Prédio Azul

Caio Manhente como o Tom de Detetives do Prédio Azul

Divulgação/Gloob

Na TV, Caio Manhente também emplacou papéis mais adultos depois de virar a chave. Na Globo, participou de O Sétimo Guardião (2018) e estava no ar até maio como o machista Gabriel de Quanto Mais Vida, Melhor (2021). Também fez um mergulho bíblico e encarou a maior rivalidade entre irmãos da história na pele de Abel em Gênesis (2021).

Em meio a todos os trabalhos, ainda achou tempo para cursar Cinema na faculdade. Ele conta à reportagem que acabou de entregar seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e, depois de muito esforço para conciliar carreira e estudo, está pronto para começar uma nova página.

“Eu tenho muita vontade de dirigir, queria passar por todos os processos. Tenho amigos diretores, minha namorada [Maria Clara David] é assistente de direção, me interesso muito pelo trabalho. Ao mesmo tempo, não me sinto tão preparado para fazer isso agora, porque boa parte do meu tempo é dedicado à atuação. Mas estar no set é uma boa preparação, se você presta atenção no que acontece à sua volta, acaba aprendendo muita coisa na prática”, justifica ele.

E, para fechar um ciclo antes de começar uma nova etapa, nada melhor do que voltar ao início, certo? Pois é, durante o último semestre da faculdade, Caio Manhente ainda gravou a série A Magia de Aruna, produção infantojuvenil do Disney+ prevista para 2023. Na trama, ele interpreta Ariel, melhor amigo da protagonista, Mima (Jamilly Mariano).

O ator não revela muito sobre a história –afinal, tudo que envolve produções do streaming é mantido em sigilo absoluto–, mas adianta que seu personagem não tem poderes. Só que isso não o impede de ajudar as bruxas em sua jornada. “Eu acho que o Ariel é o melhor amigo que alguém poderia ter. Ele protege a Mima a todo custo, é um aficionado por magia. Quem mais entende de bruxaria na série não são as próprias bruxas, é o Ariel”, conta ele.

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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