Reprodução/Multishow
Banda britânica usou linguagem de sinais e até traduziu música para português durante a performance como headliners do festival
Em um dia de atrações como Bastille e Camila Cabello, que não movimentaram o grande público do palco Mundo, o Coldplay transformou o Rock in Rio em uma festa irresistível e inclusiva. Nem a chuva constante na Cidade do Rock afetou a experiência do headliner do festival neste sábado (10). A banda não poupou momentos de afeto ou sucessos em uma performance cheia de efeitos especiais.
O inglês, grande barreira de comunicação das atrações internacionais, não chegou a ser um problema. O vocalista Chris Martin arranhou algumas palavras em português durante todo o show e até pediu desculpas pelas expressões que não era capaz de traduzir.
O show ainda contou com um momento personalizado. Lendo em uma colinha, Martin cantou uma versão de Magic em uma tradução bem enrolada, chamada Magia. O público aplaudiu a iniciativa, apesar do resultado ter sido longe de bom.
Para os puritanos contra o playback, Chris Martin dá um novo significado para o recurso comum nos shows de pop. Na faixa Something Just Like This, parceria com o duo The Chainsmokers, é possível apenas ouvir vocais pré-gravados do cantor, enquanto ele apresenta toda a música usando linguagem de sinais.
Ainda no início, o Coldplay emendou os sucessos Paradise e Viva La Vida. O vocalista chegou a escorregar no palco na última, mas não se deixou abalar. Pelo contrário, deitou no chão molhado, emocionado com o público. “Vocês soavam lindos e pareciam lindos. Vamos fazer isso de novo”, declarou o cantor britânico, pedindo para a banda voltar ao início. Viva La Vida, aliás, fez o grande momento histórico da estreia da banda no Rock in Rio em 2011.
“A gente está muito feliz de estar aqui com vocês”, complementou Martin em português, que também cantarolou Mas Que Nada acompanhado do piano, antes de começar outro sucesso das antigas, The Scientist.
O show do Coldplay só começou quase dez minutos depois que o símbolo do álbum Music of the Spheres (2021) apareceu na tela. Durante o período, uma trilha etérea preparava o público, em um clima de meditação. O último disco da banda fala sobre amor e união, criando uma galáxia fictícia. O projeto teve inspirações em Star Wars e a música-tema da saga é usada enquanto os integrantes do Coldplay entram no palco. O single Higher Power serve como abertura oficial, combinado com os disparos de vários fogos de artifício.
Na segunda faixa, Adventure of a Lifetime, dezenas de bolas coloridas são jogadas para a plateia, enquanto Chris Martin passeia pelo canto do palco, acenando para os fãs mais empolgados. Ele ainda repetiu um tímido “boa noite”, em português, algumas vezes.
Ao longo do dia, foram distribuídas pulseiras com LEDs para o público do festival. As cores emitidas são controladas à distância, criando um mar de diferentes tonalidades durante o o show. Em Yellow, por exemplo, a banda pediu que levantassem a mão, enquanto os acessórios ficavam amarelos, como o nome da canção. Ainda na segunda faixa, foi possível ver o efeito das luzes, enquanto Chris Martin pediu para a plateia abaixar e pular em conjunto no refrão.
Mesmo quando o piano parou de funcionar no palco, Chris Martin improvisou uma música sobre estar tudo bem, porque “todos estavam juntos agora”. “Temos um piano à venda”, brincou, demostrando a positividade inabalável. O clima de festa do Coldplay era tanto que Chris Martin puxou um Parabéns Para Você, celebrando o aniversário do guitarrista Jonny Buckland.
Em A Sky Full of Stars, ele interrompeu a música logo antes do refrão para pedir para as pessoas guardarem os celulares e darem atenção total ao momento. “É assim que nos preparamos para a Dua Lipa”, disse, mantendo o bom humor e citando a headliner do domingo (11).
Depois, ele pediu um rápido intervalo para trocar de roupa. As interações e lições de moral fizeram com que o setlist sofresse alguns cortes em relação aos outros shows da turnê. Hymn for the Weekend, Let Somebody Go e Politik foram algumas das que ficaram de fora. A escolha mais questionável é a fraca Biutyful, do último disco, como canção de encerramento.
A apresentação no Rock in Rio é só o início de uma verdadeira residência do Coldplay no Brasil. Eles retornam em outubro para mais dois shows no Rio de Janeiro e seis datas em São Paulo, com H.E.R. como atração de abertura.
Lucas Almeida
Repórter. Passou pela MTV Brasil e Veja.com. É fã de um pop triste e não deixa de ouvir todos os lançamentos musicais da semana.
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