MÚSICA

Show do Anderson Paak no Lollapalooza 2018

Divulgação/I Hate Flash

Lollapalooza 2022

Do lamaçal ao lounge: A evolução do Lollapalooza em 10 anos

Em abril de 2012, o Lollapalooza chegava ao Brasil. De lá para cá, muita coisa mudou, do estilo dos line-ups à estrutura. Relembre como era o evento e o que esperar do retorno neste fim de semana

O Lollapalooza, que volta ao Autódromo de Interlagos a partir da próxima sexta-feira (25), chegou ao Brasil há dez anos. A data exata é 7 de abril de 2012, dia em que o festival, então realizado no Jockey Club paulistano, teve o Foo Fighters como primeiro headliner. Curiosamente —ou não—, Dave Grohl e companhia foram escalados para fechar a edição de 2022, no domingo.

A vida de todos nós mudou um bocado de lá para cá, e com o Lollapalooza Brasil não seria diferente. Marcado por perrengues e superlotação em sua estreia, o festival se mudou para o Autódromo —mais espaçoso, porém mais afastado do Centro de São Paulo—em 2014, onde permanece desde então. Naquele ano, também, o festival, criado em 1991 nos Estados Unidos pelo cantor Perry Farrell, passou a ser organizado na América do Sul pela Time for Fun, gigante do entretenimento brasileira.

As mudanças impactaram na estrutura do Lollapalooza, mas também nas escalações das atrações e na capacidade de público, que cresceu de 75 mil para 100 mil pessoas por noite. Para refrescar sua memória e seguir o aquecimento da próxima edição, a Tangerina faz um balanço do que mudou de 2012 para 2022.

Line-up

Ter uma popstar como Miley Cyrus no topo do cartaz do Lollapalooza parecia um tanto improvável em 2012. Naquele ano, Foo Fighters e Arctic Monkeys foram as principais atrações do line-up, que praticamente ignorou o pop. A exceção foi o eletrônico do DJ Calvin Harris. Em 2013, o rock e o indie seguiram reinando: Pearl Jam, The Killers e The Black Keys (!) encabeçaram o cartaz, que ainda teve Queens of the Stone Age e Franz Ferdinand.

No ano seguinte, já sob a batuta da T4F e instalado no Autódromo, o festival permitiu algumas aberturas. Lorde, por exemplo, estreou no festival, assim como Ellie Goulding e Imagine Dragons, enquanto as atrações principais foram Muse e Arcade Fire. Já o de 2015, por sua vez, permitiu uma ousadia: o produtor e cantor Pharrell Williams trazia o megahit Happy para o Lollapalooza. Teve quem chiou, claro, mas isso não intimidou a organização. Em 2016, o festival teria seu primeiro rapper como headliner: Eminem, que dividia as atenções com Mumford and Sons, Tame Impala, Florence + The Machine e Snoop Dogg.

A porteira estava aberta, então a mistura seguiu em 2017. Metallica dividia público com The XX e Tove Lo; no outro dia, The Strokes e The Weeknd. É disso que o pop gosta!

Se 2018 não chegou a surpreender, o ano seguinte contou com Tribalistas como atração principal do primeiro dia, junto com o indie Arctic Monkeys e o pop Sam Smith. Foi a primeira vez que um artista brasileiro ocupou a primeira linha do festival. Aquela edição, a última que vivemos antes da pandemia, também teve Kendrick Lamar, Post Malone e Twenty One Pilots.

Assim chegamos a 2022, o ano em que teremos Miley Cyrus fechando o sábado, o dia mais badalado do festival.

Perrengues

Foto panorâmica do Lollapalooza 2018

As verdadeiras mudanças na estrutura do festival ocorreram após a mudança para o Autódromo de Interlagos

Divulgação/I Hate Flash

A estreia do Lollapalooza Brasil não rendeu lá tão boas lembranças. A primeira edição do festival foi realizada no Jockey Club, em São Paulo. A chuva da madrugada e a que caiu durante o festival não deixaram o local tão atraente: quem compareceu ao evento teve que desviar dos lugares tomados pela lama e esterco de cavalo. Foram formadas poças enormes de lama que bloquearam a passagem do palco principal para o palco secundário. Quem foi desavisado, sem tênis ou capas de chuva, passou um perrengue enorme. A segunda edição do festival foi realizada no mesmo local, porém, teve essas questões menos escancaradas ao público. A partir de 2014, a organização anunciou a mudança de local: o Autódromo de Interlagos.

Na primeira edição no novo lugar, contudo, a superlotação somada à falta de estrutura impediram o público de se espalhar com conforto. Com mais de 150 mil pessoas no local, a distância entre os palcos foi a grande inimiga da edição. Para quem foi, era mais fácil escolher um palco para ficar e se contentar com as atrações dispostas ali. No segundo dia, porém, o problema foi razoavelmente contido. A distância entre os palcos da época não sofreram alterações, mas o percurso entre um e outro ficou muito mais rápido. Devido à quantidade de pessoas, as saídas pensadas pela organização também não facilitaram a volta para casa do público.

Na mesma edição, em 2014, um outro fator inusitado: embora ele tenha sido patrocinado por uma empresa de sistemas de pagamento, no início da tarde, a tecnologia parou de funcionar e foi difícil para o público encontrar um caixa com mais de uma máquina de cartão funcionando.

Em 2015, o fantasma da lama voltou a assombrar os fãs, porém, com um fator desagradável a mais. Com uma intensa chuva, o esgoto que corria ao ar livre na descida do Lolla Lounge, espaço VIP do festival, ultrapassou as estruturas do evento. Com isso, o odor ficou insuportável para qualquer um que passasse.

Em 2019, a chuva também atrapalhou a celebração, mas de um jeito mais abrupto. O festival precisou ser interrompido por mais de duas horas, diante de uma tempestade de raios, chuvas e ventos que impactava Interlagos. A organização também pediu para que o público se afastasse das estruturas metálicas, presentes praticamente no festival inteiro. Muita gente chegou a ir embora com medo da festa ser cancelada ou dos riscos serem maiores. Depois desse período inativo, as atividades retornaram com alguns atrasos e cancelamentos, mas o evento seguiu até o fim.

Serviços

Fachada do Chef Stage do Lollapalooza 2018

O Lolla Lounge reúne a gastronomia de diferentes lugares do mundo

Divulgação/I Hate Flash

Perrengues à parte, a edição de 2014 do Lollapalooza acabou sendo marcante para os fãs pela inauguração de um novo espaço para as refeições, o Chef Stage. O galpão deu oportunidade ao público experimentar uma variedade de refeições feita por chefs renomados de São Paulo. O espaço comportava stands com cardápios variados, inspirados na culinária de diferentes nacionalidades.

Depois da loucura da estreia em Interlagos, no ano seguinte, o evento se mostrou muito mais organizado, com menos filas e mais comodidade para o público. O Chef Stage também passou por uma reforma na estrutura e teve o espaço aumentado, tendo assim mais opções de alimentação.

Outro ponto que marcou a história do festival,em 2015, foi a criação de uma moeda própria para ser utilizada no evento, os famosos Lolla Mangos. Cada um, contudo, valia R $2,50. O valor acabou confundindo um pouco a cabeça do público, que até comparou a invenção com o dólar (na cotação da época, a moeda norte-americana valia R$ 2,65).

Antes daquela edição, a organização disponibilizou uma cota de mangos para serem vendidos pelo site oficial. Assim, as filas enormes poderiam ser evitadas no dia do evento. Porém, a moeda fictícia não ter o valor equiparado ao do real não deixou os fãs muito confortáveis, porque eles precisavam fazer a conversão e, na correria do festival, isso causava confusão. Se a intenção era ajudar, acabou atrapalhando. Em 2016, o valor dos Lolla Mangos foi reajustado para o mesmo preço do real, o que tornou a compra do público muito mais fácil.

A verdadeira revolução da moeda do Lolla, contudo, veio com a pulseira Cashless, que chegou em 2017. Na época, o serviço utilizado para identificar, rastrear e gerenciar os produtos consumidos no festival e os dados de identificação de cada indivíduo presente ao festival. Além da pulseira ser indispensável para consumir qualquer coisa no Autódromo, ela também virou o passe de entrada. Naquele ano, a inovação substituiu o ingresso físico e a utilização de qualquer tipo de dinheiro no evento —e a tecnologia segue implantada no Lolla até hoje.

Conforto do lounge

Para quem não se importa de pagar a mais para curtir um universo paralelo ao Lollapalooza, o Lolla Lounge de 2014 foi um destaque por ganhar mais atividades exclusivas. Quem comprou o passe mais caro teve redes de descanso e serviços de manicure e pedicure. Na hora da alimentação, o público tinha acesso a um buffet exclusivo preparado pelo chef Alex Atala. Patrocinada por uma marca a cada ano, o Lolla Lounge se consagrou como uma área VIP com open bar e food, after party, vista exclusiva para dois dos quatro palcos presentes no festival, e um telão enorme com transmissão do Multishow para acompanhar o festival. Em 2016, essa área contou com um estúdio de tatuagem e piscina de bolinhas, além de banheiros privados e guarda-volumes.

Até hoje, esse espaço é muito valorizado, mas, agora é majoritariamente reservado para atender famosos, influenciadores e convidados de marcas. A cada ano, a “regalia” do VIP só cresceu e é uma vantagem de serviços para quem consegue pagar valores exorbitantes.

Estrutura e palcos

Palco Perry no Lollapalooza 2018

O palco Perry passou por uma grande transformação com o passar das edições do Lollapalooza

Divulgação/I Hate Flash

O Lollapalooza 2014 marca o início do comando da Time For Fun (TF4) como idealizadora oficial do evento. Com esse feito, o festival aumentou de cacife —e tamanho. O evento cresceu de 120 mil metros quadrados, em 2013, para 600 mil metros quadrados. Com isso, contudo, a distância entre os palcos ficou ainda maior: era necessário percorrer até 2,5 km de uma estrutura a outra —sem contar as subidas e descidas dos morros. Essa disposição prejudicou o fluxo do público, que tinha que subir e descer as pistas do autódromo guiados pelas vias estreitas definidas pela organização.

No ano seguinte, a situação melhorou. A organização criou um “corta caminho” com grades e pneus. Isso até facilitou o fluxo de pessoas, mas os palcos permaneceram distantes uns dos outros. Além dos palcos principais, o espaço de música eletrônica parece não ter sido planejado com tanta atenção. A partir de 2018, houve uma nova melhora. O Lollapalooza dedicou uma estrutura exclusiva para os fãs de música eletrônica, um upgrade gigantesco quando comparado às primeiras edições do evento.

Sendo assim, com o passar dos anos, pareceu mais fácil o festival funcionar mais harmonicamente no Autódromo de Interlagos. Internamente, a estrutura dos caixas, bares e de comidas funciona bem —diferentemente dos banheiros, que dificilmente têm manutenção ou limpeza apropriada.

A questão da entrada e saída do festival também se desenvolveu melhor. As vias externas ao Autódromo, em 2019, estavam bem sinalizadas, o que e facilitou o acesso ao público que foi ao festival de transporte público e até de táxi e aplicativos de viagem.

Mas o escoamento da saída continua sendo um ponto problemático, por conta da quantidade de pessoas que vão ao festival. A esperança é que, após dois anos sem Lollapalooza, haja um aprimoramento na estrutura e na organização. Assim, a experiência do público pode melhorar ainda mais. A conferir.

Informar Erro
Falar com a equipe
QUEM FEZ
Nicolle Cabral

Nicolle Cabral

Antes de ser repórter da Tangerina, Nicolle Cabral passou por Rolling Stone, Revista Noize e Monkeybuzz. Nas horas vagas, banca a masterchef para os amigos, testa maquiagens e cantarola hits do TikTok.

Ver mais conteúdos de Nicolle Cabral

0 comentário

Tangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.

Acesse sua conta para comentar

Ainda não tem uma conta?