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Cena do filme Metal Lords

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Curtiu Metal Lords? Ouça 10 discos de metal que até a Gen Z vai gostar

De Metallica e Kiss a Sepultura e Ghost, uma seleção de álbuns essenciais para quem quer aprender mais sobre o estilo tão cultuado e, ao mesmo tempo, tão ridicularizado

Bernardo Araujo
Bernardo Araujo

Com Metal Lords, em cartaz na Netflix, aprendemos que o heavy metal pode, sim, ser um meio de interação social (até romântica) e uma paixão na qual basear uma vida. Tudo com muito humor, é claro, pois até os metaleiros, a essa altura, já entenderam que ninguém cultua Satã ou desembaraça o cabelo 24 horas por dia.

Mas o que diabos (opa!) é heavy metal mesmo? Como vive? De que morcegos se alimenta?

Segue uma lista de 10 discos para a geração Z entender o que torna o estilo tão cultuado e, ao mesmo tempo, tão ridicularizado.

Black Sabbath – Black Sabbath (1970)

Como começou essa história? Quem sacrificou quem? Lá no fim dos anos 1960, quatro rapazes da cidade operária de Birmingham —então ainda em escombros por causa da Segunda Guerra Mundial— começaram a fazer um som, animados com o rock de Jimi Hendrix, dos Beatles e de outros artistas da época.

Com um cantor maluco e carismático (Ozzy Osbourne), um guitarrista extraclasse (Tony Iommi) e um baixista/letrista fã de ciências ocultas (Geezer Butler), nasceram a banda e o disco que mudaram a história do rock.

Kiss – Destroyer (1976)

O quarteto fundado no Queens, em Nova York, em 1973, não inventou a presepada ligada ao rock. No entanto, certamente levou-a a um extremo que ainda não se sabia possível. A receita: maquiagem e figurino (ideias do linguarudo Gene Simmons, um nerd e professor conhecedor de teatro, teologia e outras sapiências), identidades escondidas (numa época pré-web em que isso era possível) e músicas que tratavam, basicamente, de autoestima e de pegação.

Destroyer veio no auge da Kissmania nos Estados Unidos. Na época, a banda vendia de bonecos a quadrinhos (numa tradi$ão que chegou aos caixões —sim, féretros— e a cordas para air guitar, ou seja, nada) e enfileirava sucessos como Detroit Rock City, God of Thunder e Shout It Out Loud.

Manowar – Battle Hymns (1982)

Ninguém aqui quer negar que o brioso metal tem um lado ridíc… um pouco exagerado. A cultuada banda de Auburn, Nova York (mas que gostaria tanto de ser inglesa que tem um disco chamado Hail to England, ou “Salve a Inglaterra”) é o exemplo perfeito.

Formada por um ex-integrante da banda punk/glam The Dictators (o guitarrista Ross “The Boss” Friedman) e um ex-membro da equipe técnica do Black Sabbath (o baixista e CEO Joey DeMaio), o quarteto fala de batalhas medievais, do amor ao metal antes de tudo, de motos e jaquetas de couro… tudo num rock básico e melódico, mais heavy metal na atitude do que no som.

Na música Dark Avenger, o Manowar conta com um frila do diretor de cinema Orson Welles (de Cidadão Kane) na narração (sim, Welles estaria precisando de uma grana).

Metallica – Master of Puppets (1986)

“Metal up your ass”, algo como “Metalize esse rabo”, em tradução (muito) livre, era o lema do Metallica no começo, quando a banda do espinhento cantor e guitarrista James Hetfield se formou, com o baterista dinamarquês Lars Ulrich, que tinha se mudado para os EUA para jogar tênis.

Heavy metal: James Hetfield canta em show do Metallica nos Estados Unidos, em dezembro de 2021

Metallica fez um tratado thrash

Divulgação/Jeff Yeager

Em seu terceiro disco, a banda chegava ao ápice do que se convencionou chamar thrash (não trash, nada a ver com lixo) metal, uma versão mais agressiva do gênero, de músicas rápidas e DNA punk.

Antes de extrapolar os ramos do rock com o disco Metallica, o “Black Album” de 1991, o Metallica lançava um tratado thrash, com as ferramentas (guitarras pesadas, habilidade técnica, músicas longas) e os temas (morte, loucura, drogas) caros ao metal.

King Diamond – Them (1988)

O heavy metal está por todo o mundo. No entanto, ao lado da Grã-Bretanha, a Escandinávia é a região da Europa que mais revelou artistas e subgêneros do som pesado. O cantor dinamarquês Kim Bendix Petersen, conhecido por King Diamond, hoje com 65 anos, é um dos responsáveis por um extremo teatral do gênero.

Depois de fundar o Mercyful Fate, no começo dos anos 1980, ele embarcou em uma carreira solo. Nela, os discos consistem em histórias de terror embaladas por canções de metal tradicional, nas quais ele grava dezenas de vozes diferentes, interpretando personagens. Em Them, King fala… deles.

Rage Against The Machine – Rage Against The Machine (1992)

O monge em chamas na capa deixa claro: pé na porta e motivação política são a espinha dorsal da banda formada em Los Angeles no começo da década de 1990. Mas o Rage é heavy metal? A dúvida cabe na maioria das bandas identificadas com o gênero. Porém, certamente o guitarrista e metaleiro Tom Morello —não por acaso produtor executivo de Metal Lords— não se importa com o rótulo.

Com as guitarras técnicas e criativas de Tom e o cantor Zack de La Rocha berrando seus slogans políticos, o Rage levou ao som pesado reivindicações, protestos e temática (musical ou não) antes impensáveis.

Venom – Black Metal (1982)

Um trio de ingleses de Newcastle com os diabólicos nomes de Cronos, Mantas e Abbadon. Como poderia dar errado? Embora fossem parte da New Wave of British Heavy Metal, os rapazes logo foram além do metal tradicional de seus companheiros de geração, com um nível de agressividade que influenciaria todo o thrash metal e ainda ajudaria na criação de subgêneros como o death e o black metal.

A barulheira levada a um extremo, e isso há 40 anos.

Sepultura – Roots (1996)

Quando começaram a banda, ainda adolescentes em Belo Horizonte, os irmãos Max e Igor (na época, com um G só) Cavalera certamente não imaginavam a proporção que tomaria o Sepultura. Principalmente quando começou a absorver influências brasileiras (Jorge Ben Jor, Titãs) e quando o visionário Igor levou sua bateria a fronteiras distantes das habitadas pelas bandas de metal mais tradicionais. Tudo isso sem jamais deixar o peso e a agressividade pé-na-cara que sempre marcaram a banda.

Em Roots, o Sepultura bebe na fonte da cultura indígena brasileira e tatua no corpo, com orgulho, o heavy metal do Terceiro Mundo.

Ghost – Ceremony and Devotion (2017)

Maquiagem, figurino e identidades ocultas (a ponto de muitas vezes os fãs não saberem quem são os músicos), assim como o Kiss; um sotaque nórdico e uma voz limpa como a de King Diamond; um flerte com a religião, como o Black Sabbath (a ponto de o cantor se autodenominar Papa) e canções palatáveis, de melodias fortes e refrãos assobiáveis. Está criado um dos fenômenos do heavy metal contemporâneo.

Idealizado pelo cantor e compositor sueco Tobias Forge (e um grupo de “diabretes sem nome”, oficialmente), o Ghost leva a presepada às últimas consequências. Assim, consegue chegar aos lugares mais altos de paradas ocupadas por artistas de rap e divas pop. Neste disco ao vivo, o grupo documenta parte de sua conquista da América.

Iron Maiden – Senjutsu (2021)

Aos 40 anos de carreira, qual seria o significado do disco mais recente dos tiozões ingleses? Em Senjutsu, além de se mostrar em ótima forma, o Iron Maiden é mais Iron Maiden do que nunca. Destaque ainda para o cantor Bruce Dickinson, de 63 anos, de volta depois de tratar um câncer na língua.

História, literatura, canções muito mais longas do que o mundo tiktoker recomenda, uma performance técnica impecável… O Iron Maiden é a resposta perfeita para todo metaleiro que já foi chamado de burro.

Mas o que significa “Senjutsu”? Googla lá.

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QUEM FEZ
Bernardo Araujo

Bernardo Araujo

Bernardo Araujo é jornalista e crítico de música há uns trinta anos, embora ninguém diga. Carioca e tricolor, milita no heavy metal desde antes do Rock in Rio de 1985, sendo um orgulhoso traidor do movimento ao escrever sobre samba, MPB e outros absurdos. Apresenta o Panorama, na Rádio Cidade (RJ), edita a revista Traços-RJ e faz jornalismo por aí, sempre tentando acertar as crases.

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