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Ano já teve grandes lançamentos de Rosalía, The Weeknd, Mitski, Gloria Groove e Ludmilla; veja a lista dos preferidos da Tangerina, que será atualizada ao longo dos meses
O fim do primeiro trimestre do ano se aproxima e já podemos cravar: 2022 tem sido um ano de grandes lançamentos musicais. Por isso, é possível soltar uma lista prévia de melhores discos do ano, que será atualizada ao longo dos próximos meses de 2022.
A equipe de música da Tangerina selecionou o que não pode passar despercebido pela sua plataformas de streaming. No mínimo, você sai atualizade para conversar com seus amigos sobre os discos do ano.
Ah, uma aviso: a lista de melhores discos de 2022 está organizada em ordem cronológica de lançamento, não de preferência. Essa fica para o fim do ano! Mas a foto acima, da Rosalía, indica nossa preferência por MOTOMAMI, né?
Assista ao clipe de Gasoline
O clipe foi idealizado por Matilda Finn, artista focado em estéticas surrealistas
No primeiro disco esperado do ano que efetivamente saiu, o cantor e compositor canadense The Weeknd aprimorou sua releitura do pop dançante da década de 1980, dando sequência a um estilo particular que iniciou em Starboy e seguiu em After Hours. A diferença, aqui, é que Dawn FM é um álbum muito mais coeso.
Formatado como uma rádio transmitida direto do purgatório (e apresentada por Jim Carrey), Dawn FM tem The Weeknd cantando como nunca, participações de Tyler, the Creator, Lil Wayne, Quincy Jones e Swedish House Mafia, além de citações e referências ao city pop japonês, R.E.M., Angelina Jolie, Prince e The Romantics. Se o Grammy não sabe valorizar o trabalho de The Weeknd, azar do Grammy.
(Luccas Oliveira)
Assista ao clipe de Foi Mal
O pop psicodélico embala o pedido de desculpas a um ex-namorado
O primeiro disco de estúdio apresenta Urias como uma artista dinâmica e plural. Divididas entre o canto e a rima, as faixas exploram gêneros e temáticas opostas de maneira provocativa. De rimas mais afiadas (Pode Mandar, Cadela) a um momento Tame Impala (Foi Mal), a artista potencializa a sonoridade explorada anteriormente no EP Urias, lançado em 2019.
FÚRIA também brilha pelas colaborações de Vírus, Hodari, Charm Mone, Monna Brutal e Ebony, e transita, com excelência, nos ritmos do pop, drill, trap e r&b.
(Nicolle Cabral)
Quem pediu dose dupla, ganhou um shot reforçado. Em Numanice #2, Ludmilla arranca aquele sorriso sapeca de quem acabou de ouvir um pagode de bagunçar o coração. Meu Homem é Seu Homem, 212, Cabelo Cacheado e Maldivas são alguns dos destaques do disco, que contabiliza dez faixas no total. Com certeza, o projeto não vai ficar de fora da playlist do churrasco de domingo.
Numanice #2 também chegou acompanhado de feitos inéditos na indústria. Foi a primeira vez que um projeto de pagode teve todas as faixas no Top 200 do Spotify Brasil. Isso prova que o disco tem cacife para entrar na lista de clássicos de pagode. Agito, romance e muita leveza acompanham as composições, escritas pela própria Ludmilla. E o embalo não para por aí: a gata ainda promete um DVD com participações especiais e regravações de sucessos. Chega mais no pagode da Lud!
(Nicolle Cabral)
Rotulada pelo jornal britânico The Guardian como a melhor compositora jovem dos Estados Unidos, Mitski fez jus ao status em Laurel Hell. Melhor pode soar forte, mas a nipo-americana é, sem dúvida, um dos nomes mais inventivos do rock contemporâneo. O caminho da renovação do gênero deve passar por sua noção de abordar canções como se fossem viagens. Nelas, Mitski tem tesão em explorar novidades e conhecer novas culturas, mas não deixa de manter o pé firme no território seguro de uma melodia certeira e dos versos afiados.
Laurel Hell até te convida a dançar diversas vezes, em especial na melhor faixa do disco, Love Me More. São esses momentos que fazem deste o álbum mais pop de Mitski, dentro do que ela consegue ser pop. Até porque volta e meia, dotada de um vozeirão que chamou atenção até de Mariah Carey, Mitski não se priva de te puxar para baixo, como uma ressaca do dia seguinte. Isso fica claro em bad trips como Everyone e I Guess. Afinal, até uma viagem de férias pode ter suas turbulências.
(Luccas Oliveira)
O grupo britânico estava fazendo tudo certo. Estreou criando expectativas com o ótimo For the First Time, recebeu da crítica o rótulo de salvador do rock, e passou pela prova do segundo disco. Ants From Up There é ainda melhor do que a estreia. O problema é que tão logo o álbum saiu, o vocalista Isaac Wood, fundamental por uma voz excêntrica que remete ao estilo de David Byrne, anunciou que estava saindo da banda para cuidar da saúde mental. O grupo segue sem ele, agora um sexteto, mas o futuro é um mistério.
O fato é que a obra está aí. Ants From Up There é o resultado perfeito do que um disco de rock experimental deveria ser para chamar atenção dos zennials. A alternância de protagonismo entre cada faixa envolve o ouvinte. Chaos Space Marine, por exemplo, cria uma espécie de competição entre o piano, as cordas e os metais para ver quem chama mais a atenção. Por cima, está a voz de Wood e coros que remetem tanto ao rock de arena do The Killers quanto ao barroco do My Chemical Romance. Ainda assim, se fosse rotular, daria para dizer que é uma música de jazz.
(Luccas Oliveira)
O quarteto do Brooklyn é um dos mais prolíficos da música americana atual. Nos últimos cinco anos, seus integrantes lançaram sete discos. Se em 2019 a banda liderada pela habilidosa vocalista Adrianne Lenker soltou dois álbuns, agora ela facilitou o processo com um álbum duplo. Dragon New Warm Mountain I Believe You não tem apenas um título enorme. São 20 faixas divididas em 1h20, mas pode ir na fé.
Harpa? Tem. Acordeon? Também. Guitarras para todos os gostos? Opa. O que não tem é falha. E tudo está em seu devido lugar. O Big Thief é a banda certa para você deixar de bocejar quando ler que o indie folk existe. As melodias e arranjos contemplativos contrastam com a lírica peculiar de Lenker, que opta por se mostrar curiosa com o mundo ao seu redor, quase como se Neil Young nascesse uma mulher em 1991.
(Luccas Oliveira)
Gloria Groove entregou em Lady Leste tudo o que prometia nos meses que antecederam o lançamento do álbum, quando adiantou os singles que viraram hits Bonekinha, Leilão e A Queda. É um grande baile, com o puro suco do pop brasileiro, condensado em 40 minutos. A festa da Lady Leste passa por funk, rap (em diferentes vertentes), reggaeton, brega, pagode e termina no pop-rock. Nesse meio, GG divide o microfone com amigos e ídolos, como Sorriso Maroto, Marina Sena, Priscilla Alcantara, MC Hariel e Tasha & Tracie. E Gloria canta muito, uma voz acima da média que funciona nos diferentes gêneros que ela explora.
Alçada em 2021 a popstar de alcance nacional, ainda mais após vencer o Show dos Famosos, da TV Globo, a drag queen soube aproveitar as benesses do status. O disco é grandioso, muito bem produzido, reunindo alguns dos principais produtores e compositores da música pop atual, como Pablo Bispo e Ruxell. Ainda assim, o álbum finca o pé no que importa: Gloria Groove é Lady Leste, da Zona Leste de São Paulo, uma artista que sonha alto, mas que homenageia MC Daleste (1992-2013) em Vermelho pela importância que teve na cultura local, e que agora ela faz questão de levar para o Brasil inteiro. No mínimo.
(Luccas Oliveira)
Se você curte MPB, saiba: ela pode seguir moderna em 2022. O primeiro disco do Bala Desejo, supergrupo formado por quatro amigos compositores cariocas, é um grande exemplo disso. Por isso, SIM SIM SIM entra na nossa lista de melhores discos de 2022. Tudo é muito bem pensado, executado e gravado neste álbum, que foi lançado em duas partes, Lado A e Lado B, num intervalo de cerca de um mês.
As mentes por trás do Bala Desejo são Dora Morelenbaum (sim, filha de Jaques, um dos grandes arranjadores da nossa música), Julia Mestre, Lucas Nunes (produtor do último disco de Caetano Veloso) e Zé Ibarra. Quatro jovens de 20 e poucos anos que cresceram diretamente influenciados pela nata da MPB, mas com a cabeça de jovens que são. Quase como os Doce Bárbaros zennials e cariocas. Junte isso à coprodução inventiva de Ana Frango Elétrico e à colaboração de Thomas Harres e Alberto Continentinto, talvez o melhor baterista e baixista de sua geração, respectivamente.
Destaque para o reggae Clama Floresta, a doce Passarinha e o hit instantâneo Baile de Máscaras (Recarnaval).
(Luccas OLiveira)
Sim, 17 anos é uma eternidade quando falamos de mudanças na música. Esse é o tempo que o Tears for Fears ficou sem lançar um álbum de inéditas. Mas, para a sorte da dupla, o synth-pop que a consagrou na década de 1980 segue em alta nas paradas. Só ver o que The Weeknd tem (muito bem) feito. Além disso, hits do TFF, como Mad World e Everybody Wants To Rule the World, têm um tanto da atemporalidade que cerca verdadeiras pérolas pop.
Acima de tudo, Roland Orzabal e Curt Smith não permitiram que suas cabeças envelhecessem. Tanto no trato musical impecável e múltiplo (tem muito teclado e sintetizador, claro, mas também baladas centradas no violão) que exploram nas canções quanto nos temas abordados. Feminismo, críticas à ascensão da extrema direita, Black Lives Matter, tudo isso e um pouco mais é defendido em The Tipping Point. A sensação é a de ouvir um disco da década de 1980 que amamos, mas que fala do hoje.
(Luccas Oliveira)
Assista ao clipe de SAOKO
Música foi uma dos primeiros singles do disco Motomami
Tem que dar a César o que é de César —nesse mundinho, não há ninguém como Rosalía. A artista, que tem um alcance muito maior do que na época do lançamento do seu último álbum, parece pouco afetada pela fama excessiva. Aliás, Rosalía segue profundamente autêntica, como se ainda fizesse música sem pressão alguma de hitar.
(Dora Guerra)
Luccas Oliveira
Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.
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